Diminuir o uso de plástico descartável pode trazer R$ 6 bilhões ao Brasil

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talher de plástico
Foto: Pixabay

A poluição plástica se configura como uma crise de dimensões globais, demandando intervenções imediatas e colaborativas. Em vista desse fenômeno, um Tratado Global Contra a Poluição Plástica está em negociação, com a próxima rodada de discussões marcada para acontecer entre 25 de novembro e 1 de dezembro na Coreia do Sul. Um estudo intitulado Oportunidades na Transição para um Brasil Sem Plásticos Descartáveis, encomendado pelas organizações Oceana e WWF-Brasil, destaca que a eliminação progressiva de produtos plásticos descartáveis pode resultar em uma queda significativa na poluição ambiental, ao mesmo tempo em que traz benefícios para a economia nacional.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a poluição plástica é atualmente a segunda maior ameaça ao meio ambiente. Estudos realizados por cientistas revelaram a presença de microplásticos em diversos órgãos vitais humanos. O Brasil se destaca como o maior produtor e poluidor de plástico da América Latina, com uma produção de cerca de 500 bilhões de itens plásticos descartáveis por ano, sendo 87% deles embalagens e 13% utensílios descartáveis como talheres e sacolas.

plástico economia
Foto: Aline Massuca

Apesar do alto volume de produção, os sistemas de manejo de resíduos são ainda ineficientes. Isso leva ao despejo de aproximadamente 1,3 milhão de toneladas de plástico nos oceanos anualmente, representando cerca de 8% do total global que atinge os mares. Portanto, é essencial que o Brasil avance na implementação de soluções concretas para enfrentar essa séria crise.

A pesquisa “Oportunidades na Transição para um Brasil Sem Plásticos Descartáveis” foi elaborada pela consultoria Systemiq e ilumina os efeitos socioeconômicos e ambientais que a transição deste tipo de plástico para materiais alternativos ou modelos de reutilização pode provocar. A seguir, apresentamos os principais achados do estudo.

Benefícios Ambientais

  • Entre 2025 e 2040, apenas com a redução dos resíduos de plásticos descartáveis, estimativa aponta uma diminuição de 8,2 milhões de toneladas, assumindo que toda essa quantidade não seria reciclada e teria alta probabilidade de vazar para o meio ambiente.
  • Quando se considera a troca de demanda e a substituição dos plásticos descartáveis por alternativas como papel, vidro, alumínio e materiais compostáveis, que também geram resíduos ao serem descartados, a projeção é de uma redução líquida de 3,2 milhões de toneladas na geração de resíduos durante o período de 2025 a 2040. Tal diminuição poderá também reduzir os gastos públicos com o gerenciamento de resíduos e evitar a emissão de 18 milhões de toneladas de CO₂ eq., equivalente a retirar 3,9 milhões de veículos das ruas por um ano.

Impacto Socioeconômico

  • A exclusão dos plásticos descartáveis representa apenas 6,8% da produção nacional de plásticos加工, envolvendo entre 15.000 e 24.000 pessoas empregadas nesse setor. Projeções indicam que haverá uma redução líquida de 13.000 empregos diretos até 2040. No entanto, considerando também os empregos indiretos, o impacto final na economia seria de cerca de 1.000 postos de trabalho. Isso sugere que a indústria de materiais alternativos e os setores associados têm potencial para absorver uma parte considerável da força de trabalho.

Potencial Econômico

  • A crescente demanda por materiais alternativos e produtos substitutivos pode aumentar o valor econômico deste mercado em até 53%, com o valor potencial dos produtos substitutos estimado em R$ 17,3 bilhões, o que representa um incremento líquido de R$ 6 bilhões.
  • Conforme o modelo econômico, a realocação da demanda de produtos plásticos para alternativas pode adicionar R$ 403,3 milhões ao Produto Interno Bruto (PIB).

“Com indústrias alternativas já estabelecidas e outras em franca expansão, como a de produtos compostáveis e serviços de reuso, o Brasil se encontra em uma posição favorável para realizar a transição para uma economia livre de plásticos descartáveis. O volume da produção destes materiais é insignificante frente aos impactos ambientais, sociais e econômicos que essa situação provoca. Dessa forma, esta transição é não apenas viável, mas urgente. Para isso, é necessário aprovar políticas públicas, como o Projeto de Lei 2524/2022, que abre novas oportunidades econômicas, com potencial para fortalecer modelos inovadores de negócios, explorar a bioeconomia e descarbonizar o setor”, comenta Lara Iwanicki, gerente sênior de advocacy da Oceana.

sacola compostável
Foto: John Cameron | Unsplash

Atualmente, o Projeto de Lei 2524/2022 está em tramitação na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal desde outubro de 2023. Essa proposta inclui medidas para eliminar gradativamente o uso de plásticos descartáveis, focando na transição para alternativas que sejam recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis. O objetivo é reformular os padrões de produção e consumo no Brasil através da adoção de uma Economia Circular do Plástico, evitando assim o descarte inadequado deste material na natureza.

Uma pesquisa divulgada pelo WWF-Brasil em abril deste ano mostrou que oito em cada dez pessoas ao redor do mundo apoiam a proibição global de plásticos descartáveis. No Brasil, 85% dos entrevistados manifestaram apoio à implementação de regulamentações que exijam a redução na produção global de plástico.

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A cada ano, 325 milhões de quilos de resíduos plásticos chegam até os oceanos. Foto: Ricardo Gomes | Instituto Mar Urbano

As informações e as análises do estudo Oportunidades na Transição para um Brasil Sem Plásticos Descartáveis revelam um panorama otimista para que o governo brasileiro adote uma postura contundente na INC-5 – a quinta e última reunião para finalização do Tratado Global Contra a Poluição Plástica.

“Os dados do estudo reforçam a necessidade urgente de políticas públicas que incentivem alternativas aos plásticos descartáveis, enquanto sublinham a importância de suporte financeiro a setores emergentes. O Brasil, na INC-5, tem a chance de liderar o debate com ações concretas e padrões específicos, guiando outras nações em direção a uma Economia Circular”, observa Michel Santos, gerente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.

Políticas Públicas e Incentivos Econômicos

Para assegurar o êxito na transição para um Brasil sem plásticos descartáveis e explorar o potencial do mercado de produtos sustentáveis, o estudo enfatiza a importância de suporte governamental e incentivos econômicos em favor de materiais substitutivos. Com um suporte estratégico, pequenas e médias empresas terão condições de competir de maneira justa e expandir sua presença e competitividade no mercado, sustentando assim a viabilidade econômica de soluções sustentáveis e promovendo um futuro com menor impacto ambiental.

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Foto: Pete Linforth | Pixabay

“Por meio da implementação de uma estrutura sólida que favoreça materiais recicláveis, compostáveis ou reutilizáveis, o Brasil pode diminuir o desperdício, bem como reduzir as emissões de CO₂ resultantes desses resíduos. As evidências demonstram que essa transição não apenas é viável, como também possui um grande apelo econômico, com a capacidade de criar novas oportunidades de mercado e fortalecer o emprego na indústria de materiais sustentáveis”, conclui Matthias Becker, sócio da Systemiq.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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