Desmatamento no Cerrado em 2023 atinge 1,1 mi de hectares

desmatamento cerrado

O desmatamento no Cerrado aumentou 68% em 2023, atingindo mais de 1,1 milhão de hectares. Pela primeira vez, o desmatamento no bioma superou as perdas registradas na Amazônia. A área desmatada equivale a 61% de todo o desmatamento do Brasil no ano passado e é quase 2,4 vezes maior do que o desmatamento na floresta amazônica.

Os dados foram divulgados em 28 de maio de 2024 pelo Relatório Anual de Desmatamento (RAD), produzido por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) na Rede MapBiomas. Entre 2019 e 2023, foram desmatados 8,5 milhões de hectares de vegetação nativa no Brasil, sendo 52% na Amazônia e 39% no Cerrado. Apenas no ano passado, os dois biomas perderam juntos cerca de 1,5 milhões de hectares – 85% de todo o desmatamento registrado em 2023.

Apesar do aumento no Cerrado, o desmatamento total no Brasil teve uma queda de 12% em 2023. A agropecuária foi responsável por pelo menos 98% de toda a área desmatada no Cerrado, principalmente para a abertura de áreas de pastagens e lavouras. As formações savânicas do bioma foram as mais afetadas, representando 74% de todo o desmatamento. Além disso, cerca de 65% do desmatamento ocorreu em propriedades de grande porte, com mais de 100 hectares.

A região do Matopiba, composta pelo Tocantins e partes dos Estados do Maranhão, Piauí e Bahia, concentra 74% do desmatamento no Cerrado, com 826.805 hectares abertos. Cerca de 47% de toda a vegetação nativa suprimida no Brasil em 2023 está concentrada nessa região. Todos os 10 municípios que mais desmataram no Cerrado também estão localizados nessa região. São Desidério (BA) liderou o desmatamento em 2023, derrubando mais de 40 mil hectares de vegetação nativa.

O aumento do desmatamento no Cerrado é um desafio, já que a legislação do Código Florestal Brasileiro permite o desmatamento desenfreado em áreas particulares no bioma, protegendo apenas de 20% a 35% da vegetação nativa, em contraste com os 80% requeridos para a Amazônia. A falta de fiscalização do desmatamento e a falta de políticas e incentivos para conservação em áreas privadas também contribuem para o desmatamento no bioma.

É importante ressaltar que o desmatamento no Cerrado gera diversos conflitos sociais e ambientais, além de consequências negativas para o setor agropecuário, como o aumento da seca e da escassez de água. É necessário ter mais transparência e controle sobre a questão da legalidade e desenvolver políticas públicas e privadas que acabem com o desmatamento ilegal e desincentivem o desmatamento legal, visando um uso mais eficiente das áreas já desmatadas.

O relatório completo com todos os dados está disponível no site do MapBiomas Alerta, plataforma que disponibiliza os dados de forma pública e gratuita para que órgãos de fiscalização, agentes financeiros, empresas e sociedade civil possam agir para reduzir o desmatamento.

*Imagem: IPAM

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