Data do Acampamento Terra Livre 2024 é definida em Brasília

marco temporal

A 20ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do Brasil, já tem data marcada: entre os dias 22 e 26 de abril, na Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Brasília (DF). Neste ano, o tema escolhido é “Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui”, lembrando que a tese do Marco Temporal foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas os direitos dos povos indígenas continuam ameaçados pela aprovação da lei nº 14.701/2023, que legalizou a tese e diversos crimes contra os povos originários.

De acordo com Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), responsável pela organização do ATL, a expectativa é que a edição deste ano seja a mais participativa de toda a história, tanto em número de pessoas quanto de representatividade de povos. O evento é uma oportunidade para que as lideranças indígenas se unam, debatam os próximos caminhos e fortaleçam a luta pelos direitos dos povos originários.

Na edição de 2023, cerca de seis mil indígenas de aproximadamente 180 povos participaram do ATL. O lema da mobilização foi “O Futuro Indígena é hoje. Sem demarcação não há democracia!”, destacando a importância da demarcação de terras indígenas para a preservação da cultura e dos direitos dos povos indígenas.

Um dos principais temas de discussão do ATL é o enfrentamento ao Marco Temporal, que leva à intensificação das violências contra os povos indígenas. Segundo levantamento feito pelo Coletivo Proteja, no primeiro mês da aprovação da lei nº 14.701, seis lideranças indígenas foram assassinadas no país. Além disso, foram mapeados 13 conflitos em territórios indígenas localizados em sete estados. A paralisação das demarcações de terras indígenas também agrava esse cenário de violência.

Outro aspecto importante que será abordado no ATL é a saúde mental dos indígenas. Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard e do Cidacs/Fiocruz Bahia mostrou que a população indígena lidera os índices de suicídio e autolesões no Brasil, mas tem menos acesso a atendimento médico e suporte à saúde mental. A precariedade no atendimento e no suporte à saúde mental é uma preocupação das lideranças indígenas, principalmente daqueles que enfrentam invasões em seus territórios e lutam pelos seus direitos.

A programação do ATL ainda está sendo definida, mas a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já adiantou que haverá atividades prévias em todo o país de mobilização do “Abril Indígena” e “Abril Vermelho”, que contarão com a participação de outros movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A Apib lançará um calendário de mobilizações nacional e do ATL no início do próximo mês.

A identidade visual do ATL, que marca os 20 anos do acampamento, foi produzida com o apoio do artista indígena Denilson Baniwa, responsável pela idealização do logo da Apib. A coleção de pinturas cedida por Denilson foi utilizada na criação das peças visuais, sendo destaque a obra “Cobra do tempo”, que agora ganha os tons do vermelho urucum, do preto jenipapo e algodão cru.

O Acampamento Terra Livre é uma oportunidade importante para que os povos indígenas possam dialogar, debater e fortalecer suas lutas pela garantia de seus direitos e pela preservação de suas culturas. O evento reforça a importância da demarcação de terras indígenas, do enfrentamento ao Marco Temporal e da valorização da saúde mental dos indígenas. A expectativa é que o ATL 2024 seja um marco na história da mobilização indígena no Brasil.

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