Concreto Sustentável: Inovação da Universidade da Pensilvânia Capta Mais CO₂ do que Emite
Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia desenvolveu um concreto bioinfundido, produzido por impressão 3D, que promete revolucionar a construção civil com sua alta sustentabilidade. O concreto criado apresenta a habilidade de capturar mais dióxido de carbono (CO₂) do que libera, tornando-se uma solução inovadora diante da crescente preocupação com as mudanças climáticas. O concreto tradicionalmente contribui com cerca de 9% das emissões globais de gases de efeito estufa, o que torna essa invenção um avanço significativo.
Eficiência Estrutural e Sustentabilidade
Este novo concreto absorve até 142% mais CO₂ e utiliza 68% menos material, enquanto mantém 90% da resistência estrutural. Estas características tornam o material ideal para a impressão 3D de estruturas complexas, além de ser promissor tanto na construção urbana quanto na restauração marítima. A inovação está baseada na substituição parcial do cimento por terra diatomácea, um material poroso composto por fósseis de microalgas. Tal componente é rico em sílica, facilitando a retenção de CO₂ devido à sua vasta superfície interna.
O uso da terra diatomácea também aprimora a reologia do concreto, essencial para melhorar seu manuseio na impressão 3D. Isso permite a criação de formas geométricas complexas, inspiradas em padrões naturais, que conseguem ampliar em mais de 500% a área de superfície destinada à captura de carbono. Além disso, reduz a quantidade de material necessário em até 60%, diminuindo significativamente o uso de cimento, principal responsável pelas emissões na construção civil.
Aplicações Práticas e Futuras
Os testes com o concreto bioinfundido já estão em andamento com elementos estruturais em escala real, incluindo painéis de fachada, pavimentos e componentes de suporte, com resultados promissores. A possibilidade de impressão de estruturas arquitetônicas com grandes balanços sem o uso de formas amplia ainda mais o potencial sustentável do material.
No ambiente marinho, o concreto está sendo experimentado para a reconstrução de recifes de corais, bancos de ostras e plataformas submersas. Sua porosidade e compatibilidade ecológica tornam o material ideal para a fixação de organismos marinhos e a absorção de CO₂ da água, contribuindo para a restauração ecológica dos oceanos.
Paralelamente, a pesquisa avança na integração do concreto com ligantes alternativos ao cimento Portland, como ligantes à base de magnésio ou ativados por álcalis. Outra linha de investigação foca no uso de resíduos industriais como componentes reativos, potencializando o ciclo de sustentabilidade do material.
Mudança de Paradigma na Construção Civil
A criação deste concreto representa um significativo avanço ao transformar um material passivo em um ativo na luta contra as mudanças climáticas. Sua capacidade de captura de carbono, aliada à redução no consumo de materiais e energia, promete diminuir de forma expressiva a pegada ambiental da construção civil, considerado um dos setores mais poluentes do mundo.
A versatilidade do concreto bioinfundido permite sua aplicação em diferentes contextos — urbanos, rurais e costeiros. Combinado a estratégias de infraestrutura verde e design regenerativo, e se associado a fontes de energia renovável, pode se tornar um elemento chave na descarbonização do setor, sem comprometer a funcionalidade ou o design arquitetônico.