Cidades da Amazônia apresentam a pior qualidade do ar do país

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Amazônia registra o pior índice de qualidade do ar do Brasil

Fumaça em Manaus, 2023
Fumaça em Manaus em 2023. Foto: Raphael Alves | Fotos Públicas

O aumento significativo no número de queimadas na Amazônia resultou em níveis alarmantes de poluição do ar nas cidades localizadas no interior da floresta, conforme revelado no policy brief intitulado “Desafios e perspectivas do monitoramento da qualidade do ar na Amazônia Legal“. Este documento compila informações de 187 sensores de baixo custo distribuídos pelos estados que integram a Amazônia Legal, instalados pela Coalizão Respira Amazônia, com a participação do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). O relatório ainda apresenta diretrizes para o monitoramento da qualidade do ar na região e analisa os impactos da poluição na saúde da população local.

Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM e uma das responsáveis pelo estudo, enfatizou que “as regiões com a pior qualidade do ar no Brasil estão situadas exatamente no centro da Amazônia devido à frequência das queimadas. Este é um tema de extrema relevância para o Brasil. Frequentemente discutimos a poluição do ar nas grandes cidades, resultante da queima de combustíveis fósseis e das atividades industriais, mas a poluição nas áreas interiores da floresta não recebe a atenção devida”.

Desmatamento em Mato Grosso do Sul, 2020
Fogo em Mato Grosso do Sul, 2020. | Foto: Silas Ismael/ WWF-Brasil

Dados do relatório World Air Quality indicam que 13 das 38 cidades brasileiras com a pior qualidade do ar estão localizadas na Amazônia Legal, afetadas por queimadas e incêndios florestais, que cresceram 116% na região entre janeiro e agosto de 2024, devastando 11 milhões de hectares. A prática de utilizar fogo para a gestão de áreas desmatadas ou para o manejo do solo resulta na liberação de uma grande quantidade de poluentes nocivos, como material particulado e monóxido de carbono.

Consequências para a saúde e comunidades tradicionais

O documento também discute os efeitos negativos da degradação na qualidade do ar na vida de povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia. Embora estas populações residam em áreas preservadas, a poluição causada pelas queimadas impacta gravemente a saúde, o desenvolvimento infantil e a rotina dessas comunidades. O relatório ainda menciona os desafios enfrentados pela implementação de políticas públicas no Brasil, especialmente em regiões de difícil acesso.

Desmatamento na Amazônia, 2024
O Greenpeace Brasil realizou sobrevoo no sul do Amazonas e no norte de Rondônia para monitorar o desmatamento e queimadas em julho de 2024. | Foto: © Marizilda Cruppe / Greenpeace

Filipe Viegas, um pesquisador do IPAM que participou da instalação dos sensores, ressalta: “Não podemos esquecer das comunidades tradicionais. Embora o monitoramento das cidades seja relevante, um sensor instalado no Xingu registrou que a qualidade do ar estava 53 vezes acima do que é recomendado pela OMS [Organização Mundial de Saúde]. Aqueles que preservam a floresta deveriam ter acesso a um ar puro, mas estão respirando um ar mais poluído do que o encontrado na Avenida Paulista. Para abordar essa situação, temos antenas com energia solar instaladas em diversas comunidades tradicionais e extrativistas na Amazônia, pois essas populações são as que mais sofrem com o problema da qualidade do ar.”

A crescente preocupação com a poluição do ar na Amazônia merece atenção imediata e a adoção de medidas eficazes para proteger tanto o meio ambiente quanto a saúde das comunidades que vivem em equilíbrio com a floresta.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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