Cidades de 15 minutos: uma solução para a qualidade de vida nas metrópoles
As cidades ao redor do mundo estão enfrentando um grande desafio: como manter a qualidade de vida em meio à crescente concentração urbana? Uma proposta inovadora que vem ganhando espaço é a ideia das cidades de 15 minutos. Esse conceito de planejamento urbano busca criar comunidades onde as pessoas possam ter acesso a serviços essenciais a uma distância máxima de 15 minutos a pé ou de bicicleta.
O objetivo das cidades de 15 minutos é reduzir a dependência do transporte motorizado, como carros, e incentivar o uso de meios de transporte mais sustentáveis, como caminhar ou pedalar. Com isso, as emissões de carbono seriam reduzidas, a poluição atmosférica seria amenizada e a saúde da população seria beneficiada pela prática constante de atividades físicas e pelo ar mais limpo.
Esse conceito não é novo e tem sido discutido há algum tempo. No entanto, foi oficialmente apresentado em 2015 pelo urbanista franco-colombiano Carlos Moreno. Após cinco anos de pesquisa, Moreno revelou o conceito, denominado “ville du quart d’heure” em francês, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21) em Paris. A ideia ganhou força quando a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, adotou o conceito em 2019 e o utilizou durante sua campanha de reeleição em 2020, com Moreno como consultor científico.
O conceito de cidade de 15 minutos propõe o desenvolvimento de cidades com múltiplos centros, onde escolas, hospitais, escritórios, lojas, restaurantes e áreas de entretenimento estão localizados próximos uns dos outros. Isso reduz a necessidade de deslocamentos longos e cria comunidades mais autossuficientes. Além disso, a ideia é que haja uma infraestrutura adequada, como ciclovias e áreas para pedestres, para incentivar a mobilidade ativa.
Desde que Paris adotou o conceito, outras cidades ao redor do mundo também começaram a implementá-lo. Houston, Milão, Bruxelas, Valência, Chengdu, Melbourne, Buenos Aires, Xangai e Edmonton são algumas das cidades que estão adotando o modelo da cidade de 15 minutos. A rede C40 Cities, uma plataforma que reúne prefeitos de diversas cidades para promover ações contra as mudanças climáticas, também adotou o conceito como forma de recuperar as áreas metropolitanas após a pandemia do Covid-19.
No entanto, o conceito das cidades de 15 minutos também tem gerado algumas polêmicas. Alguns acreditam que ele poderia ser usado como base para limitar o deslocamento da população pela cidade, o que foi desmentido pelo próprio Carlos Moreno. Ele esclarece que a ideia não é restringir os deslocamentos, mas sim criar uma cidade mais policêntrica, com mais opções de serviços e infraestrutura adequada.
Outra crítica é de que o conceito das cidades de 15 minutos pode dificultar a vida daqueles que dependem do carro como meio de transporte. No entanto, é importante lembrar que o objetivo é incentivar a mobilidade sustentável, priorizando a caminhada e o uso da bicicleta, e não eliminar completamente o uso dos automóveis.
Carlos Moreno continua trabalhando no conceito das cidades de 15 minutos e está até mesmo repensando-o para incluir áreas menos povoadas, com o conceito de cidades de 30 minutos. Sua pesquisa e contribuição para o urbanismo renderam a ele o Prêmio Obel em 2021, que reconhece contribuições excepcionais para o desenvolvimento humano na arquitetura e urbanismo.
O conceito das cidades de 15 minutos oferece uma nova perspectiva para o planejamento urbano. Com a adoção desse modelo, é possível criar comunidades mais saudáveis, sustentáveis e com maior qualidade de vida. A redução da dependência dos veículos motorizados e o incentivo à mobilidade ativa têm o potencial de transformar as cidades em espaços mais acessíveis e amigáveis para todos. É um desafio inspirador que merece ser explorado e implementado em todo o mundo.
Imagens:
1. Pedestres e ciclistas na Dinamarca – Foto: Febiyan | Unsplash
2. Caminhada na cidade – Foto: Matthew LeJune | Unsplash
3. Ilustração do conceito de cidade de 15 minutos – Crédito: Micael
4. Casal de idosos fazendo caminhada – Foto: Daniel Bernard | Unsplash
Fonte: Guia Região dos Lagos
