A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP29, está em andamento em Baku, Azerbaijão, e está prevista para encerrar nesta sexta-feira, dia 22. As expectativas são de que um novo compromisso referente ao financiamento climático seja aprovado. Nessa quinta-feira, dia 21, foram divulgados alguns detalhes que devem fazer parte do acordo, mas ainda não foram esclarecidos os valores a serem discutidos. O climatologista Carlos Nobre, que integra a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e é pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), enfatiza que é fundamental que as nações ampliem o financiamento climático, passando de bilhões para trilhões de dólares e que se comprometam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa antes de 2050, conforme estabelece o Acordo de Paris.
Nobre alerta que as iniciativas voltadas para a adaptação dos países em relação às mudanças climáticas estão em um estado bastante atrasado. “O fundo verde para o clima deveria ter alcançado a marca de trilhões de dólares, e não apenas bilhões. É necessário aumentar as metas de redução das emissões e expandir significativamente esses fundos, tanto para a diminuição das emissões quanto para a adaptação das nações ao novo cenário”, destaca o especialista.
De acordo com ele, a próxima COP30, programada para ocorrer no ano que vem em Belém, Pará, será de suma importância nas trinta edições das conferências climáticas realizadas pela ONU até agora. “A próxima COP terá que estabelecer compromissos que antecipem a redução das emissões, possivelmente para atingir emissões líquidas zero até 2040. Também será indispensável convencer todas as nações, especialmente as mais ricas, a aumentar substancialmente o financiamento voltado para a adaptação aos eventos climáticos extremos”, aponta.
Risco elevado para a Amazônia
Nobre também destaca a importância de integrar as questões climáticas com a biodiversidade nos fóruns internacionais. “As mudanças climáticas ameaçam a biodiversidade, e a perda de biodiversidade, por sua vez, agrava ainda mais as mudanças climáticas. Os biomas, sob ameaça, diminuem sua capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. No caso específico da Amazônia, as alterações climáticas representam um sério risco para o seu futuro”, sublinha o professor. Ele alerta para o perigo de um ponto sem retorno para a Floresta Amazônica se a temperatura global aumentar além de 2,5°C em relação aos níveis pré-industriais.