Mulher denuncia tentativa de estupro durante consulta psicológica em Cabo Frio
Uma mulher de Cabo Frio, que prefere permanecer anônima, transformou uma busca por ajuda psicológica em um pesadelo. No último dia 11, durante sua segunda sessão de terapia na clínica Clinilagos, situada no bairro São Cristóvão, ela relata ter sido vítima de uma tentativa de estupro pelo terapeuta Roberto Felipe Leal de Souza.
A paciente, de 38 anos, iniciou o tratamento no dia 1º de outubro com o objetivo de lidar com traumas resultantes de um abuso sexual sofrido na infância. A escolha pela Clinilagos se deu principalmente pelo custo acessível das consultas, que são oferecidas a preços populares.
No primeiro encontro, que consistiu em anamnese, a mulher compartilhou algumas experiências de sua vida. O terapeuta recomendou a leitura de um livro e agendou a próxima consulta para dez dias depois. Durante esse intervalo, ela observou comportamentos estranhos do profissional, que começou a enviar mensagens frequentes por meio de um aplicativo, alegando tratar-se de uma lista de transmissão, mas com conteúdo que parecia pessoal. Além dessas mensagens, ele enviou banners com frases motivacionais como “No meio da dificuldade, encontra-se a oportunidade”, acompanhados de sua própria foto. A mulher, que nunca havia utilizado serviços psicológicos antes, inicialmente considerou tais atitudes normais e não tomou a iniciativa de interromper esse contato.
Na segunda sessão, a vítima relata que encontrou o terapeuta vestido com uma capa de super-herói, que justificou a escolha pela roupa ao afirmar que havia atendido uma criança antes. Durante a consulta, ela decidiu finalmente compartilhar sua experiência de abuso, momento em que o terapeuta começou a elogiá-la de forma excessiva. Ele fez perguntas sobre se ela tinha algum tipo de “relacionamento íntimo”, chamando-a de “linda” e “cheirosa”, entre outros exageros.
A situação se tornou ainda mais desconcertante ao final da sessão, quando Roberto insistiu que ela não poderia sair sem um abraço. A mulher revelou que o aperto foi excessivamente forte e, em um momento, percebeu que o coração do terapeuta começou a acelerar sem razão. Inicialmente, ela pensou que era parte de uma “terapia do abraço”, mas logo se deu conta de que a situação estava se desvirtuando.
De acordo com seu relato, o terapeuta então a pressionou contra a parede e a beijou de forma agressiva, tentando ir além. Além disso, ele teria apalpado partes do corpo dela, como seios e nádegas, e tentado colocar a mão sob suas roupas, enquanto proferia palavras obscenas e insistia para que ela não deixasse o local.
Somente no dia 17, após ser exposta a uma reportagem sobre um tema sensível, a mulher teve um gatilho emocional que resultou em uma intensa crise de ansiedade. Em resposta a isso, decidiu revelar tudo à sua família e procurar ajuda. Ela foi encaminhada ao Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM) e, na sequência, à Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Cabo Frio, onde registrou um boletim de ocorrência contra o terapeuta.
O portal de notícias RC24h tentou contatar Roberto Felipe Leal de Souza, que inicialmente negou as acusações e afirmou não saber do que se tratava. Após ser informado sobre o nome da vítima, afirmou que procuraria seus advogados e iria à delegacia para esclarecer a situação.
É importante destacar que a versão apresentada por Roberto contrasta com o relato de um familiar da vítima, que disse ter conversado com o terapeuta no dia anterior. Durante a ligação, ele supostamente mencionou que recebeu uma indicação de uma paciente e, posteriormente, fez referência ao nome da parente da mulher. Ela contou que avisou ao profissional que a vítima tinha família e que ele poderia enfrentar um processo no Conselho Regional de Psicologia. Em resposta, segundo o relato, o psicólogo apenas gaguejou e concordou.
Além disso, logo após o contato com o terapeuta, um homem identificado como Flávio Falcão, que se apresentou como amigo de Roberto, entrou em contato com a redação do portal para tentar impedir a divulgação da denúncia.
A Clínica Clinilagos, ao ser questionada sobre o incidente, informou que seus diretores, após tomarem conhecimento do ocorrido, ordenaram imediatamente o afastamento do psicólogo e a suspensão de sua agenda. Eles esclareceram que Roberto estava na clínica havia 45 dias, após ter sido indicado por um colega. Além disso, disseram que na sexta-feira, dia 18, a clínica foi intimada a prestar esclarecimentos na próxima terça-feira, dia 22, e está recolhendo imagens de segurança para colaborar com a investigação. A clínica fez questão de afirmar que está disposta a cooperar tanto com as autoridades quanto com a paciente.
Por fim, a denúncia foi repassada ao Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, que irá emitir um posicionamento oficial sobre o caso.
Fonte da Notícia: Guia Região dos Lagos