Mulher sobrevive a tentativa de feminicídio na frente da filha em Cabo Frio
Laís Monteiro Santos, de 23 anos, desabafou: “Eu não morri por sorte, por Deus”. Esse relato é parte da história dolorosa vivida pela jovem, que sofreu uma tentativa de feminicídio provocada pelo ex-companheiro na presença de sua filha de apenas 3 anos. O violento incidente ocorreu em 29 de outubro, no bairro Unamar, pertencente ao distrito de Tamoios, em Cabo Frio.
Após o ataque brutal, Laís ficou com o rosto desfigurado e teve o cabelo raspado. Ela também perdeu a visão do olho esquerdo, que se tornou inchado, com manchas de sangue e diversos ferimentos.
Em entrevista ao DIA, Laís expressou seu desejo de justiça, não apenas por sua dor, mas também pelo trauma que sua filha teve que enfrentar. “Estou extremamente revoltada. Nada pode justificar o que ele fez na frente de uma criança de 3 anos. Ameaçar uma criança é algo inadmissível. Ele é uma pessoa doente. Quero justiça pela minha filha e pelo que ele fez com ela”, desabafou Laís.
A jovem revelou que as agressões se iniciaram quando o agressor tentou acessar seu celular e ela se negou a permitir. “Naquele dia, tivemos uma discussão porque ele queria mexer no meu celular e insistiu que eu desbloqueasse. Recusei, afirmando que eu não mexia no dele, pois sempre combinamos para cada um ter sua privacidade. Após essa negativa, começaram os ataques. Ele começou a me atingir com socos e chutes na cabeça, me jogou no chão, me enforcando de uma forma que não consegui me defender, e me arrastou para o banheiro, onde raspou meu cabelo com uma máquina de cortar cabelo. Como meu cabelo era muito longo, ele concluiu o corte utilizando um facão”, contou Laís.
Segundo a mulher, toda a cena de violência ocorreu na presença da menina, que, por causa do medo extremo, chegou a se sujar. “Ela implorava para que ele parasse de me machucar. Ele não parava de ameaçá-la, afirmando que nos mataria. Nos trancou no banheiro por cinco minutos. Eu temia que realmente ele fosse nos matar. Minha filha, devido ao pavor, se urinou e defecou nas calças”, lembrou Laís.
Depois de conseguir se soltar, a vítima correu para a rua gritando por socorro, mas não foi ouvida por nenhum vizinho. O agressor a seguiu e a forçou a entrar em seu carro, onde sua filha também estava. “Ele me trouxe para minha casa e, a todo momento, durante o trajeto, repetia que nos mataria, dizendo que jogaria o carro da Ponte Rio-Niterói”, relatou.
O relacionamento entre Laís e o agressor era aberto há três meses. Era comum que ela viajasse com a filha de sua casa em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, até a moradia do agressor em Unamar.
Com muitas dores, Laís ainda revelou que perdeu a visão do olho esquerdo devido às agressões. “Estive internada em diversos hospitais nos últimos dias e, infelizmente, perdi a visão desse olho. Minha filha está completamente traumatizada e necessita urgentemente de ajuda psicológica. Além disso, ele ainda não devolveu os pertences dela”, desabafou.
O caso foi registrado na 126ª DP de Cabo Frio e posteriormente encaminhado à Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) da cidade. Laís passou por um exame de corpo de delito e conseguiu obter uma medida protetiva contra o agressor.
De acordo com Laís, desde o dia em que a deixou em casa, não se tem conhecimento do paradeiro do agressor. A Polícia Civil, quando procurada para comentar o caso, ainda não havia se manifestado até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para novas declarações.
O DIA também tentou contatar o agressor, mas, até o momento, não obteve resposta. O espaço segue aberto para eventuais manifestações por parte dele.
FONTE: O DIA
Esse incidente é mais um exemplo da necessidade urgente de discutir e agir contra a violência doméstica, especialmente quando envolve crianças. A proteção das vítimas e a responsabilização dos agressores são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa.