Bromélia da Amazônia pode ser alternativa sustentável ao plástico
Pesquisas realizadas com uma espécie de bromélia nativa da Amazônia e semelhante ao abacaxi, o curauá (Ananás erectifoliu), têm revelado um alto potencial de alternativa econômica sustentável para a substituição do plástico de origem petroquímica. O estudo, desenvolvido no Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em Manaus, já está em fase de implantação por meio de um projeto-piloto de extensão desenvolvido com produtores da agricultura familiar.
A pesquisa é fruto de um acordo de cooperação entre o CBA e outras instituições. O centro fornece mudas de curauá, capacita os produtores para o plantio e produção da fibra, e conecta com uma empresa para a produção do bioplástico. O objetivo é promover o desenvolvimento das cadeias produtivas e levar desenvolvimento, renda e benefícios sociais e ambientais para o interior do estado.
A bromélia curauá é uma planta que se adapta perfeitamente às condições da região da Amazônia. Ela prefere solos não encharcados, ácidos e pouco férteis, o que a torna uma excelente opção de manejo sustentável. Além disso, ela se desenvolve melhor em áreas de sombra e junto a outras espécies, o que pode ser aproveitado em sistemas agroflorestais.
Uma das grandes vantagens do curauá é a sua resistência e elasticidade. A fibra produzida por essa planta possui alta resistência mecânica, tornando-a uma opção sustentável e econômica para substituir o plástico, o polietileno de origem petroquímica e até mesmo outras fibras naturais, como a malva e a juta, importadas de Bangladesh.
O beneficiamento do curauá também é simples e pode ser feito pelo próprio produtor, por meio de um equipamento adaptado para o tamanho da fibra. Além disso, o plantio pode ser realizado em qualquer época do ano, facilitando a produção e garantindo um bom ritmo de colheita.
Ainda é difícil estimar os rendimentos aos produtores, pois o mercado de curauá ainda não foi estabelecido na região. No entanto, vários setores industriais já manifestaram interesse em adquirir a produção. A fibra de curauá pode ser comercializada por um valor similar ao da fibra de juta, que é importada de Bangladesh por um alto custo.
O desenvolvimento do cultivo de curauá na região amazônica pode trazer diversos benefícios sociais, econômicos e ambientais. Além de proporcionar uma alternativa sustentável ao plástico, a produção de curauá pode gerar renda e emprego para os produtores locais, contribuindo para o desenvolvimento da agricultura familiar. Além disso, o cultivo de curauá em áreas de sombra e junto a outras espécies ajuda a preservar a biodiversidade da região.
A pesquisa realizada no Centro de Bionegócios da Amazônia é mais um exemplo de como a natureza pode oferecer soluções sustentáveis para os problemas que enfrentamos atualmente. O uso de materiais como o curauá pode ajudar a reduzir a dependência de plásticos de origem petroquímica, contribuindo para a preservação do meio ambiente e para a construção de uma sociedade mais sustentável.