Brasil Mantém Proibição Sobre Pagamentos por Escaneamento de Íris
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) reafirmou, nesta quarta-feira (6), a proibição do projeto World, que visa escanear a íris dos brasileiros em troca de criptomoeda, após rejeitar um recurso da Tools for Humanity. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, sustenta que os riscos de privacidade associados ao serviço não foram mitigados.
Escaneamento de Íris em Troca de Criptomoeda
O projeto, cofundado pelo CEO da OpenAI, Sam Altman, foi introduzido no Brasil em novembro de 2024. Ele oferece recompensas em WLD, a criptomoeda do projeto, em troca do escaneamento dos olhos dos participantes. A iniciativa teve como objetivo principal distinguir interações humanas de interações baseadas em tecnologia de inteligência artificial, além de ampliar o acesso à economia digital global.
Decisão da ANPD e Consequências
Em fevereiro de 2025, a ANPD já havia determinado a suspensão dos pagamentos oferecidos pelo projeto, classificando-os como uma interferência inaceitável na liberdade de escolha dos cidadãos sobre seus dados pessoais. Apesar da restrição de pagamentos, a World tem permissão para continuar registrando novos usuários sem compensações financeiras. Contudo, a empresa voluntariamente interrompeu o cadastramento de íris de brasileiros, mesmo com a possibilidade de seguir sem as recompensas.
A ANPD reiterou que a decisão do governo, alinhada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, é baseada na falta de evidências de que os riscos identificados foram resolvidos. Assim, a proibição de pagamentos pelo escaneamento permanece em vigor.
Resposta da Tools for Humanity
A Tools for Humanity, responsável pelo projeto World, manifestou seu desacordo com a decisão da ANPD. A empresa revelou a intenção de buscar medidas legais adicionais e destacou seu compromisso em promover o acesso à tecnologia no Brasil, ainda que com operações limitadas.
Polêmicas e Investigações Internacionais
Lançada em julho do ano passado, a Worldcoin, como inicialmente foi chamada, tem enfrentado questionamentos e investigações em várias partes do mundo. Autoridades de países como Alemanha, França, Portugal, Espanha, Quênia e o próprio Brasil levantaram preocupações sobre o armazenamento e processamento de dados biométricos coletados pela empresa.
A principal crítica gira em torno da proteção de privacidade dos usuários e das medidas de segurança adotadas pela World. A startup nega qualquer irregularidade e afirma seguir os protocolos de segurança necessários.
Perspectivas Futuras
Enquanto a Tools for Humanity se prepara para contestar a decisão da ANPD, o debate sobre a balanceamento entre avanço tecnológico e proteção de dados pessoais continua em destaque. A continuidade do projeto World no Brasil, mesmo que de forma restrita, exemplifica o desafio global de regular novas tecnologias em prol da privacidade dos usuários.
Fonte da Notícia: Guia Região dos Lagos