A perda de floresta tropical primária diminuiu significativamente no Brasil e na Colômbia em 2023, de acordo com dados do Laboratório GLAD da Universidade de Maryland e disponíveis na plataforma Global Forest Watch do World Resources Institute (WRI). No entanto, em outros países as taxas de desmatamento permaneceram consistentes com os números observados nos anos recentes.
Essa redução na perda de floresta no Brasil e na Colômbia destaca a importância da vontade política e das mudanças nas políticas públicas na proteção das florestas. No entanto, as metas de 2030 estão distantes de serem alcançadas, já que os trópicos perderam 3,7 milhões de hectares de floresta primária em 2023, o que equivale a uma área ligeiramente menor que o Butão. Isso significa que o mundo perdeu o equivalente a 10 campos de futebol por minuto. A queda na perda florestal no Brasil e na Colômbia foi compensada pelo aumento na Bolívia, Laos, Nicarágua e outros países. O Canadá também experimentou aumentos extraordinários nas perdas florestais devido a incêndios em níveis recordes.
Segundo Mikaela Weisse, diretora do Global Forest Watch, “o mundo deu dois passos para frente e dois passos para trás quando se trata da perda de florestas do ano passado”. Ela ressalta que é possível alcançar progresso significativo na redução do desmatamento, como demonstrado pelo Brasil e pela Colômbia. Porém, é preciso aprender com esses países e redobrar os esforços para combater o desmatamento em outras regiões do mundo.
No Brasil, a redução mais significativa ocorreu na Amazônia, com 39% menos perda de floresta primária em 2023 em comparação com 2022, de acordo com dados oficiais do governo. Isso representa o nível mais baixo de desmatamento desde 2015. No entanto, os biomas do Cerrado e do Pantanal tiveram um aumento na perda florestal em 2023. O Cerrado registrou um aumento de 6% na perda de cobertura arbórea, enquanto o Pantanal teve um pico de perda florestal devido a incêndios causados por uma grande seca.
Na Colômbia, a perda de floresta primária foi reduzida em 49% em 2023 em comparação com o ano anterior, graças às ações do governo e ao compromisso das comunidades. Essa redução histórica é resultado de esforços para proteger as florestas do país, e espera-se que os dados encorajem medidas ainda mais efetivas.
No âmbito global, a perda de florestas nos trópicos diminuiu 9% em 2023 em comparação com o ano anterior. No entanto, a taxa de desmatamento permanece estável desde 2019, o que é preocupante, considerando que restam apenas seis anos para cumprir as metas de 2030 de deter a perda de florestas. As florestas são ecossistemas cruciais para combater as mudanças climáticas, apoiar meios de subsistência e proteger a biodiversidade.
Em outros países fora dos trópicos, como Bolívia, Indonésia, Laos e Nicarágua, foram registrados aumentos nas perdas de floresta primária nos últimos anos. A Bolívia teve a terceira maior perda de floresta primária entre os países tropicais, apesar de sua área florestal ser muito menor que a da República Democrática do Congo ou da Indonésia.
Por fim, o Canadá enfrentou uma temporada de incêndios sem precedentes em 2023, resultando em um aumento significativo na perda de cobertura florestal. As mudanças climáticas, com seca generalizada e aumento de temperaturas, foram os principais fatores para essa situação preocupante.
Em suma, enquanto o Brasil e a Colômbia apresentaram progresso na redução do desmatamento em 2023, outros países enfrentaram aumentos nas perdas florestais. É fundamental que os governos e as comunidades ao redor do mundo intensifiquem seus esforços na proteção das florestas, considerando a importância desses ecossistemas para o equilíbrio climático, a biodiversidade e o sustento das comunidades locais.