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Inovadora Moradia Compartilhada para Mães Solo em Tóquio
O termo “mãe solo” tem se tornado cada vez mais conhecido, assim como a expressão incorreta “mãe solteira”. Ambos os rótulos se referem a um contexto familiar específico: a família monoparental, que é quando uma mulher é a única responsável pela criação e educação de seus filhos. No Brasil, essa situação é preocupante, uma vez que, apenas em 2023, foram registradas mais de 172 mil certidões de nascimento sem a identificação do pai. Contudo, essa problemática não é exclusiva do Brasil e tem gerado discussões sobre habitação em várias partes do mundo, incluindo um projeto premiado na cidade de Tóquio, Japão.
O projeto New Domesticity, idealizado por Xidian Wang, surge como uma solução inovadora frente aos desafios socioeconômicos que as mães japonesas de baixa renda enfrentam ao criar seus filhos sozinhas. De acordo com o levantamento, 48% das mães solo no Japão vivem em condições de pobreza, com algumas, inclusive, dependendo de espaços em cibercafés para abrigar-se com seus filhos. O conceito do projeto propõe reinventar os arranjos de moradia compartilhada, utilizando áreas urbanas que estão subutilizadas para criar habitações comunitárias. Isso permitirá que essas mães compartilhem não só a moradia, mas também o gerenciamento de pequenos negócios, garantindo uma rede de apoio social e estabilidade econômica.
Xidian Wang, que atua como designer e pesquisador nas cidades de Cambridge e Londres, direciona seu trabalho para o design arquitetônico que retrate e beneficie minorias sociais. A proposta do novo modelo de moradia compartilhada é um exemplo claro disso. O projeto prevê a criação de ambientes que sejam co-geridos, onde as mães solo possam não apenas dividir as responsabilidades domésticas e o cuidado dos filhos, mas também compartilhar espaços para viver e trabalhar. Este tipo de configuração promove uma comunidade que diminui a pressão financeira e estimula a socialização.
“O valor do compartilhamento transcende os espaços e as instalações; está verdadeiramente na responsabilidade que é partilhada entre as pessoas”, afirma Wang. Este princípio fundamental é a essência da New Domesticity, que almeja empoderar as mães a tomarem as rédeas de suas vidas e a construírem comunidades fortalecidas e interligadas.
Revitalizando Espaços Urbanos e Enfrentando Normas Culturais
O projeto inclui a recuperação de locais subaproveitados em Tóquio, como imóveis abandonados, áreas não utilizadas entre prédios e partes de prédios públicos que não estão sendo utilizadas plenamente. O planejamento visa transformar esses lugares em centros comunitários dinâmicos e multifuncionais, onde podem coexistir espaços de convivência e pequenos ambientes de trabalho.
A proposta da New Domesticity desafia certos padrões culturais no Japão, especialmente a visão idealizada da família nuclear. Em uma sociedade onde mães solo frequentemente enfrentam estigmas, este empreendimento oferece uma nova perspectiva sobre a vida familiar, que é inclusiva e adaptável, reconhecendo diversas configurações familiares. Ao reimaginar o que significa ser uma família e como os ambientes urbanos podem ser moldados para acolher essas dinâmicas, o projeto propõe uma mudança social significativa.
A New Domesticity caracteriza-se como uma iniciativa colaborativa que envolve uma multiplicidade de participantes, incluindo as mães que ocuparão esses espaços, além de ONGs e as autoridades governamentais locais. Ao incluir os futuros residentes no processo de design e construção, o projeto não apenas cultiva um espírito comunitário, mas também assegura que os locais de convivência estejam alinhados com as reais necessidades de seus moradores.
Um Protótipo para Cidades Sustentáveis
Além de suprir as necessidades imediatas de moradia, a New Domesticity apresenta um modelo de desenvolvimento urbano sustentável que poderá ser replicado em diversas cidades que enfrentam problemas similares. O foco na convivência, na participação da comunidade e na utilização de materiais sustentáveis transforma este projeto em um exemplo de design socialmente responsável e inovador. Ele ilustra como os ambientes urbanos não só podem ser revitalizados, mas também podem atender eficazmente as necessidades das comunidades marginalizadas.
Recentemente, o projeto New Domesticity recebeu o prestigiado prêmio AZ Award 2024 na categoria Social Good, destacando-se como uma iniciativa transformadora e culturalmente relevante.
A Divergência entre Mãe Solo e Mãe Solteira
A expressão “mãe solo” surgiu com a intenção de substituir o rótulo de mãe solteira, visto que este último frequentemente relaciona a condição de maternidade ao estado civil da mulher. Muitas mulheres optam ou precisam assumir sozinhas a responsabilidade pela criação dos filhos, independente da presença do pai. O novo termo busca desconstruir o tabu que envolve a necessidade de estar casada ou ter um parceiro para exercer a maternidade.
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