Amazon faturou US$1 bi com algoritmos secretos de aumento de preços, diz FTC
A Amazon, gigante do comércio eletrônico, foi acusada de usar algoritmos secretos para aumentar os preços de produtos vendidos em sua plataforma. Segundo a Federal Trade Commission (Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos), a empresa lucrou cerca de US$1 bilhão com essa prática.
De acordo com a FTC, a Amazon utilizou um programa chamado “Nessie” para implementar os aumentos de preços. Essa ferramenta foi desenvolvida para analisar dados sobre a demanda dos consumidores e ajustar os preços automaticamente de acordo com a oferta e a procura.
A FTC alega que a Amazon utilizava o Nessie para aumentar os preços de forma discriminatória. A empresa teria utilizado informações de compras anteriores dos consumidores para estabelecer preços mais altos para determinados grupos de clientes, aproveitando-se da disposição deles em pagar mais.
Além disso, a Amazon também teria exigido que os vendedores vinculados ao programa “Prime” da empresa utilizassem seus serviços de logística e entrega. Isso teria prejudicado os vendedores que preferiam utilizar serviços mais baratos ou que também atendessem clientes de outras plataformas.
De acordo com a FTC, a Amazon começou a utilizar o Nessie em 2014 e, até 2018, usou-o para estabelecer preços que foram visualizados pelos consumidores mais de 400 milhões de vezes. Somente em abril de 2018, a Amazon utilizou o Nessie para estabelecer os preços de mais de 8 milhões de itens, que custaram quase US$194 milhões aos consumidores.
Em 2019, a Amazon interrompeu o uso do Nessie, mas segundo a FTC, a empresa ainda considera reiniciar o programa a qualquer momento, uma vez que não há obstáculos legais que a impeçam de fazê-lo.
A FTC também citou um executivo de varejo da Amazon, Doug Herrington, que teria feito uma pergunta em janeiro de 2022 sobre a possibilidade de utilizar o Nessie novamente para aumentar os lucros da empresa.
A prática de utilizar algoritmos para definir os preços não é exclusiva da Amazon. Outras empresas do setor também utilizam programas semelhantes para ajustar os preços de seus produtos de acordo com a demanda e a concorrência.
No entanto, a FTC está investigando a Amazon por supostas violações das leis antitruste, que buscam evitar o monopólio ou a prática de vantagens injustas no mercado. A comissão argumenta que a Amazon utilizou o Nessie para prejudicar concorrentes e aumentar seus próprios lucros.
A Amazon possui uma posição dominante no mercado de comércio eletrônico, o que levanta preocupações sobre seu poder de influenciar os preços e dificultar a concorrência. A empresa já enfrentou diversas investigações e processos por práticas anticompetitivas em diferentes países.
No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) também investiga a Amazon por suspeitas de práticas anticompetitivas. O órgão analisa se a empresa utiliza sua posição dominante para prejudicar os concorrentes e restringir a livre concorrência.
É importante ressaltar que a Amazon nega as acusações e afirma que o uso do Nessie era apenas para otimizar os preços e oferecer melhores condições aos consumidores. A empresa argumenta que as práticas questionadas pela FTC são comuns no mercado e não configuram violações antitruste.
Ainda não há previsão para o encerramento das investigações nos Estados Unidos e no Brasil. Caso seja comprovada a prática de vantagens injustas ou restrição à concorrência, a Amazon pode ser multada e ser obrigada a adotar medidas para corrigir suas práticas.
