Aliança dos povos originários exige ações concretas do Brasil contra a mineração ilegal

indígenas pedem fim do garimpo ilegal na ONU

Aliança indígena cobra ações efetivas do Brasil contra o garimpo

No dia 10 de julho, a Aliança em Defesa dos Territórios, composta pelos povos Kayapó, Yanomami e Munduruku, realizou um evento paralelo na sede da ONU em Genebra para denunciar os impactos do garimpo ilegal de ouro na Amazônia brasileira. O objetivo do evento foi promover um diálogo entre as lideranças indígenas, órgãos da ONU, o governo brasileiro e a sociedade civil. A mesa foi co-organizada pela Rede de Cooperação Amazônica (RCA) com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace, Instituto Iepé, Rainforest Foundation Norway e Instituto Raça e Igualdade.

As lideranças indígenas aproveitaram a oportunidade para cobrar ações efetivas do governo brasileiro no combate ao garimpo ilegal do ouro. Julio Ye’kwana, presidente da Associação Wanasseduume Ye’kwana, e Doto Takak Ire, presidente do Instituto Kabu, discursaram na plenária principal do Mecanismo de Peritos sobre os Direitos dos Povos Indígenas (EMRIP) da ONU. Eles ressaltaram o papel dos povos indígenas na proteção da natureza e na mitigação das mudanças climáticas.

O garimpo ilegal de ouro na Amazônia tem causado graves consequências para o meio ambiente e para as comunidades indígenas. O mercúrio, utilizado no processo de extração do ouro, contamina os rios e os peixes, afetando a saúde das pessoas que dependem desses recursos naturais. Crianças dos povos Munduruku e Yanomami já apresentam sintomas de contaminação por mercúrio.

Em 2023, o Brasil assinou a Convenção de Minamata sobre o Mercúrio da ONU, comprometendo-se a tomar medidas para reduzir o uso dessa substância e os impactos na biodiversidade e na saúde dos povos indígenas. No entanto, as lideranças indígenas afirmam que as ações tomadas até o momento não têm sido suficientes para combater o garimpo ilegal e proteger seus territórios.

Durante o evento, foram feitas recomendações ao governo brasileiro, incluindo a desintrusão completa e permanente dos territórios indígenas invadidos, o monitoramento e tratamento das pessoas contaminadas por mercúrio, a regulamentação da cadeia do ouro no Brasil com a criação de mecanismos de rastreabilidade da origem e o controle do uso do mercúrio. As lideranças também solicitaram a visita do Mecanismo de Peritos em Direitos Indígenas do Conselho de Direitos Humanos da ONU ao Brasil.

É importante ressaltar que o garimpo ilegal de ouro na Amazônia não apenas prejudica o meio ambiente e a saúde das comunidades indígenas, mas também está associado a outras atividades ilícitas, como tráfico de mercúrio, drogas e armas. Além disso, o avanço do garimpo sobre as Terras Indígenas ameaça os povos indígenas em isolamento voluntário na região.

A Aliança em Defesa dos Territórios continua sua luta pela proteção dos direitos dos povos indígenas e pela preservação da Amazônia. É fundamental que o governo brasileiro tome medidas efetivas contra o garimpo ilegal e promova um diálogo com a sociedade civil para solucionar esses problemas. A retirada dos garimpeiros das Terras Indígenas, o monitoramento das pessoas contaminadas, o combate ao comércio ilegal de mercúrio e ouro e a proteção dos direitos humanos dos povos indígenas são ações urgentes que devem ser tomadas. A preservação da vida e do meio ambiente é responsabilidade de todos.

Imagem: Aliança em Defesa dos Territórios

Fonte: Guia Região dos Lagos

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