A contaminação do rio Tietê aumenta 29%, aponta pesquisa

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Imagem do rio Tietê mostrando a poluição
Rio Tietê. Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

Aumento da Poluição no Rio Tietê

A situação de poluição do rio Tietê, considerado o maior rio do estado de São Paulo, continua a se agravar, conforme apontado no estudo “Observando o Tietê”, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica. O relatório faz parte do projeto chamado “Observando os Rios” e revela que a área do rio classificada como imprópria para múltiplos usos aumentou para 207 quilômetros, o que equivale a um aumento de 29% em relação ao ano passado, quando a área imprópria abrangeu 160 quilômetros.

Com uma extensão de 1.100 quilômetros, o rio Tietê se origina em Salesópolis e flui até sua foz, cruzando o estado de São Paulo de leste a oeste. Ao longo de seu percurso, o rio passa por diversas regiões urbanas e industriais e é crucial para a geração de energia hidrelétrica, além de atuar na agropecuária. O Tietê é dividido em seis unidades de gerenciamento de recursos hídricos (UGRHs), também conhecidas como bacias hidrográficas. A bacia do Tietê envolve 265 municípios e cobre mais de 9 milhões de hectares, sendo que 79% dessa área está inserida no bioma da Mata Atlântica.

Poluição no rio Tietê
Foto: SOS Mata Atlântica

O levantamento incluiu a participação de 44 grupos de voluntários em 28 municípios, abrangendo 22 pontos de coleta na capital paulista, além de contar com dados coletados pela equipe técnica da SOS Mata Atlântica e pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Com base em 16 indicadores de qualidade da água, a pesquisa monitorou 61 pontos de coleta em 39 rios da bacia do Tietê. Os resultados revelaram preocupações: 62% das amostras apresentaram qualidade regular; 11% foram consideradas boas, enquanto 26% foram classificadas como ruins ou péssimas.

A qualidade da água do rio Tietê foi monitorada em um total de 576 quilômetros, desde sua nascente em Salesópolis até Barra Bonita, localizada na hidrovia Tietê-Paraná. Trechos com água de qualidade boa foram identificados em 60 quilômetros entre a nascente e Mogi das Cruzes, além de outros 59 quilômetros na região do Reservatório de Barra Bonita, abrangendo a área entre São Manoel e a foz do rio Piracicaba. No entanto, 250 quilômetros foram classificados como de qualidade regular, enquanto a poluição tornou a água imprópria para múltiplos usos em 207 quilômetros (131 apresentaram qualidade ruim e 76 péssima), representando 35,9% do total monitorado, um aumento significativo em comparação aos 27,7% do ano anterior.

Os dados mostram que a poluição cresceu de forma alarmante, com uma elevação de 143,5% desde 2021, quando apenas 85 quilômetros eram considerados contaminados. Na região do Alto Tietê, os indicadores também indicam uma deterioração das condições ambientais, sem que houvesse trechos classificados como ótimos ao longo de toda a bacia.

Monitoração da poluição no rio Tietê
Foto: SOS Mata Atlântica

Ainda que tenha havido iniciativas voltadas para o saneamento, como o projeto Integra Tietê, a qualidade da água permanece comprometida por uma série de fatores, como poluição por esgoto, gestão inadequada de reservatórios, operação de barragens, resultados do clima e práticas relacionadas à agropecuária, além de efluentes tratados que ainda ultrapassam a capacidade de diluição dos rios.

Gustavo Veronesi, coordenador do projeto Observando os Rios, salienta a importância de planos integrados que considerem os impactos das alterações climáticas, a gestão ambiental nas cidades e o uso do solo nas áreas rurais ao longo de toda a extensão do rio. “A poluição de um rio acontece de forma rápida, mas a recuperação é um processo lento que exige atenção contínua, além de melhorias constantes nas estruturas de saneamento e um trabalho efetivo de educação ambiental para prevenir essa degradação”, destaca.

Soluções Baseadas na Natureza

Para reduzir os impactos da poluição, a SOS Mata Atlântica sugere a incorporação de Soluções Baseadas na Natureza ao projeto Integra Tietê, com a proposta de criar um parque linear que ligue a Represa de Guarapiranga, o Rio Pinheiros e o Parque Ecológico do Tietê. Essa iniciativa poderia proporcionar mais de 50 quilômetros de áreas verdes ao longo dos rios. É igualmente crucial o tombamento e a proteção integral das corredeiras do Vale do Tietê, que desempenham um papel fundamental na oxigenação e purificação da água, contribuindo para o renascimento da vida aquática e para a melhoria das condições ambientais na área do Médio Tietê.

“Parques lineares seguem o curso de rios, canais ou outras vias naturais, possibilitando áreas de lazer e promovendo o equilíbrio ambiental. A criação de um espaço assim ao longo do rio Tietê é uma medida urgente para São Paulo, visando minimizar os efeitos das chuvas intensas e das ondas de calor”, descreve Veronesi. “A vegetação ajuda na infiltração das águas pluviais, reduzindo o risco de enchentes, e cria um microclima mais ameno, proporcionando sombra e solos permeáveis”, completa.

Referência de Revitalização: O Sena

Atualmente palco das competições dos Jogos Olímpicos de Paris, o rio Sena chegou a ser considerado “morto” no século XX em decorrência da severa poluição industrial e urbana, o que comprometeu sua biodiversidade e afastou a população das suas margens. A partir da década de 1990, um projeto de longo prazo foi implementado, abrangendo rigorosas medidas de saneamento, controle da poluição industrial, incentivo a práticas agrícolas sustentáveis e a reintrodução de espécies aquáticas ao ecossistema.

Embora o objetivo de tornar o Sena totalmente balneável ainda não tenha sido plenamente alcançado, as Olimpíadas deste ano evidenciaram que, apesar dos significativos avanços, o impacto da poluição ainda levava à percepção de que o Sena não era seguro para atividades esportivas e de lazer.

Para Veronesi, a experiência do Sena demonstra que, mesmo com um projeto bem-sucedido, alcançar um padrão ideal demanda tempo e esforço contínuo. “Assim como ocorreu em Paris, onde um comprometimento sério e de longo prazo conseguiu reverter uma situação de extrema poluição, é viável revitalizar o Tietê. Contudo, é essencial reconhecer que essa jornada é longa e desafiadora. Precisamos de políticas públicas efetivas e da mobilização de toda a sociedade para que São Paulo e o Brasil tenham, de fato, rios limpos e vivos novamente”, conclui.

O estudo completo pode ser acessado aqui.

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Fonte: Guia Região dos Lagos

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