Diversificar as lavouras no Cerrado paulista pode beneficiar a fauna e reduzir a presença de javalis, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e apoiado pela FAPESP. A pesquisa analisou a presença de mamíferos nativos e exóticos em 55 paisagens agrícolas no estado de São Paulo, totalizando uma área de 34 mil quilômetros quadrados.
Os resultados mostraram que a diversificação da cobertura do solo reduziu em 27% a quantidade de espécies invasoras, como os javalis, que prejudicam as lavouras e espécies nativas. Além disso, a presença de áreas de vegetação nativa foi fundamental para a manutenção da fauna no Cerrado.
No entanto, o estudo também revelou que algumas espécies nativas de mamíferos, como a onça-pintada, o tatu-canastra e a queixada, foram extintas da região. A vegetação nativa mostrou-se mais influente na quantidade de espécies nativas do que a diversificação das lavouras.
Atualmente, a maior parte das propriedades agrícolas na região não cumpre o Código Florestal, que determina a conservação de 20% de vegetação nativa. Segundo os pesquisadores, essa porcentagem não é suficiente para a manutenção da fauna e dos serviços ecossistêmicos.
O estudo sugere que é necessário implementar políticas públicas que vão além do combate ao desmatamento, considerando também a simplificação da paisagem. A diversificação das lavouras, como a agricultura familiar e os sistemas agrossilvipastoris, pode contribuir para a sustentabilidade da fauna e reduzir a presença de espécies invasoras.
O Programa Refloresta SP, regulamentado em 2022 pela Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, promove a restauração de paisagens e ecossistemas por meio de práticas como sistemas agroflorestais, florestas multifuncionais e sistemas silvipastoris biodiversos. Essas abordagens combinam espécies nativas e não nativas, trazendo benefícios econômicos e ecológicos.
Os pesquisadores ressaltam a importância da criação e manutenção de áreas legalmente protegidas de Cerrado, que representam menos de 20% do território paulista. A conservação dessas áreas, juntamente com a diversificação das lavouras, é fundamental para a preservação da fauna e dos serviços ecossistêmicos.
No entanto, os pesquisadores destacam que a diversificação das lavouras não substitui o papel da vegetação nativa. Portanto, é necessário continuar lutando pelo cumprimento do Código Florestal e pela criação de áreas protegidas para garantir a conservação do Cerrado e sua fauna.
Fonte: CicloVivo