1% da População Rica já Excedeu Limite de Emissões de Carbono para 2025 em Apenas 10 Dias
Com o objetivo de manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5ºC e evitar uma série de eventos climáticos extremos que podem resultar em mortes e ameaçar a sobrevivência de diversas espécies, é imperativo restringir as emissões de gases de efeito estufa. Neste contexto, pesquisadores revelaram números alarmantes: a elite que representa apenas 1% da população mundial já consumiu sua cota de emissões de carbono para o ano de 2024 em apenas 10 dias.
Esses dados foram apresentados em um estudo da Oxfam, que também destaca a discrepância com relação às emissões das faixas mais pobres da população. O estudo indica que as pessoas pertencentes a esta classe necessitam de quase três anos (1.022 dias) para alcançar a mesma quantidade de emissões emitidas pelos super ricos em uma fração tão curta de tempo.
Dados Preocupantes
Consoante as estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), a quantia aceitável de emissão de carbono por pessoa, para assegurar que o aquecimento global não ultrapasse 1,5°C, é de 2,1 toneladas de CO2. Este é o total de gases de efeito estufa que pode ser liberado sem comprometer as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
Enquanto o 1% mais rico da população mundial emite 76 toneladas de carbono por ano por pessoa, a metade mais pobre apenas produz 0,7 toneladas.
A pesquisa denominada “A Desigualdade de Carbono Mata” realizada pela Oxfam elucidou como a parte mais rica da população, por meio de seus comportamentos de consumo e investimentos excessivos, agrava as crises globais de desigualdade, famine e mortalidade. Um exemplo notável: os 50 bilionários mais influentes do planeta emitem mais carbono em 1,5 horas do que um cidadão médio em toda a sua vida.
Um Sinal de Desigualdade
O dia em que a elite abastada de emissores alcançou sua cota de emissão para 2025, antes mesmo da quinzena inicial do ano, foi denominado “Dia dos Ricos Poluidores”. Esse evento evidenciou a maneira desigual com que a emergência climática está sendo intensificada.
“O futuro do nosso planeta está comprometido. Em meio à urgência da situação, a elite financeira continua a dissipar as oportunidades da humanidade através de estilos de vida luxuosos, investimentos prejudiciais ao meio ambiente e influência política negativa. Isso é um roubo descarado: uma pequena elite está tomando o futuro de bilhões de pessoas para satisfazer sua avareza insaciável”, declarou Nafkote Dabi, líder de Política de Mudanças Climáticas da Oxfam Internacional.
O 1% mais rico da população global emite mais do que o dobro do que a metade mais pobre, o que traz efeitos devastadores não apenas para as comunidades vulneráveis, mas também para as iniciativas globais de combate à crise climática. Para que o aumento da temperatura global permaneça em 1,5°C, a classe mais abastada precisaria reduzir suas emissões em nada menos que 97% até 2030.
As emissões do 1% mais rico, desde 1990, já geraram e continuam a gerar trilhões de dólares em prejuízos econômicos, perdas agrícolas significativas e milhões de fatalidades devido ao calor extremo. Nos últimos três décadas, os países com baixa e média-baixa renda enfrentaram danos econômicos que equivalem a três vezes o volume de financiamentos climáticos prometidos pelos países desenvolvidos.
Desigualdade e suas Consequências Injustas
Até 2050, as emissões provenientes do 1% mais rico podem resultar em perdas agrícolas que afetariam a alimentação de cerca de 10 milhões de indivíduos por ano nas regiões do Leste e Sul da Ásia. Ademais, 80% das fatalidades relacionadas ao calor extremo ocorrerão em nações de baixa e média-baixa renda, sendo 40% dessas mortes localizadas no Sul da Ásia.
“Os governos devem interromper a prática de atender aos interesses da elite. Os grandes poluidores precisam ser responsabilizados. É necessário implementar impostos, reduzir emissões e proibir excessos como jatos particulares e iates de luxo. Aqueles que não tomarem posicionamentos firmes estarão escolhendo se tornar cúmplices dessa emergência”, advertiu Dabi.
A pesquisa da Oxfam enfatiza que as emissões dos 1% mais ricos do planeta desde 1990 já causaram trilhões de dólares em prejuízos econômicos, extensivas perdas agrícolas e milhões de mortos em decorrência do calor extremo. Nos últimos 30 anos, os países de baixa e média renda sofreram perdas econômicas que são três vezes maiores do que os valores de financimentos climáticos oferecidos pelos países desenvolvidos.
A Oxfam sugere várias ações para abordar essa disparidade:
- Reduzir as emissões provenientes da elite: Implementar impostos sobre a renda e riqueza do 1% mais abastado, aplicar tributações punitivas sobre bens de luxo e regulamentar as corporações a fim de minimizar suas emissões.
- Responsabilizar os poluidores ricos: Aumentar o financiamento climático dirigido aos países do Sul Global que estão enfrentando os impactos mais severos. As promessas de US$ 300 bilhões anuais não têm se concretizado, levando a uma dívida climática dos países desenvolvidos que se aproxima de US$ 5 trilhões.