Exposição ‘Os Olhos do Xingu’ mostra belezas e riscos da região

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Exposição “Os Olhos do Xingu” é Inaugurada em Brasília

Mulher indígena interagindo com borboletas na Aldeia Kalapalo
Jepi Kaiulu Kalapalo brinca alegremente com borboletas em frente à sua casa na Aldeia Kalapalo, Terra Indígena do Xingu. Foto: Tauana Kalapalo | 2016

No dia 6 de dezembro, o Museu Nacional da República, localizado em Brasília (DF), receberá a acentuada exposição “Os Olhos do Xingu”, que ficará aberta ao público até 2 de fevereiro de 2025. A mostra apresenta uma seleção de 20 fotografias e 20 vídeos, material produzido por oito integrantes da Rede de Comunicadores Xingu+, que habitam Terras Indígenas na Bacia do Rio Xingu, nos estados do Pará e Mato Grosso.

A curadoria fica a cargo de Kujaesãge Kaiabi e dos comunicadores indígenas, resultado de uma colaboração entre a Rede Xingu+, a União Europeia e o Instituto Socioambiental (ISA), com o suporte da Fundação Rainforest, da Noruega.

Imagem aérea das terras ocupadas por plantações de soja
Imagem aérea mostra área que era do povo Khisetje, hoje ocupada por plantações de soja, a 1 km da Terra Indígena Wawi. Expansão agrícola e agrotóxicos ameaçam pesca, banho e práticas tradicionais desse povo. Foto: Renan Kisedje

A exposição propõe ao público uma imersão na visão dos comunicadores xinguanos sobre suas formas de vida e os desafios enfrentados pelos povos que habitam o Corredor de Áreas Protegidas do Xingu, especialmente diante da crise climática. Além das fotografias, o evento enriquece a experiência com a apresentação de 20 vídeos, nos quais indígenas e ribeirinhos compartilham narrativas pessoais que complementam as imagens exibidas.

Os vídeos retratam diversos aspectos do cotidiano, rituais, desafios e belezas que permeiam a região da Bacia do Xingu. Essa interação entre fotografia e audiovisual cria uma conexão íntima entre o espectador e a realidade dos comunicadores, promovendo uma reflexão profunda sobre a necessidade de respeitar os direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.

Comunicadores do Xingu em um evento
Em pé, da esquerda para a direita, parte dos comunicadores e suas fotos: Kubekàkre Kayapó, Po Yre Mekragnotire, Kamatxi Ikpeng, Kokoyamaratxi Renan Suya e Tauana Kalapalo. Sentados, da esquerda para a direita: Joelmir Silva e Silva, Nharapa Juruna e Yamony Muriki Yawalapiti Kuikuro. Foto: Paula Mercedes e Marcelo Lacerda, Bebinho Salgado | ISA

Esta exposição, que foi inaugurada em julho de 2024 no centro de Oslo, Noruega, marca a primeira vez que os comunicadores xinguanos apresentam seus trabalhos na capital brasileira. As imagens e vídeos foram cuidadosamente selecionados para direcionar o olhar da sociedade para além das percepções comuns, ressaltando a conexão essencial entre a vida digna e a proteção dos territórios indígenas. O material produzido pelos comunicadores também provoca uma reflexão sobre como diferentes abordagens na fotografia podem inspirar novas gerações a retratar a experiência indígena através de seus próprios conceitos e valores.

Cacica Dilma Kayapó durante marchas em Brasília
Ngrenhkàmôrô Kayapó, também conhecida como Dilma Kayapó, cacica da aldeia Aukre, fotografada durante a 3ª Marcha Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade Pelas Raízes Ancestrais, realizada em Brasília. Foto: Yamony Muriki Yawalapiti Kuikuro

A seleção inclui fotografias que registram mobilizações em Brasília, como a 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, que ocorreu em setembro de 2023, além de retratos captados durante reuniões e celebrações dentro das comunidades. Uma das obras de destaque é uma impressionante fotografia em preto e branco da comunicadora Tina Yawalapiti, que captura o centro cultural Umatalhi, um local vital para a preservação do modo de vida tradicional do Alto Xingu, onde são realizadas atividades como aulas de língua yawalapiti e de artesanato.

Centro cultural Umatalhi na aldeia Tuatuari
Construção de Umatalhi, centro cultural na aldeia Tuatuari, no Alto Xingu. Foto: Tina Yawalapiti | ISA

A Curadora da Exposição

Kujaesãge Kaiabi é uma proeminente figura da comunidade indígena que reside na aldeia Guarujá, no Território Indígena do Xingu. Sua rotina inclui acordar cedo, banhar-se no rio e preparar as refeições para sua família. Ela é fundamental na comunicação, auxiliando líderes e caciques kaiabi na compreensão dos retrocessos e ameaças governamentais em relação aos seus direitos. “Sou a voz do povo Kaiabi”, afirma. Para isso, ela produz materiais informativos, como vídeos e áudios.

Kujaesãge Kaiabi durante evento
Kujaesãge Kaiabi registra encontro de mulheres indígenas em agosto de 2017. Foto: Marilia Garcia Senlle | ISA

Seu interesse em comunicação surgiu com um convite para participar de um filme do Instituto Caititu, e desde então ela se inspirou em diversas produções audiovisuais. “No começo, não havia mulheres nesse universo”, conta. Para ela, as imagens têm um papel fundamental: “Quando tiramos uma foto ou fazemos um vídeo, é um registro que servirá como dicionário ou lembrança da família que partiu”. Desde 2018, atua na cobertura audiovisual de importantes eventos, como o Acampamento Terra Livre (ATL) em Brasília e, em 2022, foi curadora do 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena do Brasil. Atualmente, ela está trabalhando em um longa-metragem que narra a história de seu avô, Prepori Kaiabi, um dos mais respeitados pajés do Parque Indígena do Xingu.

Rede Xingu+

A Rede de Comunicadores Indígenas e Ribeirinhos do Xingu, formada por 53 membros, integra a Rede Xingu+, que articula organizações de povos indígenas, associações de comunidades tradicionais e entidades da sociedade civil atuantes na Bacia do Rio Xingu. Ao manusear equipamentos e tecnologias de comunicação, os comunicadores da Rede Xingu+ assumem a liderança na comunicação interna e na articulação política entre os diferentes povos da região, contribuindo para a prevenção e monitoramento de atividades ilegais nas Áreas Protegidas do Xingu.

O público pode acompanhar as iniciativas e o trabalho feito por esses comunicadores através do Instagram, onde compartilham suas experiências e desafios.

Cartaz da exposição 'Os Olhos do Xingu'
Cartaz da exposição ‘Olhos do Xingu’. Imagem: Divulgação

Informações sobre a Exposição

  • Abertura: 6 de dezembro de 2024, às 11h
  • Local: Museu Nacional da República – Setor Cultural Sul, Lote 2, Brasília (DF)
  • Visitação: de 6 de dezembro de 2024 até 2 de fevereiro de 2025
  • Entrada gratuita
  • Realização: Rede Xingu+, União Europeia, Instituto Socioambiental (ISA)
  • Apoio: Fundação Rainforest da Noruega
  • Produção: Incentivem Soluções Culturais
  • Parceria: Secretaria de Relações Internacionais e Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal

Com informações de jornalistas do Instituto Socioambiental (ISA)

Como Apoiar os Povos Indígenas do Brasil

Para contribuir com a causa dos direitos dos povos originários, você pode fazer sua doação ao Instituto Socioambiental (ISA), que atua em ações de mobilização, comunicação e atividade política em defesa dos direitos indígenas e das populações tradicionais. Os recursos arrecadados serão aplicados no Fundo de Defesa dos Direitos dos Povos e em iniciativas que visam angariar novos apoiadores.

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