App de tradução mantém línguas indígenas vivas

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App em Prol da Preservação das Línguas Indígenas no Brasil

Comunica Tupi - Aplicativo para Preservação das Línguas Indígenas
Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

Atualmente, o Brasil abriga cerca de 274 línguas indígenas, o que representa apenas 20% das aproximadamente 1.175 línguas que existiam no território em 1500. Segundo dados do Censo de 2010, o país não reconhece oficialmente nenhuma dessas línguas em nível nacional. Fatores como desmatamento, migrações forçadas, extração ilegal de recursos, assassinatos de líderes indígenas e outras questões complexas estão levando muitas dessas línguas a um processo de extinção acelerado. Isso inclui linhagens linguísticas importantes como a Tupi-Guarani, que abrange o próprio tupi-mondé.

Para auxiliar na aprendizagem e preservação de línguas e dialetos indígenas, a pesquisadora Ilma Rodrigues de Souza Fausto, do Laboratório de Engenharia Industrial da UFF (Universidade Federal Fluminense), criou o aplicativo “Comunica Tupi-tradutor”.

Línguas indígenas na Amazônia
Mais de 150 línguas são faladas no Brasil. Foto: Tomaz Silva | Agência Brasil

O aplicativo tem a função de traduzir conteúdo da língua portuguesa para o tupi mondé, facilitando a comunicação entre as comunidades indígenas e não indígenas em Rondônia. A doutora Ilma ressalta: “Vamos contextualizar nossas atividades para que o indígena se sinta acolhido, sem interferir na sua cultura”. O projeto abrange 32 das 52 etnias do estado, cada uma representando um dialeto único.

A ideia para o Comunica Tupi-tradutor surgiu após a constatação de que cerca de 200 alunos do curso de robótica educacional, voltado para indígenas, enfrentavam dificuldades com o edital de inscrição. A partir de um glossário digital, onde os indígenas poderiam inserir termos relacionados à computação, a ferramenta foi desenvolvida em parceria com a orientadora Fabiana Rodrigues Leta e a coorientadora Ruth Maria Mariani, doutora em Ciências e Biotecnologia pela UFF.

O aplicativo realiza a tradução simultânea do tupi mondé para o português, unindo linguística e tecnologia de forma a auxiliar estudantes e interessados em aprender e disseminar idiomas originários.

Constituição em língua indígena
A primeira Constituição Federal em língua indígena foi lançada em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Foto: Fellipe Sampaio | SCO | STF

Além disso, o app incorpora inteligência artificial e aprendizagem automática. Com a utilização de Machine Learning, a ferramenta já possui quase 13.000 termos na sua base de dados, ampliando a capacidade de tradução e entendimento de frases.

Integração da Realidade Indígena com a Tecnologia

Durante as aulas, foram implementadas várias atividades com recursos tecnológicos, com o objetivo de familiarizar os alunos indígenas com diferentes ferramentas e contextualizar suas realidades. A pesquisadora observa que, embora tecnologias tenham sido utilizadas, os indígenas frequentemente sentem a ausência de suas aldeias. “Usamos o Meta Quest, um dispositivo de realidade virtual, para levá-los ao espaço. Enquanto outros professores estavam fascinados, os alunos questionavam se o ambiente virtual não tinha aldeias”, relata.

Cineastas indígenas entrevistando
Kerexu Martim entrevista Vanuzia Pataxó e seu filho Txoeki Turymatã Pataxoop. Foto: Tauani Lima | ISA

Diante disso, os pesquisadores decidiram inserir imagens de aldeias no ambiente virtual. Eles comentaram que o desmatamento tem causado imensos estragos, e que uma vez cortadas, as árvores ascendem como se fossem almas. Assim, ao receber fotos de uma floresta quase derrubada, a equipe colocou no Meta Quest uma imagem da floresta em pé, demonstrando a queda dos árvores de forma simbólica, algo que emocionou tanto os pesquisadores quanto os indígenas.

“Ao proporcionar acesso à tecnologia, não se está apenas incluindo digitalmente, mas também culturalmente e socialmente. O objetivo do aplicativo é facilitar a educação, rompendo barreiras. A resposta dos alunos, acolhendo a língua e cultura deles, foi bastante positiva”, conclui a pesquisadora Ilma em uma entrevista à Radio Nacional.

Fonte: UFF e Radioagência Nacional

Fonte: Guia Região dos Lagos

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