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Queimadas na Amazônia e no Cerrado: um panorama atual
Nos últimos anos, apesar de uma redução nas taxas de desmatamento na Amazônia de 2023 a 2024, o número de queimadas nesta região tem crescido de forma alarmante. Em contrapartida, no Cerrado, um bioma que enfrenta uma legislação mais flexível, tanto o fogo quanto o desmatamento aumentaram significativamente. Especialistas já alertavam sobre a “migração” dos crimes ambientais, especialmente com o endurecimento das ações de fiscalização em certas áreas, mas o fato é que ambas as regiões enfrentam grandes desafios. Especialistas do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) discutem as peculiaridades de cada bioma e indicam possíveis caminhos para a mitigação dessas crises.
Desafios do Cerrado
O Cerrado, o bioma mais devastado do Brasil nas últimas quatro décadas, apresentou um aumento de 46% nas queimadas apenas nos primeiros oito meses de 2024. As informações da rede MapBiomas e do Monitor do Fogo, coordenado pelo IPAM, ajudam a contextualizar essa problemática, a qual é agrava da pela forte relação do fogo com práticas agrícolas inadequadas. A distinção entre fogo natural, que ocorre durante a estação chuvosa e é provocado por relâmpagos, e os incêndios causados por atividades humanas, é crucial. Enquanto os primeiros têm menor chance de provocar grandes destruições, os causados por ações humanas acontecem frequentemente na estação seca, com um potencial destrutivo considerável.
Para lidar com o aumento das queimadas, os pesquisadores sugerem a adoção de estratégias que visem proteger a vegetação nativa do Cerrado, que é responsável por quase 79% das áreas queimadas de janeiro a agosto de 2024, totalizando aproximadamente 3,2 milhões de hectares consumidos, um aumento notável de 85% em comparação ao ano anterior. A principal solução envolve a criação de unidades de conservação, além da necessidade da proteção de corredores ecológicos e o reconhecimento de territórios de povos tradicionais.
Além disso, o uso do fogo em áreas dedicadas à agropecuária, que representa 21% das queimadas, mostra a necessidade de revisão das práticas de manejo do solo. A implementação do Manejo Integrado do Fogo (MIF) pode ser um passo relevante para adaptar as técnicas de prevenção de incêndios. Alternativas sustentáveis para o preparo do solo são fundamentais, uma vez que, mesmo áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR) ainda permitem que até 80% de suas florestas nativas sejam desmatadas e queimadas de acordo com a legislação atual.
Amazônia em Perigo
No que diz respeito à Amazônia, os dados recentes revelam um aumento preocupante das queimadas em 2024, com um impacto considerável nas Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), que são terras públicas sem uma categoria de posse definida. Entre janeiro e agosto, essas áreas registraram a perda de 849.521 hectares devido ao fogo, o que representa um aumento de 175% em relação ao ano anterior. A crise climática que o Brasil enfrenta apenas agrava essa situação, criando condições que favorecem a propagação do incêndio.
Os especialistas do IPAM apontam quatro frentes essenciais para combater essa problemática. Em primeiro lugar, é necessário promover a prevenção das queimadas,que inclui o desenvolvimento de programas educativos e de conscientização em comunidades rurais, a fim de apresentar alternativas sustentáveis ao uso do fogo. Além disso, dados científicos sobre as queimadas anteriores são cruciais para prever áreas com maior risco, ajustando as ações às particularidades de cada região.
A fiscalização e a repressão a crimes relacionados ao uso indevido do fogo constituem a segunda frente. A aplicação rigorosa de penalidades para os infratores é fundamental para inibir o uso ilegal do fogo, especialmente em áreas florestais, onde o risco é ainda maior devido às condições climáticas adversas. O fortalecimento das operações contra práticas ilegais também deve ser intensificado, através da ampla divulgação de punições para desencorajar atividades que resultam em incêndios.
Por fim, a destinação das FPNDs a comunidades e povos indígenas deve ser uma prioridade. Os dados do MapBiomas mostram que, em terras indígenas, menos de 1% da vegetação nativa foi perdida entre 1985 e 2023. Esses territórios, que representam 13% do Brasil, são fundamentais para proteger a floresta. Portanto, permitir que essas comunidades administrem suas terras é uma solução urgente, já que elas são as melhores guardiãs da natureza.
Os desafios são imensos, mas passos concretos são necessários para proteger tanto a Amazônia quanto o Cerrado, assegurando que essas ricas biodiversidades sejam preservadas para as futuras gerações.
Saiba mais sobre os incêndios florestais na Amazônia e no Cerrado acessando recursos informativos apropriados.
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