Iniciativa combina produção de abelhas e energia solar em Roseira

Um inovador projeto que integra a criação de abelhas nativas a uma usina solar está em desenvolvimento em Roseira, cidade localizada no interior de São Paulo. O anúncio da iniciativa, chamada BeeVolt, foi feito pela EDP, uma empresa com atuação diversificada no setor elétrico, no último dia 3 de outubro, data em que se celebra o Dia Nacional da Abelha.

O BeeVolt é um projeto agrivoltaico destinado a promover a utilização mais eficaz e sustentável da terra, ao mesmo tempo que busca incrementar a biodiversidade local. A proteção das abelhas nativas, que enfrentam sérios desafios de sobrevivência, é um dos objetivos centrais. Essas abelhas são vitais, pois polinizam cerca de 80% das plantas, tendo um papel essencial na produção de frutos e sementes, além de manter o equilíbrio nos ecossistemas.

Dominic Schmal, diretor de ESG da EDP na América do Sul, declara: “Nosso objetivo é liderar uma transição energética que seja justa e, para isso, devemos ir além do investimento em energia renovável. É fundamental envolver comunidades e contribuir para a preservação da biodiversidade nas localidades onde os projetos são implementados.” Ele ressalta que a usina solar, cuja energia renovável já é aproveitada pela comunidade da Favela dos Sonhos, serve como um modelo prático dessa transformação energética equitativa ao promover a conservação de uma espécie nativa de abelha.

Retrata a importância das abelhas nativas

No projeto, a criação de abelhas será realizada através da instalação de um meliponário, que é um conjunto de caixas de madeira projetadas para abrigar diferentes espécies nativas. Atualmente, a iniciativa já conta com 20 enxames, mas existem planos para expandir essa quantidade para 100 nos próximos meses, contribuindo com a diversidade ecológica da região. Este trabalho é realizado em meio a uma parceria com a startup Bee2Be, que trabalha na integração da proteção das abelhas com as estratégias de sustentabilidade empresarial.

O fundador da Bee2Be, Vitor Costa, destaca a importância das abelhas para a restauração ambiental, especialmente em um período de mudanças climáticas e crises ambientais. “Esses polinizadores são fundamentais para a regeneração de plantas nativas e para a recuperação do equilíbrio dos ecossistemas.” Ele acrescenta que a instalação de meliponários nas usinas solares gera um impacto positivo nas comunidades circunvizinhas, estimulando a biodiversidade e proporcionando benefícios sociais; isso ocorre ao empoderar comunidades locais através de treinamento, criando oportunidades de geração de renda e promovendo maior conscientização ambiental.

No próximo ano, conforme a multiplicação dos enxames avança, ações adicionais estão programadas, incluindo a doação de meliponários e capacitação da comunidade local, com o objetivo de gerar renda através da venda de enxames e produtos como mel e própolis.

Outro ponto que merece destaque é a segurança do projeto, visto que as abelhas da espécie Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides) são desprovidas de ferrão. Essas abelhas, que têm cerca de um centímetro de comprimento, são identificáveis por sua coloração preta com listras amarelas e desempenham um papel significativo na polinização de várias espécies vegetais, como Pau-jacaré, Capixingui, Cereja-do-mato e Candeia da Serra. Além disso, elas oferecem um mel excepcionalmente aromático, um pouco agridoce e com notas frutais.

Impacto social da usina solar

A usina solar em Roseira, inaugurada em fevereiro deste ano, é reconhecida como a primeira usina solar social da EDP. Com um investimento que ultrapassa R$ 500 mil, esta usina possui uma capacidade instalada de 75 kW e atende aproximadamente 160 famílias da Favela dos Sonhos, localizada em Ferraz de Vasconcelos (SP). A iniciativa proporciona energia renovável e créditos na conta de luz até o ano de 2026, contribuindo para reduzir os custos com eletricidade nas residências. O projeto foi desenvolvido em colaboração com a Gerando Falcões.