Museu vivo” na Bolívia é construído com barro e madeira.

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Museu Vivo construído com taipa de pilão na Bolívia
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

Um princípio fundamental da bioconstrução é a percepção de que as paredes de uma edificação podem ser benéficas para a saúde de seus moradores. Utilizando elementos naturais como terra crua, água e palha, uma construção consegue regular de forma mais eficaz a temperatura interna, proporcionando alívio do calor e ajudando a manter a umidade. Diante desse conceito, surge um novo espaço cultural na Bolívia, erguido com taipa de pilão e batizado de “museu vivo”.

O “Museo Vivo Interactivo Yatiyawi” foi concebido para acolher exposições e workshops, expandindo as possibilidades de atuação da Fundação El Getsemaní, uma entidade dedicada ao atendimento de crianças e adolescentes em Tilata, um bairro periférico da cidade de El Alto, na metrópole de La Paz. Essa região, por sua vez, localiza-se a aproximadamente 3920 metros acima do nível do mar, em uma área característica por sua altitude elevada.

Visão interior do Museu Vivo Interactivo Yatiyawi
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

Embora diversas áreas rurais brasileiras tenham sido impactadas pela urbanização, o desenvolvimento da cidade de Tilata também está alterando sua paisagem. Edificações tradicionais de terra, que retratam a história rural recente da região, estão sendo substituídas por construções de concreto e alvenaria. Estigmas frequentemente associados às técnicas de construção como a taipa de pilão, que é comum em habitações consideradas de baixa renda, são superados pela proposta do novo museu, que demonstra que a bioconstrução pode coexistir com o desenvolvimento urbano, permitindo a criação de estruturas seguras e duráveis, que aliam métodos antigos a novos processos de construção.

Detalhe da construção em taipa no Museu Vivo
Foto: Santos Winston Miranda Ramos
Fachada do Museu Vivo construído com taipa de pilão
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

Explorando o interior do museu

Ao adentrar o museu, os visitantes podem observar os cômodos que sofreram reformas e adaptações internas, incluindo a aplicação de um novo reboco de terra sobre as paredes de adobe existentes. O percurso continua em um espaço menor, que é caracterizado por um revestimento leve de terra, utilizando material cinza extraído do vale de Achocalla, situado a cerca de 10 km do local da construção.

Ambiente interno do Museu Vivo
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

Além de reformas internas, um novo espaço foi ergido utilizando paredes inteiramente de taipa. Neste método, o barro é combinado com água e outros materiais, como palha, sendo então colocado em formas e compactado com o uso de um pilão, uma ferramenta similar a um martelo, secando lentamente até formar as paredes.

Paredes do Museu Vivo em taipa
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

A eficiência térmica da construção, juntamente com o uso de materiais de origem local e de baixo impacto ambiental, bem como a politização da mão de obra da região, conferiram ao projeto um caráter sustentável e culturalmente autêntico.

Telhado com treliças de madeira expostas no Museu Vivo
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

O telhado é composto por treliças de madeira expostas, permitindo que a luz natural entre pelo topo através de placas de policarbonato dispostas ao longo da cumeeira. Este espaço possui duas saídas que formam um eixo central, que atravessa o ambiente longitudinalmente. A saída voltada ao norte dá acesso a um pátio, onde foram mantidas duas Kiswaras (Buddleja coriácea J.Rémy), árvores nativas da região andina e reconhecidas por suas propriedades medicinais.

Exterior do Museu Vivo complementado por Kiswaras
Foto: Santos Winston Miranda Ramos
Museu Vivo com projetos de bioconstrução na Bolívia
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

Com uma área de 320 m², o projeto teve um custo estimado em R$ 160 mil. Para o escritório de arquitetura Samuel Hilari, responsável pela obra, o museu representa a maior construção contemporânea em taipa de pilão já realizada na Bolívia.

A coleção do Museu Vivo

Exposições no Museu Vivo Interactivo Yatiyawi
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

A coleção do museu é predominantemente caracterizada pelo legado da extinta Fundação Yatiyawi, que atuou na região de Tilata desde a década de 1990, dedicando-se à produção de material educacional para crianças e adultos. O termo “Yatiyawi”, que significa “ensino” no idioma aimará, reflete o compromisso da fundação com a educação local. Os diferentes espaços do museu apresentam particularidades únicas em relação a texturas e cores, sendo a utilização da terra um traço comum.

Espaço interno do Museu Vivo com ambientes educacionais
Foto: Santos Winston Miranda Ramos

Para mais informações sobre o projeto e suas iniciativas, confira o link aqui.

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