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A poluição do ar é uma questão crítica que provoca desde doenças respiratórias até problemas cardiovasculares, a ponto de comprometer a expectativa de vida da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição contínua a condições de ar poluído resulta em mais de sete milhões de mortes anuais. Em metrópoles como São Paulo, os índices de poluentes superam frequentemente os limites considerados seguros pela OMS. Um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) mostrou que, por mais de duas décadas, a municipalidade tem registrado níveis de material particulado (MP 2,5 e MP 10), ozônio e dióxido de nitrogênio acima do recomendado.
A situação se agrava no contexto de secas prolongadas, baixos índices de umidade e incêndios florestais, criando um cenário alarmante que levou São Paulo a ser recententemente considerada a cidade mais poluída do mundo, conforme divulgado por uma classificação da empresa suíça IQAir. Vale ressaltar, no entanto, que esse ranking é controverso, uma vez que se baseia apenas em grandes cidades, desconsiderando diversos outros municípios. Mesmo assim, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) divulgou que, em uma avaliação realizada na última segunda-feira (9), todas as estações de monitoramento da qualidade do ar na capital paulista foram avaliadas como “ruim” ou “muito ruim”.
Embora outras regiões possam estar enfrentando situações ainda piores em termos de poluição, a escassez de dados oficiais dificulta uma análise mais abrangente. O IEMA reportou que apenas 13 dos 26 estados brasileiros possuem estações automáticas destinadas ao monitoramento da qualidade do ar. Um estudo recente apontou que o Brasil necessita urgentemente de pelo menos mais 46 estações para turbilhão de informações confiáveis.
A condição do céu coberto, os raios solares alaranjados e a dificuldade respiratória são sinais visíveis da poluição. Embora muitos dos efeitos adversos da poluição sejam geralmente ligados a problemas do sistema respiratório, na verdade, ela afeta todos os órgãos do corpo humano. Por esta razão, a CicloVivo compilou orientações e alertas de diversos especialistas da saúde sobre o tema, que podem ser úteis.
Riscos à saúde da população
O Hospital São Camilo expressou sua preocupação com os efeitos diretos da poluição no sistema respiratório, alertando sobre complicações graves. De acordo com informações da instituição, a poluição ambiental exacerba condições pré-existentes, como asma, bronquite crônica e enfisema, além de contribuir para o surgimento de doenças pulmonares, câncer de pulmão e infecções respiratórias.
Segundo o pneumologista Dr. Rafael Faraco Rodrigues, da Rede de Hospitais São Camilo, a poluição do ar é um inimigo silencioso, mas devastador para a saúde pública. Aqueles que se consideram saudáveis não estão imunes aos impactos a longo prazo desta exposição. A prevenção passa por políticas públicas eficazes de controle ambiental e pela conscientização quanto aos riscos associados à poluição do ar.
A instituição aponta alguns dos principais riscos à saúde causados pela poluição do ar, os quais incluem: doenças respiratórias, onde a inalação de poluentes pode irritar as vias aéreas e agravar problemas pré-existentes, especialmente em crianças e idosos; problemas cardiovasculares, uma vez que a poluição também compromete o sistema circulatório, elevando o risco de doenças como hipertensão, infarto e AVC; e condições mais severas em grupos vulneráveis, como pessoas com doenças crônicas, gestantes e recém-nascidos, que são mais susceptíveis ao impacto da poluição.
Impactos sobre os olhos e saúde ocular
A saúde ocular é essencialmente preservada pelas lágrimas e glândulas de gordura ao redor dos cílios. Com a baixa umidade, ocorre frequente alteração na qualidade e quantidade de lágrimas, resultando em ressecamento e potencial aparecimento de doenças, como alergias oculares. O Dr. Hallim Féres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, menciona que o ar seco pode intensificar as alergias oculares, levando ao surgimento de casos de conjuntivite alérgica.
O especialista explica que a umidade do verão pode ajudar a reduzir a poeira no ar, fazendo com que as partículas se depositem no chão. Em contrapartida, em condições de ar seco, as micropartículas permanecem suspensas por mais tempo, aumentando o contato com as mucosas (olhos, nariz e garganta) e, consequentemente, favorecendo alergias.
Coçar os olhos é um sintoma comum de alergia ocular e merece atenção especial, pois essa ação pode ser prejudicial, levando a complicações mais graves, como o ceratocone. Além disso, os olhos servem como porta de entrada para diversos vírus, incluindo o coronavírus. Portanto, evitar coçar os olhos é fundamental.
Outro problema decorrente do ar seco é a síndrome do olho seco, que pode surgir devido a uma combinação de fatores. Indivíduos propensos a alergias (como rinites e sinusites) devem estar alertas aos sintomas, que incluem ardência, coceira e visão borrada que melhora com o piscar. Para evitar tais problemas, manter a lubrificação ocular com colírios apropriados é recomendável. Consultar um oftalmologista pode ser útil, já que existem diversos tipos de colírios disponíveis, adaptados a diferentes condições oculares.
O Dr. Hallim compartilha algumas dicas para passar pelos dias secos sem crises: mantenha a limpeza dos ambientes, utilizando pano úmido em vez de vassoura; use colírios lubrificantes sem conservantes quando sentir necessidade de coçar os olhos; e, caso não tenha colírios à mão, vale fazer compressas com água fria ou mesmo lavar o rosto na pia.
Além disso, lembre-se de manter as mãos limpas antes de tocar nos olhos, evitemos o contato com maquiagens de procedência duvidosa, e não compartilhe itens como lápis e pincéis de maquiagem. Retire a maquiagem antes de dormir para manter a saúde ocular.
Cuidado com lentes de contato
Aqueles que usam lentes de contato precisam redobrar a atenção durante períodos de baixa umidade. Essa condição pode provocar coceira, irritação e até lesões na córnea. De acordo com a oftalmologista Claudia Del Claro, as lágrimas evaporam mais rapidamente em condições secas, aumentando o atrito entre as lentes e a superfície ocular, o que pode contribuir para lesões.
Claudia destaca que existem colírios apropriados para o uso com lentes de contato, e que é essencial a orientação de um profissional de saúde para escolher o produto ideal. Ela alerta que colírios lubrificantes devem ser utilizados especificamente para lentes, e não devem ser substituídos por colírios clareadores, solução salina ou água.
Claudia fornece dicas que podem ajudar a minimizar a sensação de desconforto com lentes secas em dias secos: evite exposição prolongada a ar-condicionado e ventilação excessiva; reduza o tempo em frente a telas; substitua, dependendo das necessidade, o uso de lentes de contato por óculos; evite fumar e ambientes com fumaça; e limite o consumo de álcool e cafeína, pois estes podem reduzir a produção de lágrimas.
Essas orientações são parte da campanha Setembro Safira, que visa sensibilizar a população sobre a importância de práticas saudáveis no uso de lentes de contato, independentemente das condições climáticas. Entre as recomendações estão a higienização das mãos antes de manipular as lentes, retirar as lentes antes de dormir e não molhá-las com água de torneira, piscina ou mar. Para mais informações, visite o site oficial da campanha.
Dicas de cuidados otorrinolaringológicos
A Dra. Roberta Pilla, também da ABORL-CCF, sugere medidas simples que podem amenizar os efeitos do ar seco: hidratar-se, evitar atividades físicas nas horas mais quentes, usar roupas leves, manter ambientes frescos e úmidos, utilizar medicamentos sob supervisão médica e soro fisiológico para lavagem das vias respiratórias, além de uma alimentação equilibrada e limpeza dos aparelhos de climatização.
O controle da temperatura do ambiente deve ser mantido entre 20 e 25 graus Celsius, com a umidade entre 50% e 60%. Um purificador ou umidificador de ar pode ajudar a alcançar esses parâmetros. Para garantir a troca de ar adequada, é importante abrir e fechar as janelas e portas em periodicidade apropriada.
Além disso, médicos recomendam duas soluções nasais que podem ser feitas em casa: a solução nasal hipertônica, composta por 240 mililitros de água filtrada e uma colher de chá rasa de sal e bicarbonato de sódio; e a isotônica, que leva os mesmos 240 mililitros de água com uma colher de café rasa de sal e bicarbonato de sódio.
A importância da saúde da pele
A pele, reconhecida como o maior órgão do corpo humano, desempenha funções vitais, incluindo a regulação da temperatura e a proteção contra elementos ambientais. No entanto, atualmente, a fumaça de queimadas e o ar seco estão invadindo espaço, provocando irritações, alergias e inflamações na pele. O ressecamento acentuado também prejudica a hidratação cutânea, resultando em descamação, envelhecimento acelerado e aparecimento de rugas.
A Dra. Silvana Osorio, dermatologista da Casa Glow Up, enfatiza a necessidade de manter a hidratação da pele através da ingestão de líquidos. O recomendado é o consumo de 2 a 3 litros de água diariamente, além de chás e outras bebidas nutritivas, especialmente chás que possuam propriedades antioxidantes.
Por fim, ela aconselha evitar banhos longos e quentes para não prejudicar a proteção natural da pele. Considerando a hipersensibilidade da pele em crianças, atenção especial deve ser dada a esses cuidados. A escolha do sabonete deve recair sobre produtos cremosos e sempre evitar esfoliações excessivas, já que a pele leva cerca de 15 a 20 dias para se regenerar.
Para finalizar, o uso de toalhas macias ao secar o corpo é fundamental para oferecer um toque sutil, evitando atritos. Os hidratantes faciais e corporais são igualmente fundamentais para manter a pele no seu estado ideal de hidratação, mesmo em peles mais oleosas. A Dra. Silvana recomenda ativos como ceramidas e óleos vegetais, que ajudam na umidificação da pele, e enfatiza que o uso de protetores solares torna-se ainda mais importante em períodos de baixa umidade, uma vez que a pele, já fragilizada, se torna mais suscetível a queimaduras e outros danos.
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