Ativista contra a caça de baleias é detido na Groenlândia
No domingo, dia 21 de julho, o renomado ativista Paul Watson foi preso em Nuuk, capital da Groenlândia. A prisão foi efetuada pela polícia federal da Dinamarca, que tem soberania sobre a ilha, atendendo a um pedido do Japão, país que retomou a caça comercial de baleias em 2019.
Paul Watson, de 73 anos, é fundador de importantes organizações ambientalistas, como o Greenpeace, a Sea Shepherd e a Captain Paul Watson Foundation. A libertação do ativista está nas mãos da Primeira Ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, e está prevista, preliminarmente, para ocorrer até o dia 15 de agosto. No entanto, o Japão ainda precisa formalizar o pedido de extradição, o que deve ser feito até 30 dias após a prisão de Watson.
O ativista foi detido enquanto estava a bordo de seu navio de 72 metros, que parou na Groenlândia para reabastecer. A equipe da Captain Paul Watson Foundation estava realizando a Operação Kangei Maru, uma missão para interceptar o navio baleeiro recém-chegado do Japão, o Kangei Maru, no Pacífico Norte. Em Nuuk, mais de uma dúzia de policiais federais e membros da equipe SWAT embarcaram no navio e prenderam Watson, que foi levado à delegacia local.
A prisão de Paul Watson foi efetuada com base em um mandado internacional emitido pelas autoridades japonesas. O mandado faz referência a três acusações distintas. A primeira é sobre invasão de propriedade, relacionada a um membro da tripulação de Watson que invadiu um navio japonês em 2010. No entanto, Watson alegou que não apoiava essa ação e que o tripulante foi coagido a incriminá-lo.
A segunda acusação é sobre lesão corporal. O Japão alega que a tripulação de Watson jogava ácido butírico nos deques dos navios baleeiros japoneses. Contudo, o ativista afirma que nunca utilizou contaminantes tóxicos em suas operações e que o que era jogado nos deques era apenas manteiga vencida, que não causava danos físicos. A terceira acusação é referente a impedir atividades comerciais, uma vez que o Japão alegava realizar a caça de baleias apenas para fins de pesquisa.
A Sea Shepherd, organização não-governamental fundada por Paul Watson e ativa no Brasil, está mobilizada em prol da libertação do ativista. O presidente da França, Emmanuel Macron, e outros grandes nomes do meio ambiental também pediram pela liberdade de Watson. A Sea Shepherd Brasil realizou um protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, e diversas manifestações estão programadas globalmente nos próximos dias.
A organização acredita que o Japão pretende retomar a caça de baleias em alto mar a partir de 2025 e que a reativação do mandado de prisão contra Watson coincidiu com o lançamento de um novo navio-fábrica de processamento de baleias, indicando uma possível retomada das atividades baleeiras.
No Brasil, personalidades como Klebber Toledo, Hugo Bonemer, Alexia Deschamps e Luisa Mell manifestaram sua indignação nas redes sociais. A Sea Shepherd Brasil iniciou uma petição online que já conta com mais de 13 mil assinaturas e será enviada juntamente com uma carta aberta para o governo brasileiro, solicitando uma posição em relação à liberdade de Paul Watson.
A organização espera que o governo brasileiro se posicione sobre o caso, uma vez que existe uma forte relação com a Dinamarca, que anunciou a doação de R$110 milhões para o Fundo Amazônia em 2023. Além disso, um posicionamento do Brasil reforçaria sua liderança no tema do meio ambiente e da biodiversidade para o combate climático.
A prisão de Paul Watson é vista como uma inversão de valores, uma vez que o ativista é conhecido por sua defesa das baleias, enquanto o Japão desrespeita tratados internacionais e continua com sua atividade baleeira. A Sea Shepherd Brasil e outras organizações esperam um desfecho favorável para o ativista, considerando seu papel fundamental na proteção dos oceanos e da vida marinha.