Ajuda de animais beneficia crianças e jovens vulneráveis

Terapia assistida animais

Terapia com animais ajuda crianças e jovens em vulnerabilidade

Combater a exclusão social por meio da terapia assistida por animais é a missão da Natureza Conecta. A organização, criada pela veterinária Daniela Gurgel em 2020, oferece tratamento psicológico e pedagógico para crianças e adolescentes em estado de vulnerabilidade social, como as que vivem em casas de acolhimento e, mais recentemente, internos da Fundação Casa.

A interação com os bichos permite criar vínculos, propor oportunidades de autoconhecimento e descobertas e conciliar dois compromissos: defender os direitos dos animais e contribuir com a diminuição da violência urbana, da desigualdade social e da pobreza em nosso país.

A ideia do trabalho é usar o contato com cerca de 40 animais na fazenda da entidade em Itu, interior de São Paulo, entre cavalos, vacas, cabras, porcos, cães e codornas, para quebrar resistências junto a jovens que sofreram abusos e violência e que manifestam impactos por não terem rede de apoio ou disponibilidade de tratamento psicológico para lidar com as consequências.

A interação com a natureza vem permitindo melhores resultados do que na comparação com outras abordagens tradicionais para a atuação de psicólogos e pedagogos em questões como traumas, violência, comportamento e desempenho escolar.

“A sociedade cobra capacitação profissional, mas essas crianças crescem sem estrutura emocional para isso, cheias de defesas. São vidas muito duras, marcadas por traumas, em um mundo que desde cedo se mostra espinhoso. E esses traumas são muitas vezes ocasionados por seres humanos. Por isso, quando há uma intervenção de um psicólogo, por exemplo, elas acabam se fechando”, explica Daniela.

Daí a aproximação por meio de animais: “Dessa maneira, a gente consegue adentrar o universo particular delas e trabalhar as coisas boas e o potencial que cada uma tem”.

Jovens em abrigos e parceria com a Fundação Casa

As crianças e adolescentes fazem sessões semanais de 2 horas cada uma, reunidas em grupos de até seis pessoas, assistidas por psicólogos e pedagogos. O trabalho começou há três anos com jovens que vivem em casas de acolhimento na região de Itu e Indaiatuba e que visitam a fazenda da Natureza Conecta uma vez por semana.

Há cerca de um ano, o projeto se estendeu para um piloto com internos no complexo de Sorocaba da Fundação Casa, que engloba cidades como Campinas, Jundiaí e Itu – a ONG leva os animais às unidades, visto que os jovens estão privados de liberdade.

A parceria com a Fundação Casa nasceu da sugestão de uma defensora pública que conheceu a Natureza Conecta, diz Daniela, e se estabeleceu após um ano e meio de conversas com a fundação pública vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania.

O trabalho começou com uma entre quatro casas da Fundação em Sorocaba, justamente a que abriga menores mais velhos e com problemas de reincidência. “Começamos com os casos mais complicados, segundo eles, que fazem a triagem, e agora estamos com convite para ir para outras duas casas, com jovens mais novos”, celebra Daniela.

Resultados concretos

Os resultados das terapias são medidos em questionários aplicados no início, no meio e no fim dos tratamentos. A inspiração veio da entidade norte-americana Green Chimneys, há 75 anos dedicada à terapia assistida por animais, com quem Daniela manteve e ainda mantém diálogo para formatar os projetos da Natureza Conecta.

“As psicólogas começam com um questionário, após um mês fazem outro, e depois mais um ao final. Isso nos fornece dados valiosos para medir habilidade social, trauma, abusos, riscos e mudanças de comportamentos, além das percepções que notamos no dia a dia.”

As transformações ficam evidentes em retornos recebidos por Daniela e pela equipe da ONG. Como o do jovem Davi, interno da Fundação Casa que, no último Dia das Mães, escreveu uma carta para agradecer pelo tratamento.

“Fico pensando: nem a minha família ou minha mãe acreditam em mim, o que você viu em mim? Nunca aconteceu isso, sempre fui rejeitado e desmerecido. Quero que saiba que mudou totalmente minha forma de pensar, e agora não quero mais ficar nessa vida, quero arrumar um ‘trampo’ e ir tocando o barco”, escreveu.

Daniela lembra que a equipe já teve a notícia de que outros jovens em situação semelhante conseguiram oportunidades profissionais após passarem pelo tratamento com a Natureza Conecta. “São meninos iguais a qualquer outro, com sonhos, que não conhecem outras realidades e, quanto têm contato, reagem com surpresa e encantamento”, diz Daniela.

Fonte: Guia Região dos Lagos
Imagens: Natureza Conecta

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