Natureza Receberá Royalties por Participações Musicais
O canto dos pássaros, o som das ondas do mar, o estralar das folhas secas no chão, a água de uma cachoeira. Os sons da natureza têm um impacto positivo em nós e servem de inspiração para muitos músicos. Muitas vezes, a natureza até mesmo participa de composições musicais de forma especial. No entanto, ao contrário dos artistas humanos, a natureza não recebia nenhum direito autoral por essas contribuições. Mas agora, um novo projeto chamado Sounds Right está mudando isso.
O projeto Sounds Right é um movimento musical pela conservação que reconhece a natureza como artista sempre que seus sons forem usados em novas músicas. A ideia por trás do projeto é gerar royalties a serem destinados a projetos e organizações ambientais. Essa iniciativa é uma colaboração entre o Museu das Nações Unidas – UN Live e diversos parceiros, como a EarthPercent, Music Declares Emergency, Earthrise, The Listening Planet, Biophonica, Community Arts Network e Limbo Music.
Com essa iniciativa, artistas que usam sons naturais em suas gravações poderão creditar a “NATUREZA” como artista de destaque em plataformas de streaming como Spotify e doar uma parte dos royalties para a conservação ambiental. Espera-se que o movimento envolva mais de 600 milhões de ouvintes e gere US$ 40 milhões de receitas nos primeiros quatro anos, o que terá um impacto significativo tanto no negócio da música quanto nas iniciativas de conservação em todo o mundo.
“A cultura popular, como a música, tem o poder de envolver milhões de pessoas, desencadear mudanças globais positivas em grande escala e nos colocar em um caminho mais sustentável. Num mundo onde a empatia está em declínio e muitas pessoas sentem que suas ações pouco importam, Sounds Right e UN Live encontram pessoas onde elas já estão – em suas telas e fones – com histórias e formatos com os quais elas podem se identificar, e ações que são importantes para elas”, afirmou Katja Iversen, CEO do Museu das Nações Unidas.
Esse esforço para reconhecer a natureza como artista e destinar royalties para a conservação é extremamente importante, pois as populações de vida selvagem diminuíram em média 69% nos últimos 50 anos e muitas espécies de plantas e animais estão à beira da extinção. O projeto também tem como objetivo auxiliar em esforços de conservação em diferentes regiões, como nas ilhas do Oceano Índico e em Madagascar, além de tentar impedir a mineração em alto mar.
Um painel consultivo composto por especialistas independentes será responsável por orientar a distribuição dos fundos arrecadados. O grupo é formado principalmente por conservacionistas do Sul Global, incluindo representantes indígenas, ativistas ambientais, biólogos e especialistas em financiamento da conservação.
Mais de 600 milhões de ouvintes ao redor do mundo poderão se envolver nesse movimento e ajudar na conservação do planeta, apoiando artistas que usam sons naturais em suas músicas. O projeto já conta com a participação de diversos artistas, como Brian Eno, Ellie Goulding, AURORA, MØ, Anuv Jain e Bomba Estéreo.
“Acredito que estamos no meio de uma enorme revolução. Isso fica evidente nas pequenas coisas que as pessoas fazem. A sensação de que o consumismo irresponsável não é muito agradável… As pessoas que dirigem as empresas de combustíveis fósseis, as pessoas que pagam às empresas de publicidade para contar mentiras sobre o que realmente está acontecendo com o planeta, elas estão sendo abandonadas. Eu não acredito que elas terão um lugar no futuro”, afirmou Brian Eno.
Essa iniciativa pioneira mostra como a música e a conservação podem caminhar juntas para criar um futuro mais sustentável. Ao reconhecer a natureza como uma artista legítima e destinar royalties para a conservação, estamos valorizando os sons da natureza e contribuindo para a proteção do nosso planeta.