Ondas de calor podem trazer sérias consequências para a saúde humana, alerta especialista
Apesar de muitas vezes serem discutidas apenas no âmbito ambiental, as mudanças climáticas têm um impacto significativo na saúde humana. O corpo humano possui um limite para suportar altas temperaturas, podendo sofrer consequências como estresse, insuficiência cardíaca e lesão renal aguda por desidratação. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as ondas de calor estão diretamente relacionadas ao aumento do número de mortes. No Brasil, altas temperaturas já respondem por 7% das internações no Sistema Único de Saúde (SUS).
Dr. Raphael Coelho Figueredo, membro da Comissão de Biodiversidade, Poluição e Clima da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), explica que as ondas de calor provocam um aumento de mediadores inflamatórios no organismo humano, afetando principalmente os extremos de idade, gestantes, obesos e pessoas com doenças crônicas. Isso agrava as doenças alérgicas, principalmente as alergias respiratórias, como asma e rinite, e de pele, como dermatite atópica.
Diferentemente de outros eventos climáticos extremos, como tornados e enchentes, o calor pode parecer menos agressivo ou mais tolerável para as pessoas. Essa percepção equivocada torna as ondas de calor extremamente perigosas para a saúde humana, alerta o Dr. Figueredo.
Os riscos associados às ondas de calor vão além das doenças alérgicas. Há um aumento no risco de mortalidade cardiovascular e respiratória em dias de ondas de calor em comparação com dias com temperaturas mais amenas. Além disso, as altas temperaturas podem causar estresse térmico em todos os organismos vivos, incluindo plantas, afetando processos biológicos fundamentais, como a fotossíntese, respiração, crescimento, desenvolvimento e reprodução.
Não é apenas a saúde humana que é afetada pelas ondas de calor. Os animais também sofrem alterações fisiológicas e comportamentais, como redução da ingestão calórica, aumento da ingestão de água e diminuição da reprodução e do crescimento.
De acordo com o Dr. Raphael, temperaturas acima de 39°C e 40°C podem provocar quedas abruptas na velocidade das reações químicas essenciais para a vida. O corpo deixa de quebrar proteínas e açúcares para obter nutrientes e energia.
Para regular a temperatura corporal, o ser humano utiliza duas estratégias principais. A primeira é a dilatação dos vasos sanguíneos, que leva mais sangue até a pele, permitindo que o calor seja dissipado do corpo. A segunda é a produção de suor, que resfria a pele por meio da evaporação. No entanto, o calor intenso pode afetar gravemente sete órgãos do corpo humano: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.
A tentativa de se aliviar pelo suor leva a uma perda significativa de líquidos, resultando em desidratação e aumento da viscosidade sanguínea, o que afeta os rins e o coração. A desidratação também causa vasoconstrição, aumentando o risco de trombose e acidente vascular cerebral.
Compreender os efeitos das ondas de calor na saúde é fundamental para o desenvolvimento de políticas climáticas focadas no bem-estar da população. É necessário adotar medidas de adaptação e mitigação para reduzir os impactos negativos desses eventos extremos.
É importante lembrar que além dos seres humanos, os animais e as plantas também sofrem com o calor intenso. Portanto, é fundamental proteger e cuidar de todas as formas de vida durante as ondas de calor.
Fonte: Guia Região dos Lagos