Curso EaD treina comunidades para reflorestar terras indígenas
Uma nova capacitação gratuita está disponível na plataforma E-campo da Embrapa. É o curso EaD “Semeando Florestas em Terras Indígenas”, que faz parte de um projeto com o mesmo nome, cujo intuito é estimular os próprios povos originários a reflorestar suas terras indígenas degradadas. A meta inicial é plantar um milhão de árvores por ano.
Com carga horária de 40 horas, o curso traz o compartilhamento de conhecimento sobre boas práticas de coleta de sementes, produção de mudas e estabelecimento de viveiros. Além disso, ele busca disseminar práticas sustentáveis para a restauração e preservação das formações florestais nativas.
Além de promover a restauração ambiental, a iniciativa tem como foco o desenvolvimento sustentável. Por isso, o projeto foi apresentado à ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que recebeu a proposta e encaminhou-a à Secretaria de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente para avaliação e encaminhamento.
A elaboração do curso é resultado de uma iniciativa inédita do Parlamento Indígena do Brasil (Parlaíndio) e da Associação Metareilá do Povo Paiter Suruí em parceria com o Instituto Raoni, a Embrapa Florestas e o apoio da Embaixada da França no Brasil.
Reflorestar terras indígenas
O curso “Semeando Florestas em Terras Indígenas”, agora disponível na plataforma E-campo da Embrapa, oferece 25 videoaulas e apostilas ilustradas com as melhores práticas de manejo florestal. Com quatro módulos de conhecimento, cobrindo desde a coleta e beneficiamento de sementes até a produção de mudas de espécies florestais, o curso é uma ferramenta valiosa para estimular as comunidades indígenas a reflorestar suas terras degradadas.
O curso está acessível gratuitamente para todas as comunidades indígenas e demais interessados, através dos sites do Parlamento Indígena do Brasil e da Embrapa, podendo ser acessado por computador, notebook ou celular. Ao completarem o curso, os participantes receberão certificados de capacitação. Para garantir o acesso às aldeias com dificuldade de internet, serão disponibilizados pen drives com o conteúdo do curso.
Formação de brigadas florestais indígenas
A segunda etapa do projeto “Semeando Florestas em Terras Indígenas”, anunciada durante o evento de lançamento (ocorrido no último dia 24 de janeiro na sede da Embrapa, em Brasília/DF) pelos líderes indígenas Cacique Raoni Metuktire e Cacique Almir Narayamoga Suruí, consiste na mobilização de dezenas de aldeias e comunidades indígenas em diferentes biomas brasileiros para criar brigadas florestais indígenas, promovendo a restauração florestal em seus territórios. Um “Plano Mestre de Restauração Florestal de Terras Indígenas” será disponibilizado para orientar esses esforços coletivos.
“Nosso objetivo é atuar em projetos de sustentabilidade ambiental, manejo florestal e agrofloresta, valorizando o empreendedorismo e o protagonismo indígena. O projeto tem como meta inicial plantar 1 milhão de árvores por ano nas terras indígenas, promovendo a restauração e preservação ambiental”, destaca o Cacique Almir Narayamoga Suruí, coordenador executivo do Parlaíndio.
Erich Schaitza, chefe geral da Embrapa Florestas, ressalta que o projeto estimulará os povos indígenas a liderarem a restauração florestal em seus territórios, fornecendo orientação técnica online e facilitando a formação de agentes florestais indígenas.
O curso integra o compromisso em apoiar os povos indígenas, contribuindo para a segurança alimentar, a geração de renda e o manejo sustentável da biodiversidade. A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, enfatiza: “Valorizamos os saberes, a cultura e as formas de organização dos povos indígenas, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável de suas comunidades e territórios.”
Parlaíndio Brasil
O Parlamento Indígena do Brasil foi concebido em outubro de 2017 numa reunião de lideranças tradicionais indígenas e lançado oficialmente numa assembleia virtual em maio de 2021 com a missão de ser um espaço de voz e de articulação política para que os anciãos, pajés e caciques mais antigos, detentores dos saberes tradicionais, da tradição cultural e da espiritualidade ancestral, possam participar das assembleias do Parlaíndio Brasil presencialmente ou diretamente de suas aldeias em reuniões virtuais via internet.
A ideia é garantir que tais líderes possam assumir seu protagonismo e participar ativamente da discussão nacional das questões indígenas, conquistar visibilidade política e denunciar, à sociedade brasileira e ao mundo, as graves ameaças aos seus povos e ao meio ambiente, bem como propor alternativas e soluções sustentáveis de forma colegiada e democrática.
O Parlamento Indígena do Brasil vem para somar com o movimento indígena nacional com vistas a ampliar a representatividade dos mais de 1,6 milhões de indígenas que vivem no território nacional, distribuídos em 305 povos distintos, que falam mais de 180 línguas nativas. O Parlaíndio Brasil conta desde sua criação com a colaboração voluntária do indigenista Toni Lotar e tem os apoios do Instituto Raoni, da Associação Metareilá do Povo Paiter Suruí, da Fundação Darcy Ribeiro e da Embaixada da França no Brasil.
Fonte: Guia Região dos Lagos