Empoderamento feminino: uma chave para a regeneração do planeta
Segundo um relatório da ONU Mulheres, até 2050, as alterações climáticas poderão fazer com que até 158 milhões de mulheres e meninas sejam levadas à pobreza, além de aumentar em 236 milhões o número de pessoas que enfrentarão a insegurança alimentar. Uma solução eficaz para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e construir um futuro mais justo, saudável e feliz é o empoderamento feminino.
As mulheres têm a capacidade de provocar mudanças significativas nos sistemas sociais, ambientais e econômicos.
Ao garantirmos que as mulheres tenham acesso a recursos e educação, além de serem capacitadas como líderes comunitárias, os benefícios passam a ser coletivos. Isso não apenas contribui para o desenvolvimento sustentável, como também para a promoção da saúde e qualidade de vida de suas famílias e comunidades. A presença feminina na tomada de decisões traz, ainda, importantes vantagens ambientais.
A seguir, apresentamos três maneiras pelas quais o empoderamento feminino pode regenerar o planeta e melhorar a vida de seus habitantes!

1. Direitos à terra e recursos para combater a fome e o desmatamento
Em diversas partes do mundo, muitas mulheres ainda são excluídas do direito à posse de terras e da participação nas decisões comunitárias sobre o manejo desses recursos. No entanto, conceder a elas direitos sobre a terra e acesso a recursos agrícolas pode apoiar de maneira significativa as metas de sustentabilidade tanto locais quanto globais.
A análise da ONU Mulheres, apoiada por estudos da ONU FAO, indica que se pequenas agricultoras tivessem igualdade de acesso a recursos produtivos, os rendimentos agrícolas poderiam aumentar em até 30%, o que resultaria em cerca de 150 milhões de pessoas sem fome. Adicionalmente, haveria uma redução no desmatamento e nas emissões de gases poluentes.
As comunidades que implementam cotas de gênero na gestão florestal apresentam taxas superiores de sucesso em seus programas de conservação e distribuem os recursos de maneira mais igualitária, diminuindo assim a necessidade de atividades de subsistência que são prejudiciais ao meio ambiente.
É importante lembrar que a expansão agrícola é responsável por quase 90% do desmatamento mundial, o que desencadeia uma série de problemas, como perda de biodiversidade, desertificação e aumento da concentração de carbono na atmosfera. Quando o manejo das terras agrícolas existentes é aprimorado, a pressão sobre novas áreas para desmatamento é reduzida.

2. Autonomia e planejamento familiar
O crescimento populacional descontrolado representa uma ameaça ao futuro do nosso planeta. A Terra possui recursos limitados, e é necessário reavaliar a forma como encaramos esse crescimento.
De acordo com estimativas de 2023 da Organização Mundial da Saúde, cerca de 257 milhões de mulheres em idade reprodutiva ainda enfrentam uma lacuna no acesso à contracepção. Mesmo com uma queda nas taxas de gravidez, um estudo realizado nos EUA constatou que aproximadamente 35% das gestações não foram desejadas.
Entretanto, o planejamento familiar vai além do simples uso de contraceptivos. Os programas de planejamento familiar mais eficazes envolvem líderes da comunidade, campanhas informativas e assistência básica para mulheres e crianças em suas localizações. Mulheres com níveis educacionais mais altos tendem a ter menos filhos.
É essencial que as mulheres tenham autonomia sobre a decisão de ter ou não filhos. Associado ao acesso gratuito à contracepção, o planejamento familiar pode aliviar a pressão sobre os sistemas ambientais e enfrentar os desafios humanitários de maneira mais eficaz.

3. A importância da educação para meninas na resiliência climática
A educação das meninas é um elemento crucial que pode determinar tanto sua contribuição para o agravamento quanto para a mitigação do aquecimento global. O papel que as mulheres desempenham como gestoras de recursos como alimentos, solo, árvores e água é exacerbado pela educação, a qual empodera suas comunidades em relação à gestão responsável da terra, técnicas agrícolas e administração, trazendo benefícios para o meio ambiente, o clima e a biodiversidade.
Conforme indicam as Nações Unidas, 130 milhões de meninas têm direito à educação negado ao redor do mundo, e as crises climáticas apenas aumentam esse desafio. Em situações adversas, as meninas são frequentemente as primeiras a deixarem de estudar para cuidar de responsabilidades domésticas, ou devido a casamentos precoces.
Mobilizar comunidades para sustentar e apoiar a educação de meninas pode beneficiar não apenas a sociedade, mas também as condições ambientais. Estimativas do Projeto Drawdown sugerem que, juntamente com o planejamento familiar, a educação das meninas poderia contribuir para a redução em quase 70 gigatoneladas de emissões de dióxido de carbono equivalente entre 2020 e 2050.

A regeneração do planeta é uma questão que envolve as mulheres. Apesar de a desigualdade de gênero continuar a dificultar o progresso em diversos campos, é possível adotar uma perspectiva otimista, dado que a compreensão crescente dos desafios relacionados ao gênero aponta para um caminho claro a ser seguido. Garantir que as mulheres tenham acesso aos mesmos recursos que os homens, promover a educação e incentivar o planejamento familiar são estratégias efetivas que não apenas melhoram a vida das mulheres e de suas famílias, mas também têm um impacto positivo na comunidade e, em última análise, na saúde do planeta.