No início de junho, um marco significativo para a conservação da Amazônia foi alcançado com o lançamento do Painel Redes da Sociobiodiversidade do Interflúvio Madeira-Purus. Desenvolvido pelo Idesam, o projeto visa conectar a produção local a políticas públicas, setores privados e mercados, promovendo o desenvolvimento sustentável de uma das regiões mais ricas em biodiversidade da floresta amazônica.
Desafios e oportunidades na Amazônia
A iniciativa surge como resposta a desafios críticos enfrentados pela Amazônia, como o desmatamento, a grilagem e a expansão de infraestruturas. Um ponto de tensão é a pavimentação da rodovia BR-319, que, ao conectar Manaus a Porto Velho, corta áreas bem preservadas da floresta. A obra coloca em evidência a necessidade de equilibrar desenvolvimento econômico com a conservação ambiental.
Com apoio da Fundação Moore, o painel é uma ferramenta digital e interativa que mapeia cooperativas e empreendimentos locais, fornecendo dados sobre produção, comercialização e infraestrutura. “Nosso objetivo é subsidiar políticas públicas e facilitar parcerias com o setor privado, visando não apenas o crescimento econômico, mas também a melhora da qualidade de vida e a conservação da floresta”, explica Fernanda Meirelles, do Idesam.
Engajamento das comunidades locais
Até agora, mais de 60 organizações socioprodutivas e oito cadeias econômicas foram mapeadas pelo painel, que busca ampliar a visibilidade de mercado dessas iniciativas e atrair investimentos. Fernanda Meirelles destaca a importância de aproximar instituições governamentais e do setor privado do potencial da sociobioeconomia local.
O Interflúvio Madeira-Purus, região foco do mapeamento, é considerado estratégico no Plano Nacional de Bioeconomia. Com 11 municípios, a área abriga uma rica diversidade biológica e étnica, incluindo 18 povos indígenas e comunidades que dependem fortemente dos recursos naturais.
Preservação e desenvolvimento sustentável
Apesar dos esforços de conservação, a região ainda enfrenta grandes desafios. Lábrea, um dos municípios localizados no Interflúvio Madeira-Purus, liderou as taxas de desmatamento no Amazonas em abril, de acordo com o sistema Deter. O avanço da agropecuária e o impacto da BR-319 ameaçam a integridade ambiental da área.
O fortalecimento das organizações comunitárias é considerado crucial para reverter esse cenário. Keivan Hamoud, da Associação dos Produtores Agroextrativistas de Beruri, ressalta a importância da plataforma. “Com organizações mais fortes, mais extrativistas podem gerenciar a floresta sem destruí-la”, afirma Hamoud, cuja associação já fornece produtos para empresas como a Natura.
Junior Rosario, da Central das Associações Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Amapá, ressalta que o painel ajudará a destacar tanto os produtos oferecidos quanto as dificuldades enfrentadas. A organização reúne 1,8 mil produtores com foco em açaí, banana e cacau.
O papel do Idesam na proteção amazônica
Desde 2004, o Idesam atua na conservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia, sendo reconhecido por suas contribuições no setor. Premiado em diversas ocasiões, o instituto continua a desempenhar um papel vital na proteção da floresta e promoção de práticas sustentáveis.
O lançamento do Painel Redes da Sociobiodiversidade representa um avanço na luta pela preservação da Amazônia, ao integrar tecnologia e colaboração comunitária para fomentar um futuro mais sustentável para a região.
Fonte da Notícia:
https://ciclovivo.com.br/inovacao/tecnologia/sociobioeconomia-ganha-forca-com-painel-na-amazonia/