ANJ e Google em Debate: Cade Analisa Práticas Concorrenciais na Mídia Digital
Em um cenário de crescente tensão entre empresas de mídia e gigantes tecnológicos, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) reforçou suas críticas às práticas do Google, destacando uma dependência quase inevitável da plataforma para manter a visibilidade no ambiente digital. Este tema veio à tona durante uma análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizada na quarta-feira, 11, em que diversas questões sobre a influência do Google no tráfego de mídias foram discutidas.
O Google como “gatekeeper”: críticas e defesas
A ANJ alegou que a atuação do Google vai além da competição tradicional, posicionando-se como uma espécie de “porteiro” que controla o acesso do público a conteúdos de diversas mídias. Para a associação, essa dinâmica limita a autonomia dos veículos, que se veem obrigados a depender do Google para alcançar seus leitores, sob risco de “alienação” caso fiquem fora dessa plataforma.
Em defesa do Google, Ricardo Motta, advogado da plataforma, argumentou que a empresa desempenha um papel crucial ao redirecionar tráfego gratuito para os sites de notícias. Segundo ele, “os veículos recebem compensação valiosa na forma de tráfego gratuito”, destacando que o desejo da ANJ por compensação financeira vai além do que muitos sites estariam dispostos a pagar.
Impactos econômicos e novas dinâmicas de mercado
O advogado ainda rebateu as queixas dos veículos de mídia sobre a diminuição de receitas publicitárias, afirmando que essa situação resulta da entrada de novos players no mercado de notícias e da redução nas vendas de classificados, ao invés de ser uma consequência direta das práticas do Google.
Os argumentos de Motta serão analisados pelo colegiado do Cade, em um contexto político onde o governo brasileiro, sob a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defende a regulamentação mais rígida das grandes empresas de tecnologia, tanto em termos econômicos quanto de conteúdo.
Regulação das big techs e a postura do governo
A análise do Cade ocorre em um momento em que o governo federal tem manifestado publicamente interesse em regulamentar as big techs. Essa perspectiva já foi ventilada pelo Ministério da Fazenda, que aponta a necessidade de um olhar mais atento às práticas econômicas e concorrenciais das grandes plataformas digitais.
A discussão sobre a regulação não se restringe apenas ao aspecto econômico. O governo também debate a influência dessas empresas na disseminação de conteúdo, uma preocupação que reflete a relevância crescente das mídias digitais e o papel das big techs como curadores de informações.
Próximos passos e expectativas
Com a suspensão temporária do julgamento, resta aguardar a decisão do Cade, que poderá estabelecer precedentes importantes para a relação entre plataformas digitais e veículos de mídia. O desenrolar desse processo será acompanhado de perto, tanto por especialistas do setor quanto por aqueles que observam com interesse as movimentações do governo na tentativa de equilibrar o poder entre tradicionais produtores de conteúdo e as novas dinâmicas digitais.
Assim, enquanto a ANJ e o Google permanecem em lados opostos desta complexa questão, a busca por um modelo sustentável e justo para a circulação de notícias na era digital continua a ser um desafio significativo para reguladores e empresas envolvidas.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/estado/2025/06/12/cade-relator-recomenda-arquivar-caso-do-google-julgamento-e-suspenso.htm)