Desperdício de alimentos: um desafio urgente em tempos de crise climática
A questão do desperdício de alimentos se configura como uma das questões mais graves em nossa sociedade atual, especialmente diante de um panorama de mudanças climáticas e escassez de recursos naturais. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente um terço dos alimentos produzidos mundialmente é desperdiçado, o que resulta em prejuízos econômicos substanciais e em consequências ambientais e sociais severas, considerando que milhões de pessoas ainda enfrentam a fome em diversos países. Esse desperdício acontece em todas as etapas da cadeia produtiva, desde o cultivo dos alimentos até seu consumo.
Quando um item alimentício é descartado, todos os insumos e recursos necessários para sua produção são desperdiçados igualmente. Isso eleva a pressão sobre o meio ambiente e coloca em risco a sustentabilidade do nosso sistema alimentar. Portanto, é imprescindível que as empresas do setor alimentício desempenhem um papel proativo nesse contexto, uma vez que elas têm o poder de direcionar e modificar práticas em cada fase da cadeia produtiva. Um exemplo disso é a Sodexo, que realiza o monitoramento do desperdício alimentar em tempo real, possibilitando respostas rápidas para minimizar perdas.
Utilizando tecnologia para aprimorar a gestão dos resíduos e dando preferência a ingredientes sazonais, reforçamos nosso compromisso com iniciativas de baixo impacto ambiental. No ano fiscal 24, observamos uma redução média de 22% no desperdício de alimentos nas operações no Brasil. Essa conquista foi resultado de uma estratégia que combina tecnologias, gestão de dados e treinamento para nossas equipes. Entre os principais resultados, destaca-se a diminuição de duas mil toneladas de alimentos que seriam desperdiçados, equivalente a mais de 3,7 milhões de refeições. Esta reestruturação também culminou em uma redução média de 27% nas emissões de CO2e nas nossas operações. Além disso, priorizamos a aquisição de produtos de fornecedores locais, o que diminui a pegada de carbono associada ao transporte e apoia uma economia mais justa e resiliente.
Acredito que essas iniciativas não apenas ilustram ações efetivas a serem replicadas, mas também funcionam como modelos inspiradores para que outras empresas adotem enfoques similares. Observo que a transição em direção a uma alimentação sustentável vai além de uma mera resposta às exigências ambientais; é uma tendência crescentemente percebida entre os consumidores, que estão cada vez mais conscientes do impacto de suas escolhas alimentares.
Na Sodexo, temos o compromisso de garantir que, até 2030, 70% dos nossos pratos principais tenham uma pegada de carbono reduzida, alinhando-nos a essa tendência e atendendo à demanda por opções alimentares mais sustentáveis. A pesquisa do Sodexo Food Barometer revelou que 90% dos brasileiros consideram fundamental uma alimentação sustentável para o futuro, o que, em minha opinião, ressalta a relevância das empresas em apresentar soluções que estejam sintonizadas com essa crescente consciência ambiental.
Com a população mundial em ascensão e desafios cada vez mais complexos para garantir a segurança alimentar, a adoção de práticas sustentáveis não é mais um diferencial, mas sim uma exigência. O Brasil, possuidor de um grande potencial para liderar essa mudança, ao adotar práticas agrícolas sustentáveis e ao reduzir o desperdício de alimentos, pode se tornar um exemplo global de economia circular e sustentável.
As empresas devem refletir: estamos realmente fazendo o bastante em relação ao desperdício e à sustentabilidade? A transformação para um sistema alimentar sustentável requer ações decisivas e imediatas. Medidas audaciosas e proativas são indispensáveis, assim como o compromisso de educar as pessoas sobre a importância de fazer escolhas conscientes. O que enxergo para o futuro da alimentação é que não se trata apenas de aumentar a eficiência na produção, mas também de promover um consumo mais consciente e responsável.
A responsabilidade das empresas transcende o simples cumprimento de normas e regulamentações; é crucial que se tornem líderes e catalisadoras da mudança. Em um mundo que enfrenta crises ambientais sem precedentes, cada decisão de compra e cada refeição preparada possuem o potencial de fortalecer comunidades e incentivar um estilo de vida que respeite o meio ambiente e favoreça a harmonia com a natureza.
Este tópico deverá continuar a ser abordado para que possamos encontrar soluções eficazes e duradouras, responsáveis e adequadas aos desafios contemporâneos.
Leia também:
The post Quem vai pagar a conta do desperdício? appeared first on CicloVivo.