Qual é a cor do lápis pele?

criança desenha estrela

A cor do lápis cor de pele: Uma reflexão sobre diversidade

Criança desenhando uma estrela
Foto: Manuelthelensman | Unsplash

“Qual é a verdadeira cor do lápis denominado cor de pele?” Essa pergunta provoca uma reflexão que começa com a história de uma menina chamada Coraline, presente na obra A cor de Coraline, escrita e ilustrada por Alexandre Rampazzo, um artista de São Paulo.

Numa manhã, Coraline estava em sala de aula quando um colega pediu para que ela lhe emprestasse o lápis cor de pele. Este questionamento a deixou intrigada e a fez refletir: “Cor de qual pele?” Essa narrativa aborda o tema da diversidade de uma maneira lúdica, suscitando questionamentos essenciais sobre identidade, representatividade e empatia.

Assim como encontramos uma grande diversidade na natureza, também somos distintos uns dos outros, apresentando diferentes características físicas que vão desde o peso e altura até o formato do rosto e as cores dos olhos e da pele. Essa pluralidade garante que ninguém seja exatamente igual a quem quer que seja, embora existam semelhanças entre nós.

Capa do livro A cor de Coraline
Imagem: Divulgação do livro A cor de Coraline

O Brasil destaca-se por sua composição étnica diversificada, resultando em uma ampla gama de tons de pele. Essa riqueza é refletida nas obras da artista plástica carioca Adriana Varejão, que, em sua obra Polvo, celebra a beleza da miscigenação no país.

A série Polvo foi inspirada no censo do IBGE de 1976, que pela primeira vez fez uma pergunta aberta sobre a cor de pele dos brasileiros: “Qual a sua cor de pele?”. Esse questionário resultou em 136 respostas, incluindo termos como sapecada, encerado e cor-de-ouro. Adriana selecionou 33 deles para criar uma obra ilustrando a diversidade de tons.

Assim, como podemos entender a “cor de pele” identificada pelo tom rosado, que realmente não representa a cor da maioria das pessoas? A utilização de cores como o bege ou o rosa como referência para a pele ignora a complexidade da diversidade humana e é uma convenção que carrega estereótipos sociais que merecem ser discutidos para evitar a perpetuação de preconceitos na sociedade.

Obra da artista Adriana Varejão
Imagem: Adriana Varejão – Celebração à diversidade.

O projeto Humanae, idealizado pela fotógrafa e artista brasileira Angélica Dass, é uma forma de expressar e ampliar a diversidade de tons de pele na espécie humana. Iniciado em 2012 na Espanha, onde reside a artista, já registrou mais de 3.000 voluntários em 15 países. Angélica observa que, embora o Brasil seja considerado a nação mais colorida, esse mesmo país enfrenta um problema sério de preconceito institucionalizado.

Para incentivar essa reflexão desde a infância, histórias como A Cor de Coraline, bem como obras de arte de figuras como Adriana e Angélica, podem servir como fonte de inspiração para o desenvolvimento de projetos com crianças.

Projeto Humanae
Foto: Projeto Humanae – Uma celebração da variedade humana.

Iniciativas adicionais também trabalham na conscientização sobre essa temática, como a da empresa brasileira de materiais de arte, a Koralle, que desenvolveu um kit de lápis contendo 24 tonalidades de pele. Em cooperação com professores da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, eles atualizaram um kit anterior de 12 cores, criado em 2016, garantindo assim que cada criança possa ver sua própria cor representada ao colorir.

A diversidade que existe entre nós é o que enriquece a vida e revela a beleza única de cada indivíduo. Diferenciar-se é uma parte natural da existência humana. Reconhecer e valorizar essas diferenças é essencial para uma convivência social harmoniosa. Viver em um ambiente que respeita a diversidade é um dever ético que todos devemos abraçar.

Depois de concluir um curso de pós-graduação em Deficiência Intelectual, ficou evidente que fazemos parte de uma sociedade que muitas vezes é discriminatória e excludente. Seremos mais eficazes no combate à normalização de comportamentos preconceituosos se estivermos atentos a nós mesmos. A família e instituições educacionais têm um papel crucial na formação de uma sociedade que valoriza a pluralidade.

Kit de giz de cera com 24 cores de pele
Foto: Kit de giz de cera da Koralle – 24 cores que representam a diversidade.

Retornando ao início da nossa discussão, Coraline imaginou diversas opções para atender ao pedido de seu amigo, surpreendendo ao apresentar ao garoto a sua interpretação da “cor do lápis cor de pele”. Vale a pena ler a história na íntegra.

Por que é importante refletir sobre a diversidade?

  • Reconhecer e valorizar a diversidade é o primeiro passo em direção a uma sociedade mais justa e inclusiva.
  • Crianças devem aprender desde cedo que o mundo é constituído de narrativas variadas, todas dignas de respeito e admiração.
  • Livros e histórias ajudam na expansão de nossos horizontes, promovendo um olhar mais gentil e acolhedor em relação ao próximo, cultivando a empatia.

Combater o racismo estrutural é uma tarefa fundamental. A representatividade na literatura infantil, como observamos em A Cor de Coraline, atua como um caminho poderoso para incutir respeito e empatia desde a infância. Ao expor as crianças a histórias que refletem múltiplas identidades e cores, incentivamos uma valorização das várias culturas e narrativas, abolindo a ideia de que a cor da pele deve ser um motivo para discriminação.

Elementos naturais
Foto: Elementos naturais que inspiram a arte.

Que possamos nos inspirar nas lições de Coraline e trabalhar juntos pela construção de uma sociedade que valorize a justiça, a igualdade e a inclusão, onde todas as cores sejam celebradas. Para quem busca mais materiais sobre a diversidade étnica e cultural, uma sugestão é o livro-imagem Gente de Cor, Cor de Gente, do ilustrador Maurício Negro, que narra sem palavras e pode estimular discussões ricas entre as crianças.

Se você deseja mais sugestões de livros que tratem da temática da Diversidade Etnocultural, confira AQUI.

Que venham abraços multicoloridos!”

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