Água do Rio Santo Antônio, afluente do Pantanal, está contaminada por agrotóxicos
No último Dia Mundial da Água, em 22 de março de 2024, o Instituto SOS Pantanal divulgou dados alarmantes sobre a contaminação do Rio Santo Antônio, um dos principais afluentes do Rio Miranda na região do Pantanal. Um estudo realizado pelos engenheiros ambiental Jahdy Moreno Oliveira e agrônomo Felipe Augusto Dias confirmou a presença de altos níveis de resíduos de agrotóxicos na água.
O relatório, encomendado pelo Instituto SOS Pantanal, revelou a presença de substâncias prejudiciais, como o fungicida Carbendazim, que é proibido no Brasil desde 2022 por ser considerado cancerígeno e causar esterilidade em seres humanos e animais. A presença dessas substâncias representa uma grave ameaça não apenas para a fauna local, mas também para a saúde das pessoas que dependem do Rio Santo Antônio para sobreviver.
A pesquisa também identificou a falta de manejo adequado do solo e a ausência de Áreas de Preservação Permanente (APPs) como fatores que contribuem para a contaminação da água. A utilização inadequada de pesticidas nas áreas de produção de grãos ao redor do Rio Santo Antônio e a conversão de pastagens em plantações de soja agravam o assoreamento e a contaminação da água.
O Rio Santo Antônio é um importante manancial de água para a cidade de Guia Lopes da Laguna. Por esse motivo, é imprescindível adotar medidas para preservá-lo, como a criação de fóruns permanentes de debate entre entidades ligadas à produção agropecuária, com o objetivo de discutir práticas conservacionistas do solo e da água, bem como o uso adequado de produtos químicos.
O monitoramento contínuo do uso de agrotóxicos na bacia do Rio Santo Antônio também é uma recomendação do relatório, assim como a ampliação do monitoramento dos agrotóxicos que afetam a fauna aquática do Pantanal. Peixes e ariranhas são particularmente vulneráveis aos efeitos dessas substâncias.
O estudo faz parte do Projeto Águas que Falam, que tem como objetivo engajar as comunidades locais na produção de dados sobre a qualidade da água. O projeto já percorreu mais de 3 mil quilômetros pelo Pantanal, visitando diferentes comunidades tradicionais e ribeirinhas. Além de ouvir as preocupações dessas comunidades, o projeto distribuiu kits de monitoramento da água para cinco delas.
A contaminação do Rio Santo Antônio por agrotóxicos representa uma séria ameaça para a biodiversidade do Pantanal e para a saúde das comunidades locais. É fundamental que medidas sejam tomadas para reverter essa situação, como a conscientização sobre a importância da preservação do solo e da água, além da implementação de práticas agrícolas mais sustentáveis.
A proteção do Pantanal é essencial para garantir a sobrevivência de diversas espécies animais e para a manutenção do equilíbrio ambiental. A contaminação dos rios por agrotóxicos é um problema que afeta não apenas o Pantanal, mas também outros ecossistemas e comunidades em todo o Brasil.
Por isso, é necessário que as autoridades e a sociedade como um todo se mobilizem para combater a utilização indiscriminada de agrotóxicos e promover uma agricultura mais sustentável. Somente com medidas efetivas será possível proteger os rios e garantir a saúde dos ecossistemas e das pessoas que dependem deles.