Ação policial em Arraial do Cabo desarticula esquema milionário de desvio de recursos públicos
Na manhã desta terça-feira (25), o Departamento Geral de Polícia do Interior (DGPI), com apoio da 132ª Delegacia de Polícia de Arraial do Cabo, realizou uma operação no Morro da Coca-Cola. A ação faz parte da Operação “A Toque de Caixa” e teve como alvo a casa de Jerry Anderson de Araújo Silva, conhecido como Jerry da Coca-Cola, apontado como o “laranja” responsável por desviar mais de R$ 6,5 milhões dos cofres do município através de obras fantasmas entre os anos de 2018 e 2020.
Segundo a polícia, Jerry da Coca-Cola é comparsa de Marcos Antonio Ferreira do Nazareth, também conhecido como Marquinhos de Nicomedes. Marquinhos foi preso na semana passada durante outra fase da operação, que contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público Estadual.
O esquema fraudulento
De acordo com as investigações da Polícia Civil, Jerry da Coca-Cola, que trabalhava como pedreiro na Prefeitura de Arraial do Cabo, se passou por empresário e recebeu mais de R$ 3,5 milhões do próprio município onde era servidor. Ele apresentou-se como dono da empresa de fachada Atlantic Construtora, que, na verdade, pertencia a Marquinhos de Nicomedes.
Durante o período em que era contratado pelo município, Jerry assinou contratos com a Prefeitura de Arraial do Cabo, sendo que dois deles foram feitos sem licitação. Ao mesmo tempo, ele continuava a trabalhar como funcionário público, recebendo um salário de apenas R$ 1 mil. O relatório da Polícia Civil afirma que Jerry da Coca-Cola atuou como “laranja” em troca de pagamentos mensais, mantendo uma relação contraditória entre ser um empresário e um auxiliar de serviços gerais contratado pelo município.
A Atlantic Construtora, empresa em nome de Jerry da Coca-Cola, firmou contratos com a Prefeitura entre 2018 e 2020, período em que o grupo político de Marquinhos de Nicomedes estava no poder, sob a gestão do então prefeito Renato Martins Vianna.
Outras empresas envolvidas
Além da Atlantic Construtora, outra empresa de fachada pertencente a Marquinhos de Nicomedes foi usada no esquema. A M.A.F. do Nazareth Incorporação e Construtora também recebeu verbas do município de Arraial do Cabo através de contratos fraudulentos.
Marquinhos de Nicomedes, que já foi traficante internacional de drogas e atualmente é pré-candidato a vereador, negociava a compra de entorpecentes na Bolívia e Paraguai em conexão com a quadrilha de Ném, da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Desvios dos cofres públicos
A Operação “A Toque de Caixa” investigou políticos e ex-servidores públicos acusados de lavagem de dinheiro e desvio de recursos dos cofres públicos de Arraial do Cabo por meio de obras fantasmas. Segundo as investigações, a empresa de fachada de Jerry da Coca-Cola recebeu mais de R$ 2,7 milhões nos últimos meses do governo de Renato Martins Vianna. A maior parte desses recursos veio do Fundo Municipal de Saúde, que era responsabilidade dos ex-secretários de Saúde Antonio Carlos de Oliveira, conhecido como Kafuru, e Paulo Roberto Trípoli Fontes.
Além de Jerry da Coca-Cola e Marquinhos de Nicomedes, outros 17 indivíduos estão sendo denunciados por envolvimento no esquema de desvio de recursos públicos em Arraial do Cabo.
Consequências legais
A operação policial resultou na prisão de Marquinhos de Nicomedes e na realização de buscas e apreensões na casa de Jerry da Coca-Cola. Os envolvidos responderão por crimes de lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, fraude em licitações e associação criminosa. Caso sejam condenados, poderão enfrentar penas que variam de multa à prisão.
A polícia continua as investigações para identificar outros possíveis envolvidos no esquema de desvio de recursos públicos em Arraial do Cabo.
Fonte da Notícia: Plantão Guia Região dos Lagos