Pesquisadores brasileiros descobriram uma forma de usar a borra de café para remover agrotóxicos da água, segundo estudo realizado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). A borra de café é um resíduo gerado na produção da bebida e, quando descartada em aterros, pode produzir gás metano, um potente causador do aquecimento global.
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo, o que resulta na produção de milhões de toneladas de borra de café por ano. Esses resíduos, quando em decomposição, liberam gás metano, que é 28 vezes mais potente do que o dióxido de carbono (CO2), contribuindo para o efeito estufa.
A descoberta dos pesquisadores brasileiros pode trazer uma solução para esse problema ambiental. O estudo utilizou cloreto de zinco para ativar o carbono presente na borra de café. Esse carbono mostrou eficiência de 70% na remoção de um tipo de herbicida conhecido como bentazona, amplamente usado na agricultura.
A bentazona é um agroquímico utilizado principalmente em culturas de milho e arroz, sendo aplicado no sul do Brasil. No entanto, estudos indicam que esse herbicida pode causar danos ao ambiente aquático e apresenta alto potencial de contaminação das águas subterrâneas. Além disso, a bentazona é persistente no meio ambiente, o que significa que é difícil degradá-la.
Os pesquisadores realizaram testes utilizando a bentazona dissolvida em água antes e depois do tratamento com o carvão ativado da borra de café. Os resultados demonstraram que o efluente gerado após o tratamento com a borra de café não apresentou toxicidade aos tecidos da raiz da cebola, utilizada como indicador no estudo.
Ainda não se sabe ao certo como ocorre o processo de absorção dos agrotóxicos pela borra de café, mas os resultados preliminares indicam que o carbono proveniente desse resíduo é eficaz no tratamento de água contaminada pela bentazona. Essa descoberta tem importância não apenas para o meio ambiente, mas também para a saúde humana, uma vez que a presença de agrotóxicos na água pode representar um risco à saúde, mesmo em baixas concentrações.
A utilização da borra de café como um agente de remoção de agrotóxicos apresenta um duplo benefício para a sociedade. Além de contribuir para a diminuição da contaminação das águas, também oferece uma destinação nobre para esse resíduo, evitando que ele seja descartado de forma inadequada.
Essa descoberta reforça a importância de buscar alternativas sustentáveis para lidar com os resíduos gerados pela indústria e agricultura. A borra de café é apenas um exemplo dos muitos resíduos que podem ser aproveitados de forma positiva, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a promoção da sustentabilidade.
Portanto, essa pesquisa realizada por cientistas brasileiros é um passo importante na busca por soluções mais ecológicas para os problemas ambientais causados pelo uso de agrotóxicos. A utilização da borra de café no tratamento de água contaminada por agrotóxicos mostra-se promissora e pode ser aplicada em larga escala, trazendo benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade como um todo.