Supersalários em tecnologia: contratos flexíveis empolgam, mas CLT não fica atrás
A pandemia de Covid-19 potencializou a busca por profissionais de tecnologia no Brasil e no mundo. A alta demanda combinada à escassez de mão de obra tem contribuído para a oferta de salários bastante atrativos. Em novembro, a recrutadora Robert Half lançou um guia salarial com perspectivas de remuneração para 2024 em várias áreas, incluindo tecnologia. Os salários dos cargos analisados chamaram atenção, com remuneração acima de R$ 20 mil em várias ocasiões, e de até R$ 51,6 mil para um diretor de tecnologia experiente.
No entanto, surge a dúvida se esses “supersalários” são aplicáveis apenas para quem trabalha como pessoa jurídica (PJ) ou se também são possíveis em contratos com carteira assinada (CLT). Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que, apesar de os contratos PJ serem conhecidos por pagar salários maiores ao fim do mês, o modelo nem sempre compensa e esses valores também podem ser atingidos com um emprego CLT.
O contrato CLT é aquele em que a empresa registra o funcionário em carteira e, assim, precisa seguir todas as normas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como pagar férias, 13º salário, FGTS, INSS, entre outros. Já o contrato PJ é um acordo entre pessoas jurídicas (empresas), então não garante ao trabalhador os direitos da CLT. O trabalhador recebe um salário um pouco maior porque não tem os descontos no holerite, mas precisa arcar com benefícios por conta própria.
Atualmente, tanto o modelo PJ quanto o modelo CLT oferecem salários atraentes na área de tecnologia. A diferença vai depender do tamanho da empresa, da complexidade da vaga e se a empresa é uma startup ou não. De acordo com especialistas, a tendência é que contratos PJ paguem mais, por não haver descontos, mas a CLT no Brasil também proporciona salários altos, principalmente para profissionais mais sênior, que trabalham com dados, inteligência artificial e programação.
No entanto, para atingir essa remuneração, nos dois modelos de contrato, é importante se capacitar. Não basta ter apenas conhecimento técnico. É necessário ter fluência no inglês e a capacidade de se relacionar com diferentes ambientes de trabalho. O desenvolvimento é contínuo na área de tecnologia, então é essencial estar sempre estudando e se atualizando.
Os profissionais que trabalham como PJ têm a vantagem de administrar vários projetos e obter melhores salários, porém a estabilidade da CLT também é um fator importante a ser considerado. Em casos de queda nos projetos ou contratos perdidos, o valor fixo todo mês da CLT pode ser um suporte financeiro.
Outro ponto de atenção é que a “pejotização”, ou seja, a contratação de trabalhadores como PJ, pode ser interessante para determinadas faixas salariais. É importante que o trabalhador receba um valor alto o suficiente para compensar os benefícios que ele está deixando de receber por não ser CLT. Além disso, para que o contrato PJ seja vantajoso, a empresa precisa realmente tratá-lo como PJ, sem exigir subordinação e respeitando a autonomia do trabalhador.
Atualmente, as empresas mais tradicionais no Brasil tendem a contratar no modelo CLT, principalmente devido à necessidade de incluir as pessoas dentro da folha de pagamento e seguir as leis trabalhistas. Já as empresas menores, normalmente startups, são as que mais contratam no modelo PJ, pois conseguem crescer mais rápido com os valores de mercado de um CLT pagando dois PJ.
É importante ressaltar que a escolha entre PJ e CLT vai depender de cada profissional, suas expectativas, necessidades e momento de carreira. O modelo mais tradicional do CLT pode proporcionar aprendizado, trocas entre colegas e uma estrutura de trabalho mais estável. Já o modelo PJ oferece flexibilidade e possibilidade de ganhos financeiros maiores, mas também pode ter maior instabilidade e menos benefícios garantidos.
No mercado de tecnologia, os salários atrativos estão disponíveis tanto para quem opta pelo modelo PJ quanto para quem escolhe trabalhar como CLT. A decisão final irá depender das preferências e objetivos individuais de cada profissional. O importante é se capacitar, estar atualizado e buscar sempre o melhor para a sua carreira.