A Prefeitura de Maricá registrou pela terceira vez a presença de uma onça-parda circulando no município, dessa vez em uma propriedade rural no bairro Ponta Negra. O flagrante do felino macho foi feito nos dias 6 e 7 de fevereiro através de armadilhas fotográficas do programa de Monitoramento da Fauna Silvestre de Maricá (Mofama), que já capturaram imagens de mais de 170 espécies de animais.
As armadilhas fotográficas são compostas por um conjunto de sete câmeras acionadas por sensor de presença. Quando um animal passa na frente da câmera, o sensor identifica e dispara a foto ou vídeo. Após o registro da onça-parda, a Secretaria de Cidade Sustentável recomendou ao proprietário da fazenda acender as luzes do curral e evitar se aproximar ou agredir o animal, dando espaço para que ele escape.
O secretário de Cidade Sustentável de Maricá, Helter Ferreira, destacou a importância do programa de monitoramento da fauna silvestre para a adoção de medidas protetivas e ressaltou que não há registro de ataques de onças-pardas a humanos no Brasil.
O primeiro registro da onça-parda em Maricá foi feito em setembro de 2021 no Refúgio de Vida Silvestre de Maricá (Revimar). O segundo registro ocorreu em outubro de 2023. Essa espécie de felino era considerada extinta há mais de um século na área litorânea.
O biólogo Izar Aximoff explicou que a preocupação da comunidade em relação à onça-parda é compreensível, mas não existe nenhum registro de ataques a pessoas. Ele ressaltou que o projeto Onças Urbanas está trabalhando para acalmar a população, proteger o animal e assegurar a segurança das pessoas.
Além do registro da onça-parda, a Prefeitura de Maricá também fez um registro raro de um gato-mourisco caminhando pelo Refúgio de Vida Silvestre. O mamífero carnívoro da família dos felídeos foi flagrado pela primeira vez no dia 29 de janeiro deste ano. O gato-mourisco é um animal ameaçado de extinção.
O Refúgio de Vida Silvestre de Maricá possui uma área de nove mil hectares, sendo maior que o município de Armação de Búzios, na Região dos Lagos, e duas vezes maior que o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. A área corresponde a 25% do total da cidade.
O programa de Monitoramento da Fauna Silvestre de Maricá (Mofama) é responsável por levantar dados utilizados em pesquisas sobre as áreas naturais protegidas da cidade. Além disso, busca avaliar a efetividade dessas áreas para a conservação da biodiversidade através da análise das tendências populacionais das espécies. Já foram identificadas mais de mil imagens de diversos animais silvestres, como quatis, tamanduás, saguis, jacus, morcegos, gatos-maracajás, esquilos, entre outros.
As armadilhas fotográficas são instaladas nos troncos das árvores e são vistoriadas mensalmente. Elas são estrategicamente posicionadas no Refúgio de Vida Silvestre para capturar imagens não apenas de onças-pardas, mas também de outros animais.
O programa de monitoramento recebeu o reforço de cinco câmeras cedidas pelo projeto Onças Urbanas, que é uma parceria entre o Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o BioParque do Rio de Janeiro. O objetivo do projeto é monitorar a fauna e promover a educação ambiental junto à comunidade local.
O registro das onças-pardas e do gato-mourisco em Maricá demonstra a importância da preservação das áreas naturais protegidas do município. O monitoramento contínuo da fauna silvestre permite o conhecimento e a adoção de medidas de proteção dessas espécies, garantindo a integridade do ecossistema e a convivência harmoniosa entre os animais e a comunidade.