### Acidificação dos Oceanos: Limite de Equilíbrio Planetário Ultrapassado
A acidificação dos oceanos, um problema resultante da excessiva absorção de dióxido de carbono (CO2) pela água, ultrapassou o limite aceitável para o equilíbrio do planeta em 2020. Essa informação foi divulgada nesta segunda-feira (9) por pesquisadores do Laboratório Marinho de Plymouth, no Reino Unido.
### Detalhes do Estudo
O estudo intitulado “Acidificação dos Oceanos: Mais um Limite Planetário Ultrapassado” revela que a confirmação tardia do fenômeno ocorreu devido a novas medições e modelos computacionais aplicados a dados coletados ao longo de 150 anos. “Esta é uma descoberta robusta que oferece uma nova perspectiva global, integrando dados que antes não estavam no contexto dos limites planetários”, explica Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.
### Entendendo os Limites Planetários
O conceito de limites planetários surgiu em 2009, formulado por cientistas do Centro de Resiliência de Estocolmo para monitorar nove fenômenos causados por atividades humanas, como mudanças climáticas, uso da terra e, agora, a acidificação dos oceanos. Com este novo estudo, sete desses limites estão confirmados como ultrapassados.
Turra alerta que “o fenômeno é silencioso e sutil, diferentemente do lixo marinho, que é notoriamente visível”. A absorção de CO2 resulta na redução do pH da água e na diminuição do carbonato de cálcio, vital para a formação de estruturas como recifes de coral e conchas de moluscos.
### Impactos Sobre a Vida Marinha
A acidificação modifica a fisiologia, crescimento e reprodução de diversas espécies, comprometendo a biodiversidade oceânica. A queda nos níveis de carbonato de cálcio prejudica habitats de espécies que dependem de estruturas calcificadas para sobreviver, como moluscos e recifes de coral.
O estudo propõe um limite de 10% na concentração de carbonato de cálcio em comparação aos níveis pré-industriais. A ultrapassagem dessa marca foi observada em 2020, afetando 60% do oceano com profundidade até 200 metros e 40% dos oceanos superficiais.
Os efeitos são preocupantes: “Houce queda de 43% no habitat dos recifes de coral tropicais e subtropicais e até 61% para pterópodes polares”, destaca o relatório. Segundo Letícia Cotrim, da UERJ, a acidificação pode causar modificações significativas na composição de habitats, afetando diretamente a vida marinha.
### Desafios e Perspectivas
O Brasil, como país com vasta área costeira, desempenha papel crucial na discussão global sobre mudanças climáticas. Com a próxima Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30) marcada para ocorrer no país, há uma expectativa de envolvimento proativo na mitigação dos impactos climáticos, por meio de ações exemplares. Turra sublinha que “a relação entre o oceano e o clima será um ponto central na COP30, reforçando a urgência de reduzir emissões e aumentar o sequestro de carbono”.
### Conclusão
A acidificação dos oceanos é um alerta urgente para a comunidade global, evidenciando a necessidade de uma resposta coordenada para mitigar um problema que afeta diretamente a saúde dos ecossistemas marinhos e, por conseqüência, o equilíbrio planetário. As ações daqui para frente determinarão o futuro do oceano e, em última análise, da vida na Terra.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/acidez-dos-oceanos-ultrapassa-limite-de-equilibrio-planetario/)