Novo método torna a reciclagem de lixo eletrônico mais ecológica

Os aparelhos eletrônicos se tornaram parte integral da sociedade moderna, incluindo itens como smartphones, computadores, televisores e eletrodomésticos. Contudo, o crescimento constante no consumo desses produtos gera um impacto ambiental significativo, que começa com a extração de recursos naturais e culmina no descarte inadequado. Um estudo recente revelou que o aumento do lixo eletrônico é cinco vezes superior ao ritmo da reciclagem desses equipamentos.

Dentro da composição dos dispositivos eletroeletrônicos, os metais desempenham um papel crucial, pois estão presentes em muitos componentes e peças. Pesquisadores nos Estados Unidos descobriram um processo inovador que torna a reciclagem de metais provenientes de resíduos eletrônicos mais sustentável e eficaz.

Um estudo realizado pelo Departamento de Química da Rice University, em Houston, Texas, revelou que uma técnica chamada cloração eletrotérmica, que utiliza aquecimento flash Joule (FJH) e carbocloração, pode transformar os metais encontrados no lixo eletrônico. Este método funciona através do aquecimento dos materiais utilizando uma corrente elétrica. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Nature Chemical Engineering.

A equipe de pesquisa utilizou uma corrente elétrica programável capaz de regular a temperatura até 2400ºC, permitindo a formação de cloretos metálicos livres de contaminantes. O estudo destaca: “Uma vez que a conversão para um cloreto metálico específico é realizada, esse composto se separa da mistura em questão de segundos, permitindo uma seletividade termodinâmica e cinética para os metais desejados, enquanto se minimiza a presença de impurezas”.

Graças a esse processo, os cientistas conseguiram isolar diferentes tipos de metais, alcançando uma taxa de recuperação de 85% e um nível de pureza superior a 95%, mesmo em dispositivos eletrônicos mais antigos.

Os métodos tradicionais de extração de metais de lixo eletrônico, como a hidrometalurgia e a pirometalurgia, apresentam desvantagens significativas, pois consomem grandes quantidades de água e energia. Além disso, esses métodos geram resíduos e necessitam do uso extensivo de ácidos, conforme informações divulgadas pela Rice University.

Os pesquisadores acreditam que sua nova abordagem pode resultar em um processo que exige menos energia, produz menos resíduos e emissões e permite a recuperação de uma maior quantidade de metais.

Ainda que os pesquisadores tenham conquistado a extração de determinados metais, eles ressaltaram que o método também pode ser adaptado para recuperar outros materiais essenciais dos resíduos, como o lítio, cuja demanda está em ascensão devido ao seu uso em baterias elétricas. “Estamos trabalhando para adequar essa técnica à recuperação de outros metais”, afirmou Bing Deng, professor assistente na Universidade Tsinghua, na China, e um dos coautores do estudo.

Por meio da reciclagem e recuperação de metais a partir de equipamentos eletrônicos obsoletos, este novo método pode ajudar a minimizar as emissões de gases de efeito estufa e os impactos ambientais resultantes da mineração. Com a crescente demanda por veículos elétricos e energias renováveis, torna-se cada vez mais crucial encontrar soluções que forneçam matérias-primas essenciais para baterias e produtos eletrônicos com um impacto ambiental reduzido.

Segundo Shichen Xu, pesquisador de pós-doutorado na Rice University e coautor do estudo, “Este avanço enfrenta a urgente questão da escassez de metais e os prejuízos ambientais que dela decorrem, enquanto ao mesmo tempo promove uma alternativa econômica atrativa para a indústria global de reciclagem visando um processo de recuperação mais eficaz.”