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A Música como Aliada na Saúde: Benefícios da Musicoterapia
A interconexão entre música e saúde não é recente. Na Grécia Antiga, o filósofo Pitágoras já ressaltava como a música poderia influenciar o estado psicológico dos indivíduos, podendo harmonizá-los ou desarmonizá-los. Acreditava-se que a música transcendia a arte, atuando como uma ciência capaz de promover saúde e bem-estar ao equilibrar corpo e alma. Atualmente, a ciência confirma que essa crença não era infundada.
Um estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) com pacientes em tratamento oncológico demonstrou que a aplicação da musicoterapia resultou em uma redução de mais de 78% nas náuseas e aproximadamente 48% nas dores reportadas pelos participantes. Ademais, no último ano, várias práticas integrativas, que incluem técnicas como meditação, reiki e musicoterapia, foram integradas ao Sistema Único de Saúde (SUS) como terapias complementares, beneficiando mais de sete milhões de brasileiros em 83% dos municípios do país.
O Poder Transformador da Música
Quando escutamos música, ocorre a liberação de hormônios como dopamina e endorfina, que promovem sensações de alegria e tranquilidade, além de ajudarem na mitigação da dor. Esses efeitos positivos não se restringem apenas aos pacientes hospitalizados, mas também alcançam os profissionais envolvidos na musicoterapia. Um exemplo disso é a pianista voluntária Josiani Aparecida Cruz, que atua nos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, ambos no Paraná. “Levar emoções aos outros é extremamente gratificante para nós. É uma troca incrível, e sinto que ganhamos muito mais do que doamos. É algo fantástico”, declara.
Josiani acredita que a música em ambientes hospitalares vai além de simples melodias: é uma ligação entre as pessoas, criando conforto em espaços frequentemente repletos de tensão e incertezas.
O alívio proporcionado por músicas harmoniosas pode ser um grande aliado em momentos de estresse, especialmente para profissionais que enfrentam diariamente a pressão de salvar vidas. O cardiologista Fernando Luchina Alves sempre teve a música como uma companheira fiel. Aprendeu a tocar piano ainda criança e, embora no início sua carreira musical não estivesse atrelada à sua profissão, com o tempo ele percebeu o impacto positivo que a música tinha em seu bem-estar. Por isso, passou a tocar piano também no Hospital São Marcelino Champagnat, onde atua.
“A música me traz mais calma, principalmente em situações de emergência, as quais enfrentamos com frequência no nosso trabalho. Existe, sim, uma conexão entre ouvir músicas agradáveis e a saúde; somos privilegiados por dispor da ciência da musicoterapia”, acrescenta.
No contexto de pacientes que sofrem de problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, a música pode atuar como uma forma de remédio para amenizar os sintomas. “A música tem o potencial de reduzir a ansiedade e de melhorar a qualidade do sono, ajudando a desenvolver um maior autocontrole em situações de medo e incerteza, como durante uma internação”, revela o cardiologista.
A Importância da Musicoterapia Estratégica
Mais do que promover alegria entre os pacientes, a presença da música no ambiente hospitalar vai além de um mero divertimento. Ela se configura como uma ferramenta terapêutica que impacta diretamente a saúde dos pacientes. A musicoterapeuta das instituições Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, Telma Rodrigues, esclarece que a música é incorporada ao tratamento conforme um planejamento individualizado de práticas integrativas para cada situação.
“Realizamos uma avaliação chamada anamnese socioemocional e espiritual, na qual desenvolvemos um plano terapêutico que inclui abordagens integrativas. Nesses processos, a música quase sempre é parte do tratamento”, detalha.
Parece um método simples, mas a musicoterapia deve ser implementada de forma estratégica para assegurar resultados positivos para os pacientes. “Em situações de angustia extrema, por exemplo, a escolha cuidadosa de melodias em tonalidades menores pode acalmar, transmitindo uma sensação de afeição e segurança”, descreve a musicoterapeuta. A letra e o ritmo das músicas também desempenham um papel fundamental na criação de um ambiente confortável, e a combinação de melodia, letra e o zelo na prática da musicoterapia auxilia os pacientes a enfrentarem a internação com mais serenidade e esperança.
A Música e seus Múltiplos Benefícios na Saúde
A música pode ser utilizada não apenas para às questões relacionadas à saúde mental, mas também ajuda em sintomas físicos e cuidados paliativos. Um dos aspectos mais relevantes da musicoterapia é que a memória musical é a última a se extinguir em casos de demência e outras condições neurodegenerativas. As lembranças ligadas à música são armazenadas em áreas profundas do cérebro, que estão associadas a emoções e identidade. Portanto, uma melodia simples tem o poder de ressuscitar memórias e conexões afetivas, mesmo em pacientes que se encontram em fases avançadas de comprometimento cognitivo.
“A musicoterapia é um recurso valioso, não apenas para a reabilitação, mas também para oferecer conforto e qualidade de vida àqueles que enfrentam doenças desafiadoras. Mais ainda, ela é uma parte essencial de um cuidado multidisciplinar que torna o tratamento mais humanizado e empático”, conclui Telma.
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