# Mulheres na Ciência: Desigualdade de Gênero nos Estudos dos Oceanos Persiste no Brasil
Em meio às comemorações do Dia Mundial dos Oceanos, celebrado em 8 de junho, um estudo recente revela uma realidade preocupante sobre a participação das mulheres na ciência brasileira, especialmente no campo das pesquisas oceanográficas. A análise, realizada pela rede Ressoa Oceano em parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), destaca a desigualdade de gênero na autoria de pesquisas sobre oceanos.
## A Participação Feminina na Ciência: Avanços e Desafios
Entre 2018 e 2024, foram examinados 1,3 milhão de artigos com autoria brasileira no banco de dados OpenAlex, sendo que 4,6% focavam nos oceanos. Dentro deste universo, foram identificadas as diferenças de participação entre homens e mulheres em 31 tópicos relacionados ao tema, com base no primeiro nome dos autores.
Embora as mulheres representem 46% da produção científica geral, sua presença nas pesquisas oceanográficas fica abaixo dos 40%, contrastando com os 57% de autoria masculina. Os dados mostram que, apesar de serem maioria nos cursos de graduação em oceanografia (56%), além de 60,9% dos mestres e 52,2% dos doutores, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para alcançar a paridade de gênero nesse campo.
## Colaboração e Desafios na Produção Científica
Outro aspecto revelador do estudo é o aumento no número médio de coautores por artigo, que subiu de quatro em 2018 para seis em 2024. Esse crescimento é interpretado como um reflexo da intensificação das colaborações entre pesquisadores, uma estratégia para mitigar os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 e pela redução de recursos financeiros para a ciência. Mesmo assim, os custos de publicação continuam a ser um obstáculo, variando de US$ 2.000 a US$ 3.400, podendo atingir até US$ 12.000.
## A Crucial Contribuição do Oceano e o Financiamento Necessário
A produção científica sobre oceano representa apenas uma pequena fração do total de recursos destinados à pesquisa científica, recebendo apenas 1,7% do financiamento, apesar de o oceano cobrir mais de 70% da superfície terrestre. Essa situação ressalta a necessidade de maiores investimentos por parte das agências de fomento e institutos de pesquisa.
Um levantamento contínuo será realizado ao longo da Década do Oceano, uma iniciativa da Unesco que visa melhorar a saúde oceânica até 2030. Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer até que as mulheres cientistas possam alcançar a equidade de gênero nesse campo essencial para a sustentabilidade do planeta.
## Discussões Globais e o Futuro
Neste contexto, o Congresso do Oceano das Nações Unidas teve início em Nice, França, impulsionando a discussão sobre políticas de igualdade de gênero e financiamento em pesquisas oceânicas. O evento é visto como uma oportunidade crucial para que membros da comunidade internacional, incluindo o Brasil, avancem em negociações que favoreçam uma maior inclusão feminina na ciência.
A expectativa é que, até 2030, políticas científicas possam garantir que as mulheres cientistas que se dedicam ao estudo e proteção dos oceanos finalmente alcancem a tão almejada equidade de gênero. Esse esforço conjunto é essencial para garantir que os oceanos, fundamentais para a vida na Terra, recebam a atenção e o cuidado necessários para a sua conservação.
**Fonte da Notícia:** [Agência Bori](https://abori.com.br/).