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Crise Climática: Potencial de Extinção em Massa em Perspectiva

Conforme os alertas do investigador Hugh Montgomery, que é chefe do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London, a humanidade pode enfrentar uma crise de extinção em massa se não houver uma inversão nos efeitos provocados pelas mudanças climáticas. Ele é um dos autores do documento de 2024 que vai abordar saúde e questões climáticas, publicado na renomada revista científica The Lancet.
O pesquisador fez a abertura do Forecasting Healthy Futures Global Summit, um seminário internacional que discute a conexão entre saúde e clima, iniciado dia 8 de novembro no Rio de Janeiro. O Brasil foi escolhido como sede da conferência, já que o país também vai ser palco da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) no próximo mês.
Montgomery declarou que processos de extinção já estão em andamento ─ “a maior e mais rápida que o planeta já testemunhou, sendo provocada por nós.” No entanto, ele advertiu que se a temperatura média do planeta continuar a aumentar em 3 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, a mortalidade de diversas espécies pode atingir patamares extremos. Em 2024, o aumento já chegaria à marca recorde de 1,5º C, e cientistas preveem que, mantendo as atuais diretrizes — especialmente em relação à emissão de gases de efeito estufa — esse incremento pode atingir 2,7 °C até o ano 2100.

Montgomery ressaltou que, se continuarmos a comprometer as bases em que nos sustentamos, a própria existência da espécie humana pode estar comprometida. Em 2023, a emissão de carbono equivalente foi de 54,6 bilhões de toneladas, marcando um aumento de quase 1% comparado ao ano anterior. A concentração de CO₂ na atmosfera, além de estar crescendo, está avançando em um ritmo cada vez mais acelerado, destacou o especialista.
De acordo com o especialista, outras consequências graves podem surgir muito antes de se atingir esses limites. “Se observamos um aumento, mesmo que temporário, entre 1,7 °C e 2,3 °C, podemos testemunhar um colapso brusco das camadas de gelo do Ártico. Isso provoca uma desaceleração significativa na Circulação Meridional do Atlântico, elemento fundamental para o nosso clima. Nos próximos 20 ou 30 anos, isso poderia resultar em uma elevação do nível do mar na ordem de vários metros, com consequências desastrosas.”
O cientista também mencionou a importância de reconhecer outras fontes do aquecimento global, como a emissão de metano, um gás cujo potencial de dano é 83 vezes maior que o do dióxido de carbono, liberado principalmente na exploração de gás natural. Montgomery enfatizou que ações urgentes para reduzir a poluição são fundamentais não apenas para o meio ambiente, mas também para a economia global, que pode sofrer um declínio de 20% ao ano ou uma perda de 38 trilhões de dólares a partir de 2049, como reflexo dos impactos das mudanças climáticas.

Montgomery alertou sobre a necessidade de considerar políticas de adaptação às mudanças climáticas, uma vez que já impactam a saúde da população. Contudo, ele observou que essas abordagens não devem prejudicar a implementação de uma redução drástica e imediata nas emissões de gases, uma vez que isso seria equivalente a tratar apenas os sintomas sem buscar a cura definitiva.
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