Metrô de Barcelona produz energia para veículos elétricos

metrô em Barcelona

Barcelona inova no uso sustentável da energia do metrô para veículos elétricos

metrô em Barcelona
Foto: Lucia Garo | Unsplash

O metrô é uma forma de transporte que promove a sustentabilidade, melhorando a mobilidade e reduzindo o trânsito em áreas urbanas. Barcelona, por sua vez, está elevando ainda mais os benefícios proporcionados por seus trilhos subterrâneos. A cidade já havia se destacado ao gerar eletricidade para recarregar scooters e patinetes utilizando a energia cinética gerada pelos trens. Recentemente, este reuso foi ampliado para incluir o carregamento de veículos elétricos na superfície.

Com o projeto MetroCHARGE, Barcelona demonstra um modelo de inovação e eficiência energética. Esta iniciativa não só diminui a pegada de carbono associada ao transporte público, como também mostra a viabilidade de otimizar a energia proveniente da rede de metrô para outros fins, como o carregamento de automóveis elétricos.

O funcionamento do sistema baseia-se na conversão da energia gerada durante a frenagem dos trens. Este processo é similar ao que ocorre com automóveis elétricos e híbridos, que transformam a energia cinética da resistência nas frenagens em eletricidade. Essa energia é redistribuída não apenas para sustentar a própria infraestrutura do metrô, mas também para alimentar os pontos de recarga de veículos elétricos na superfície.

metrô barcelona energia
Foto: AMB

Como o sistema opera?

Quando um trem faz sua parada, o atrito causado pela frenagem é convertido em eletricidade, utilizando um sistema de inversores. Essa eletricidade representa cerca de 33% do consumo energético dos trens e das estações. Com isso, estima-se uma redução significativa nas emissões de CO2, que correspondem a aproximadamente 3.885 toneladas anualmente, o que equivale à retirada de cerca de 2 mil veículos com motores a combustão das ruas, a cada ano.

Expansão do projeto e infraestrutura

A primeira fase do MetroCHARGE incluiu a instalação de estações de carregamento em diversos pontos da cidade, que estão equipadas com carregadores ultrarrápidos e semirrápidos, que variam de 7,2 kW a 150 kW de potência. O projeto também integrou cinco centrais solares fotovoltaicas em locais estratégicos, ampliando as fontes de energia renovável disponíveis.

Adicionalmente, Barcelona implantou sete dispositivos de recuperação de energia de frenagem nas linhas L1, L2 e L4, além de seis nas linhas L3 e L5. Esses sistemas são capazes de armazenar o excesso de energia gerada durante as frenagens, permitindo um uso posterior ou imediata redistribuição para a rede elétrica. O projeto prevê uma capacidade de carregamento ultrarrápido de até 100 kW em 15 locais e 150 kW em outros oito pontos na cidade.

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Foto: AMB

Impactos ambientais e benefícios econômicos

Os resultados do projeto MetroCHARGE trazem benefícios em duas frentes: ambiental e econômica. Em termos ambientais, a energia gerada pelo metrô e pelas centrais solares ajuda a diminuir as emissões de gases de efeito estufa e também tem contribuído para a redução da temperatura nos túneis do sistema, que caiu em cerca de 1°C desde a implementação dos sistemas de frenagem regenerativa. Isso tem proporcionado melhores condições tanto para o trabalho dos operadores quanto para os passageiros.

Do ponto de vista econômico, espera-se que o investimento iniciais de 7,8 milhões de euros seja recuperado em um prazo de até cinco anos, devido à economia nos custos de energia e as receitas geradas pelas estações de carregamento. Os usuários de veículos elétricos pagam cerca de 0,33 euros por cada quilowatt-hora, garantindo assim uma nova fonte de receita para a administração pública.

Um exemplo a ser seguido

Barcelona demonstrou que a transformação do transporte urbano pode ser realizada de maneira sustentável, não apenas pela diminuição no consumo energético, mas também pela reutilização da energia produzida para outros propósitos.

metrô em Barcelona
Foto: Emrecan Arik | Unsplash

Entretanto, o projeto enfrenta desafios, como o custo elevado de implementação, que é estimado em até US$ 6,6 milhões para cada trem equipado com sistema de frenagem regenerativa. Considerando que os trens têm uma vida útil que varia entre 35 e 45 anos, é essencial incluir esse investimento nos planejamentos de longo prazo.

A integração entre diferentes stakeholders, incluindo empresas de tecnologia e energia elétrica, é crucial para definir quem arcará com os custos e como o projeto será gerido. A experiência de Barcelona pode servir como um modelo a ser seguido por outras cidades que buscam soluções semelhantes, porém a colaboração entre setores públicos e privados é vital para a superação dos desafios técnicos e logísticos envolvidos.

Embora a tecnologia que transforma a frenagem em eletricidade não seja novidade, Barcelona se destaca por ter utilizado essa abordagem em larga escala e para fins variados. Este tipo de inovação visa não só a redução do consumo energético, mas também a criação de um modelo replicável para grandes cidades que aspiram a uma maior sustentabilidade.

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Outro projeto usa a energia gerada pelos vagões para recarregar scooters elétricas. Ideia surgiu dos próprios funcionários. | Foto: Transportes Metropolitanos de Barcelona

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Fonte: Guia Região dos Lagos

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