Créditos de Biodiversidade chegam ao mercado como ferramenta de conservação
Na natureza, a diversidade de espécies é fundamental para garantir a saúde e a resiliência dos ecossistemas. Quanto maior o número de espécies vivendo em equilíbrio, mais saudável será o ambiente. E um indicativo desse equilíbrio é a presença da onça-pintada, um animal predador de topo de cadeia que depende da existência de outras espécies para sobreviver. É por isso que a onça-pintada foi escolhida como condição para a implementação dos Créditos de Biodiversidade, um projeto inovador lançado no dia 18 de junho de 2024 no AYA Hub.
Essa iniciativa pioneira é resultado da parceria entre o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que atua há mais de 20 anos na preservação do Pantanal, a A ERA (Ecosystem Regeneration Associates), especializada em projetos de conservação ambiental e ações voltadas para pagamento de serviços ambientais (PSA), Regen Network, uma plataforma de marketplace para o mercado mundial de biodiversidade e conservação, e a Okala, uma empresa global especializada na conservação de projetos em áreas monitoradas na América do Sul, África e Europa.
Os Créditos de Biodiversidade funcionam de forma semelhante aos créditos de carbono, porém, em vez de compensar as emissões de gases de efeito estufa, eles garantem a implementação de medidas eficazes de conservação, proporcionando resultados mais positivos para o futuro do planeta. Esses créditos podem ser adquiridos por empresas, propriedades rurais e pessoas físicas por meio da plataforma da Regen.
A fundadora e CEO da ERA, Hannah Simmons, explica que os créditos de biodiversidade são um pagamento por serviços ecossistêmicos para a conservação, mas vão além do risco de desmatamento, como ocorre com os créditos de carbono. A ideia é reconhecer e valorizar a vegetação nativa como um bem intrínseco, incentivando o financiamento para a conservação e proteção dessas áreas.
O presidente e fundador do IHP, Angelo Rabelo, ressalta que esse projeto representa um grande avanço na conservação da natureza e pode ser replicado para outros biomas. O projeto piloto acontece no Pantanal, mas seu sucesso pode abrir portas para outras regiões do país.
O projeto de créditos de biodiversidade foca na presença da onça-pintada na Serra do Amolar, uma área de Patrimônio Natural da Humanidade localizada no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Essa espécie é chamada de “espécie guarda-chuva”, pois sua proteção garante a conservação de diversas outras espécies de animais e plantas.
Além de proteger a onça-pintada, o projeto também combate ameaças como caça ilegal, desmatamento, incêndios florestais e conflitos entre humanos e animais no bioma. A área inicial do projeto abrange um território equivalente a 50 mil campos de futebol e envolve quatro comunidades ribeirinhas.
A metodologia desenvolvida pela ERA permite mensurar o impacto do trabalho do IHP na Serra do Amolar ao longo de mais de 20 anos. São utilizadas tecnologias avançadas, como inteligência artificial, armadilhas fotográficas e colares de GPS telemetria, para monitorar a fauna e investigar os padrões de movimentação das onças-pintadas, além de medidas de prevenção de incêndios e monitoramento remoto de desmatamento.
A qualidade do habitat e a saúde da espécie são monitoradas e reportadas constantemente. Auditores externos são contratados para verificar as ações realizadas, garantindo a confiabilidade dos créditos emitidos. O projeto conta com o apoio de empresas como GM, ISA CTEEP, Documenta Pantanal e fotógrafos renomados como Sebastião Salgado, Araquém Alcântara e Luciano Candisani, que doaram fotografias exclusivas de onças-pintadas para serem revertidas em créditos de biodiversidade.
Os Créditos de Biodiversidade já estão disponíveis para compra na plataforma da Regen, e qualquer pessoa interessada em contribuir para a conservação do Pantanal pode participar. Essa iniciativa representa um avanço na preservação da natureza e uma forma concreta de apoiar um Patrimônio Natural da Humanidade e a espécie guarda-chuva, a onça-pintada.
Através desse projeto inovador, é possível unir esforços e recursos para a conservação da biodiversidade, valorizando a natureza como um todo e garantindo um futuro mais sustentável. Os Créditos de Biodiversidade são uma ferramenta importante no combate à perda de biodiversidade e na promoção da conservação dos ecossistemas. Ao adquirir esses créditos, empresas e pessoas físicas estão contribuindo diretamente para a proteção do meio ambiente e para garantir um planeta saudável para as futuras gerações.