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A Festa Literária Internacional de Maricá explora sabores e raízes africanas
Na quarta-feira, dia 6, a arena de debates da 9ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), situada na orla do Parque Nanci, recebeu o renomado escritor angolano Ondjaki, o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Ailton Krenak e o chef brasileiro João Diamante. O trio se reuniu para discutir as conexões entre os sabores e as raízes africanas. A mediação da conversa ficou a cargo do secretário de Governo e vice-prefeito eleito de Maricá, João Maurício de Freitas, com temas que abrangeram cultura, inclusão social, racismo e gastronomia.
Na abertura do evento, João Maurício ressaltou a importância da festa literária e cultural, que atrai diariamente famílias, educadores e estudantes locais, promovendo uma grande celebração da literatura e do conhecimento.
Ailton Krenak, mineiro e o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL, se dedica a lutar pelos direitos dos povos indígenas. Durante o evento, ele fez sua entrada acompanhado de indígenas das aldeias Céu Azul e Mata Verde Bonita, realizando um ritual de cantos com o mbaraka mirim (um tipo de chocalho). Em meio ao debate, Krenak, que atraiu muitos admiradores no auditório lotado, comentou que a literatura se manifesta em inúmeras formas de relato, além do conteúdo encontrado nos livros.
“Literatura é tudo que fazemos ao narrar ou contar uma história. Qualquer relato que possamos transmitir faz parte desse universo”, destacou Krenak. Ele também enfatizou a relevância da festa literária na cidade. “Aqui há um espaço de encontro, onde todos têm uma história para compartilhar, seja da própria trajetória ou das experiências coletivas. Isso representa cultura, e viva a Flim!”, concluiu o ativista, que fundou o Núcleo de Cultura Indígena em 1985 com a intenção de promover a cultura indígena.
Ondjaki, um escritor e cineasta angolano com obras traduzidas em vários países, fez uma reflexão sobre a guerra na Palestina, mencionando a realidade de famílias que se escondem de bombardeios. Ele ressaltou que, em momentos de adversidade, as palavras de um adulto podem servir como alívio para uma criança. “As histórias que uma mãe ou avó podem contar são um alimento metafórico. Aprendi uma palavra com minha mãe chamada ‘ternurenta', que vem de ternura. Que nunca nos privemos de oferecer ternura àqueles que merecem”, afirmou Ondjaki, que também rememorou sua infância em sua obra. “Sempre retorno a um lugar chamado infância, com grande respeito, para tecer outro conhecido como literatura”, finalizou.
O chef João Diamante, que criou o projeto social Diamantes Na Cozinha, utiliza a culinária como uma ferramenta de transformação social, oferecendo cursos de culinária, nutrição e hospitalidade a jovens em situação de vulnerabilidade nas comunidades do Rio de Janeiro. Em sua fala, ele comentou que a cozinha, por muito tempo, era considerada um espaço indesejado, marcado pela história de mulheres negras escravizadas. “Essa percepção mudou atualmente, e o ambiente culinário passou a ser valorizado, especialmente com a popularização da gastronomia na televisão e o aumento do número de estudantes em cursos relacionados”, citou.
Diamante ressaltou que a cozinha, que antes era um domínio histórico de opressão, agora se transforma em um espaço de empoderamento quando as famílias culturalmente ricas compartilham seu conhecimento. “A educação alimentar é o veículo para derrubar barreiras de preconceitos. A vida de uma pessoa só pode mudar se estiver conectada à cultura e à educação”, enfatizou o chef.
Em sua narrativa, ele compartilhou sua própria experiência de vida, vindo de uma família de mãe solo que lutou muito. “Fico muito contente por participar da Flim, um evento que celebra a literatura”, disse ele, concluindo ao falar sobre seu projeto social voltado para a juventude. “No Diamante na Cozinha, buscamos despertar o interesse pela gastronomia. Embora nem todos optem por seguir essa carreira, utilizamos esse ambiente como uma ferramenta de empoderamento, mostrando que é possível alcançar nossos sonhos. Essa é a força que a comida pode proporcionar na vida das pessoas”, finalizou.
A Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) é um evento em andamento na orla do Parque Nanci e se estenderá até o dia 10 de novembro. Para acompanhar a programação completa e obter informações sobre as atividades em tempo real, é possível acessar as redes sociais da Flim (@flimrj) e da Prefeitura de Maricá (@prefeiturademarica) ou visitar o site oficial: www.flimmarica.com.br.
Flimzinha: espaço dedicado às crianças
Na manhã de quarta-feira, a Flimzinha, a tenda infanto-juvenil da Flim, realizou uma sessão de contação de histórias liderada pela escritora e educadora infantil Michelle Bittencourt. Com o auxílio do músico Ricardo Pereira, Michelle apresentou fábulas e canções clássicas de forma interativa e lúdica, envolvendo dezenas de crianças e visitantes que se divertiram com as narrativas. A atividade incentivou uma ciranda, promovendo interação entre todos os presentes.
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