Maricá celebra Dia Municipal dos Povos Indígenas com várias atividades culturais
A Administração Municipal de Maricá, através da Secretaria de Direitos Humanos, organizou no dia 22 de abril uma variedade de atividades culturais em duas aldeias indígenas, atraindo centenas de visitantes. As celebrações foram realizadas em homenagem ao Dia Municipal dos Povos Indígenas, um marco de valorização das tradições e culturas dos povos originários da região.
Atividades nas Aldeias Indígenas
O evento ocorreu nas aldeias Mata Verde Bonita, situada em São José do Imbassaí, e Céu Azul, em Espraiado. A programação contou com diversas ações, incluindo aulas de guarani, apresentações de danças típicas, um coral, brincadeiras com arco e flecha, além de uma exposição de artesanato local, que permitiu a interação dos visitantes com a cultura indígena.
João Carlos de Lima, conhecido como Birigu e secretário de Direitos Humanos, enfatizou a importância de eventos dessa natureza, afirmando que eles não só reafirmam a presença indígena em Maricá, mas também expressam um compromisso contínuo com as comunidades indígenas. “Esse é um momento de intercâmbio cultural e aprendizado entre a população e as aldeias, que promove reflexão e respeito mútuo, estabelecendo um compromisso coletivo com os povos indígenas da nossa cidade”, destacou.
A Oficina de Língua Guarani
No Céu Azul, o líder indígena Vanderlei Weraxunu conduziu uma oficina de guarani, ressaltando a necessidade de valorizar a cultura dos povos originários. Em suas palavras, ele reforçou: “A data de hoje reflete nossa luta. É um dia muito especial, em que abrimos nossas portas para mostrar a relevância da nossa cultura”.
A turista canadense Evelen Areias, de 27 anos, esteve presente no evento e relatou sua alegria em conhecer a aldeia indígena Céu Azul. “Trabalho com comunidades indígenas no Canadá e está sendo maravilhoso estar aqui, aprendendo sobre a diversidade cultural e conhecendo outras pessoas. Esta é minha primeira visita e está sendo incrível”, falou ela.
Experiências na Aldeia Mata Verde Bonita
A aldeia Mata Verde Bonita também atraiu muitos visitantes, que puderam saborear comidas típicas, assistir apresentações de capoeira e danças, além de participar de uma palestra da pajé Lídia Nunes, que discutiu o equilíbrio espiritual. O ritual foi realizado na língua guarani, sendo traduzido posteriormente para o português, permitindo que todos os presentes compreendessem seus significados.
Tupã Nunes, um dos líderes da aldeia, comentou sobre a importância de se ter um dia dedicado à resistência dos povos originários. “Conseguimos aprovar uma lei que transforma o dia 22 de abril, data em que se comemora o ‘Descobrimento do Brasil’, no Dia Municipal dos Povos Indígenas em Maricá. Isso é muito gratificante, pois enriquece nossa luta e resistência”, declarou.
Visitas e Aprendizados
César Martins, de 42 anos, encontrou no evento uma oportunidade para levar sua família e fomentar o conhecimento sobre a história indígena. “É nossa segunda vez aqui. Acredito que é significativo conhecer os povos originários e entender a importância de seus direitos à terra. Este tipo de iniciativa reforça nosso respeito e dignidade por esses povos. É essencial trazer nossos filhos para que aprendam sobre respeito, diversidade e a ancestralidade indígena”, afirmou.
A professora Yanara Galvão, de 52 anos, ficou impressionada com sua experiência na aldeia, destacando a relevância do conhecimento sobre as questões indígenas. “Estou adorando a iniciativa. Os indígenas estavam presentes antes de outros povos chegarem aqui. Precisamos entender suas causas e apoiá-las”, contou.
Comemoração e Reconhecimento
O Dia Municipal dos Povos Indígenas, celebrado em 22 de abril, foi instituído pela Lei nº 3.196, datada de 12 de setembro de 2022. A escolha dessa data tem como objetivo contrabalançar a narrativa colonizadora que remete ao “Descobrimento do Brasil”. Essa expressão tende a apagar a rica história dos povos que já habitavam o Brasil na época da chegada dos portugueses, enfatizando a necessidade de um debate sobre a invasão do Brasil e o reconhecimento dos indígenas como parte essencial da nossa história. Celebrar essa data visa promover a reflexão sobre a diversidade e a riqueza cultural, incentivando a convivência respeitosa entre as comunidades indígenas e o restante da população de Maricá.