Maricá acolhe Pré-Flim com Daniel Munduruku
O projeto Prosas Pedagógicas é parte das atividades preparatórias para a décima edição da Festa Literária Internacional de Maricá, agendada para o mês de setembro. Diante disso, a Prefeitura de Maricá, por intermédio da Secretaria de Educação, deu início ao evento na quarta-feira, dia 16 de abril, promovendo o Prosas Pedagógicas, que se configura como um espaço de diálogo entre a rede municipal de ensino e renomados escritores. A primeira edição teve como convidado especial o autor e professor Daniel Munduruku, que trouxe à tona a cultura indígena e sua relevância na formação das crianças, além de discutir formas de combater o preconceito.
O evento foi realizado nas proximidades do Fórum em Araçatiba e contou com a presença de professores da rede municipal de ensino, estudantes do Passaporte Universitário que estão cursando Pedagogia na Universidade de Vassouras, e alunos do Coral Talentos da Gamboa, um projeto da Escola Municipal Antônio Rufino.
De acordo com o secretário de Educação, Rodrigo Moura, a proposta do Prosas Pedagógicas é ampliar as discussões e reflexões sobre temas relevantes, tanto dentro quanto fora do ambiente escolar. “Não se trata de palestras, mas sim de um diálogo, uma troca de ideias. Nosso desejo é prosear e eliminar todas as formas de preconceito. Essas conversas são fundamentais para a formação de nossos alunos e da sociedade como um todo”, afirmou o secretário.
Em um espaço repleto de participantes, Daniel Munduruku expôs sua perspectiva indígena sobre diferentes questões e enfatizou a necessidade urgente de desconstruir preconceitos que cercam a cultura originária. “É vital envolver os educadores e transmitir a visão dos povos indígenas, para que esse conteúdo possa ser integrado nas disciplinas e nas salas de aula. Dessa forma, podemos eliminar preconceitos, racismo e cultivar o respeito pela diversidade. O objetivo deste encontro é trazer essa visão indígena para que os educadores percebam que não estamos tratando de inferioridades, mas sim de um estilo de vida distinto”, ressaltou Munduruku, que é autor de várias obras premiadas, incluindo “Histórias de índio, coisas de índio”, “As serpentes que roubaram a noite” e “Meu avô Apolinário”.
A primeira sessão do Prosas Pedagógicas foi mediada por Martinha Mendonça, pertencente à etnia Guajajara e diretora da escola indígena da aldeia Mata Verde Bonita, localizada em São José do Imbassaí. Ela sublinhou a importância da presença de Daniel Munduruku, pois sua contribuição é essencial para demonstrar que a cultura indígena vai além de simples narrativas fictícias.
“A medicina, por exemplo, foi herdada dos povos originários, que utilizam as ervas presentes na floresta. No Brasil, coexistem cerca de 305 povos indígenas. Enquanto Daniel representa a etnia Munduruku, eu sou da etnia Guajajara, e em Maricá existem também duas aldeias Guarani Mbya. Portanto, precisamos destacar essa pluralidade das culturas indígenas e auxiliar na formação cultural dos professores, para que nossas crianças compreendam a riqueza da nossa diversidade e, simultaneamente, reforce o combate ao racismo”, comentou a educadora.
Entre os presentes na primeira edição da pré-Flim estavam o vereador Hadesh e Vitor Nunes, presidente da União Maricaense dos Estudantes (Umes).
No próximo sábado, dia 17 de abril, a escritora Djamila Ribeiro participará de um webinário, que será transmitido ao vivo pelo canal no YouTube da Secretaria de Educação, a partir das 15h. Djamila promoverá um debate enriquecedor sobre o tema “Narrativas de Resistência – O Papel da Educação na Construção de Identidades”. Ela é autora de obras de grande impacto como “Lugar de Fala”, “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?”, “Pequeno Manual Antirracista” e “Cartas para Minha Avó”, totalizando mais de um milhão de exemplares vendidos em conjunto.
O evento Prosas Pedagógicas, ao abordar questões pertinentes e atuais, é um passo significativo na luta contra os preconceitos enraizados em nossa sociedade, promovendo uma educação mais inclusiva e representativa.
Fonte: Plantão Guia Região dos Lagos