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Inteligência artificial faz homem morto ‘conversar’ com seu assassino em tribunal nos EUA

Com uso de IA, homem morto ‘fala’ com o próprio assassino durante julgamento nos EUA

Família de Vítima de Homicídio Usa Inteligência Artificial em Julgamento nos EUA

Na semana passada, durante um julgamento no Arizona, Estados Unidos, a tecnologia de inteligência artificial foi usada de maneira inovadora para recriar a presença da vítima Christopher Pelkey, assassinado em uma disputa de trânsito em 2021. Seus familiares desenvolveram um vídeo em que Pelkey, através de uma versão gerada por IA, expressa sua mensagem ao homem condenado por seu assassinato, Gabriel Paul Horcasitas.

IA Traz Vítima de Homicídio a Julgamento

O episódio ocorreu durante a audiência de sentença de Horcasitas, já condenado por homicídio culposo. Na simulação criada, a versão digital de Pelkey lamentou as condições em que ambos se encontraram no dia do crime e refletiu sobre a possibilidade de uma amizade em outra circunstância. Além de falar em perdão, Pelkey incentivou a valorização da vida e dos relacionamentos.

Detalhes do Crime e Decisões Judiciais

O homicídio foi registrado em 13 de novembro de 2021, quando Pelkey, então com 37 anos, desceu de sua caminhonete para conversar com Horcasitas, de 54 anos, sendo em seguida baleado. Horcasitas foi sentenciado a 10 anos e meio de prisão. A decisão é ainda passível de revisão, visto que o advogado de Horcasitas, Jason Lamm, já recorreu, questionando se o vídeo influenciou a decisão do juiz.

Uso de Inteligência Artificial em Contextos Jurídicos

A utilização de IA nesse contexto é inédita nos julgamentos dos EUA, onde a tecnologia tem tradicionalmente contribuído em tarefas administrativas e de pesquisa jurídica. O vídeo gerado, permitindo que a vítima aparentemente “fale” novamente, representa um avanço na forma como declarações de impacto podem ser apresentadas, sendo legal no Arizona.

Origem da Ideia e Criação do Vídeo

A ideia do vídeo partiu de Stacey Wales, irmã de Pelkey, que enfrentou dificuldades para draftar seu testemunho e optou por um meio em que o próprio irmão pudesse se expressar. Wales escreveu um script que destaca a natureza perdoadora do irmão. Junto ao marido, Tim, e um amigo com experiência na criação de avatares de IA, recriaram a voz e a imagem de Pelkey, utilizando uma foto única para manipular digitalmente sua aparência.

Perspectivas Futuras e Desafios Éticos

Esse caso trouxe à discussão os possíveis impactos do uso de IA em julgamentos. O professor de direito da Universidade Estadual do Arizona, Gary Marchant, apontou que esses avanços poderão inspirar o uso mais frequente de conteúdos gerados por IA em tribunais, incluindo deepfakes, os quais podem influenciar indevidamente juízes e jurados. Entretanto, no caso específico do Arizona, o vídeo foi aceito graças ao suporte de inúmeras cartas de pessoas próximas que corroboravam a mesma mensagem.

Marchant mencionou um caso em Nova York onde um defensor, sem um advogado, tentou usar um vídeo falso como prova, o qual foi rapidamente desmascarado pelos juízes. Enquanto o debate sobre IA nos tribunais continua, a experiência da família de Pelkey exemplifica uma aplicação emocionalmente poderosa, mas também levanta questionamentos sobre futuras implicações legais e éticas.

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Foto de Felipe Rabello

Felipe Rabello

Felipe é um dos editores do Guia Região dos Lagos.

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